79- Aquilo que chamam de "futuro"

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Não era novidade para ninguém na delegacia que Ross fazia parte do grupo de fumantes entre os policiais e investigadores. Claire fumava enquanto tinha o olhar fixo na janela do escritório de Ângelo, à medida que este folheava folhas de um relatório pela segunda vez. A imagem urbana da capital britânica tinha suas belezas únicas, e a agente queria guardar na memória as imagens desse lugar quando estivesse em casa.

- E então? - perguntou sem olhar nos olhos do homem próximo a si.

- Sinta-se livre para partir quando quiser. Sua parte do acordo foi cumprida, agora é conosco. Seu trabalho era investigar o caso Raquel Albuquerque e concluiu com êxito, além de seu eficaz auxílio. Nossos agradecimentos por isso.

- Ótimo. - Ross encarou as pedras esverdeadas que pareciam tentar caçar suas fraquezas, sondar seus segredos. - Foi um prazer, delegado Sparks. - falou de maneira profissional, com a face inexpressiva, estendendo sua mão em um ato formal de despedida.

O homem encarou a mão de pele alva estendida em sua direção por alguns segundos antes de segurá-la e beijá-la, para a surpresa de Ross. O contraste temperamental quando os lábios macios e quentes colidiram com a pele fria enviou espasmos elétricos pelo braço de Ross. Os únicos atos de cavalheirismo que havia experimentado vieram de Lysandre, e mesmo assim, a deixavam sem reação, já que não era acostumada a isso. E mesmo que fosse, não esperaria tal ato de um homem com a postura como a de Ângelo. Fora um beijo rápido, e os olhos frios de Ângelo a encararam de maneira imparcial, como se já estivesse acostumado a cumprimentá-la dessa maneira.

- Foi um prazer, agente Ross. - A voz profissional do homem ecoou entre ambos.

Claire estava surpresa, mas não demonstraria. Ele havia a provocado, dada a relação recheada de alfinetadas que ambos haviam construído. Claire havia tido maior influência nessa construção. Contudo, a última provocação fora de Ângelo. A mulher deu um sutil sorriso ladino antes de dar as costas para aquele homem pela última vez.

•••

- Então, Flávia está trabalhando como assistente de bibliotecária? - Lysandre perguntou enquanto mexia delicadamente a colher em sua xícara que abrigava chá preto.

- Sim, e está muito feliz com isso. Graças ao sigilo da polícia, ninguém sabe de seu passado. Logo, é um excelente recomeço para ela. Fomos visitar Diane ontem; ela está melhorando, finalmente. - Manuela deliciava-se com um pedaço de torta de cereja.

- É bom saber disso. Fora de deveras crueldade o que fizeram com ela.

- De fato... Mas tudo irá melhorar. Tivemos um grande avanço desde o incidente do galpão, e pelo que soube, todas estão avançando em suas vidas. Até mesmo Natália pretende estudar moda após se casar com o novo namorado...

- Como as coisas passam rápido... Esta semana completa um mês desde que o incidente no galpão ocorreu. - Bauffremont encarou o tráfego por medíocres segundos antes de ancorar seus olhos nas pedras ônix à sua frente.

- Sim... Ainda é difícil acreditar que tudo acabou. É inevitável me manter arisca.

- Acredito que o efeito seja unânime. É tudo muito recente.

- Realmente... *suspiro*... Lys... Eu ainda... Não sei o que pensar sobre tudo isso... É tão surreal... Não me via livre assim tão cedo... No mínimo, quando eu tivesse dinheiro ou não fosse mais "conveniente"...

Lysandre segurou o queixo de Manuela, a fazendo encará-lo. - Foi o que imaginou, mas não é sua realidade. Ela é ainda melhor. Vai ficar tudo bem agora, meu amor... Eu estarei com você... - Sorriu docilmente ao ver o brilho prateado exibido nos olhos alheios. - Manuela deu um sorriso amável. Saber que este sorriso seria mais presente em sua vida animou Lysandre.

Minha Querida Dama da Noite (Amor Doce - Lysandre)Onde histórias criam vida. Descubra agora