21- A arte da manipulação

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A noite chegava para Londres, e, de pouco a pouco, o transito que antes era um caos foi se esvaziando pouco a pouco. Era oficial. O dia havia terminado para os trabalhadores londrinos. Mas para Manuela e suas colegas... Era só o começo. A boate tinha voltado a ativa e como compensação por todo tempo que ficaram sem trabalhar, Sílvia descontou isso de seus "salários" e alertou as meninas: Não aceitaria menos que cinco clientes por noite. O desanimo e a raiva atingiram as mesmas de forma avassaladora. Principalmente Manuela, que nutria um ódio fatal por Sílvia desde o momento em que a conheceu. A forma como Silvia a encarou pela primeira vez... Como se fosse um mero brinquedo velho. E em seguida, deu um sorriso escroto a Manuela.. Dando a entender que esse "brinquedo" ainda poderia ser aproveitado.

"Hmmm... Devo admitir que dessa vez se superou Flávia... Trouxe um diamante bruto para minhas mãos... Ele só precisa ser lapidado!" - Silvia dizia enquanto segurava o delicado rosto de Manuela, sustentando seus olhos nos dela, ficando levemente as unhas em sua pele branca como porcelana. Aquelas palavras... Aquelas malditas palavras... Manuela jamais as esqueceu.

As meninas se arrumavam desanimadas mas sabiam que não tinham outra escolha. Sílvia mandava em tudo naquele lugar sem falar em outros pontos pela cidade, resistir seria inútil, até porque... Elas não tinham pra onde ir. Sílvia acabaria com a vida social de todas, revelariam para Londres o que elas faziam para se sustentar. Como a maioria já era de maior, não poderiam denunciar, com a exceção de Beatriz. Mas Sílvia tinha suas armas contra qualquer tentativa de Bia de recorrer a polícia. Como a pequena fugiu de casa após tanto tempo sofrendo abuso sexual do padrasto, achou a proposta de Silva sua única fuga para não acabar na rua. Sua mãe não havia acreditado nela. Mas ainda a amava. E Sílvia sabia disso. Uma mínima tentativa de pedir socorro e sua mãe iria direto para o cemitério. Bia não iria correr esse risco.

As meninas foram caminhando para a boate. Sílvia poderia levá-las de carro, mas não. A essa hora da noite, apenas homens se encontram nas ruas e mulheres apenas em dois tipos: Prostitutas ou drogadas. Não eram uma ameaça. As meninas andando pelas ruas eram uma forma de "apresentar o produto" e consequentemente atraí-los a boate de Sílvia. Manuela tinha consciência disso e essa atitude da Sílvia só fazia Manuela sentir mais nojo da mesma. Ela estava tão imersa em seus pensamentos que nem percebeu que Carter as seguia camuflado pelas sombras da noite. Tinha que descobrir algo sobre Manuela... Ou melhor, várias coisas! Mesmo sendo para a mimada da Raquel, Carter não aceitava realizar um trabalho que estivesse abaixo dos 100% proposto. A partir das roupas que Manuela usava, Carter já tinha uma suposição, mas tinha que ter a certeza do que pensava. Assim que as mesmas entraram em um bordel, ele teve certeza. Vários homens em pouco tempo começaram a entrar e ele se misturou com a multidão. Se dirigiu ao bar do local e pediu uma vodka.

- Belas meninas nós temos por aqui hein?- Ele falou ao barman.

- De fato... Arrisco dizer que são as melhores em Londres já que todos que vem aqui uma vez, voltam! - O barman responde despejando a bebida em um copo e entregando a Carter.

- Hmm... Que interessante. E a tão ouvida Manuela?

- Ah! É uma das melhores! Sinceramente acho que é ela que sustenta mais esse lugar já que os homens só pagam de 1.500 pra cima só pra ter uma hora com ela!

- Uau... Ela é realmente boa no que faz hein? - Carter falou levando o copo a seus lábios.

- Não se trata de ser boa... Ela só se deixa ser usada. Se trata da beleza. Ela é a mais linda e atraente aqui e os homens ficam loucos com isso. É como uma mercadoria, quanto mais nova e bonita for, mais caro é!

- Entendi... - Carter falou observando Natália fazendo pole dance sobre os olhares e gritos de muitos homens.

Virou seu copo e pagou a dose antes de ir embora. Voltou para a pensão e subiu na janela que dava ao quarto de Manuela sobre o auxílio de uma árvore. Se lembra de também ter visto a mesma penteando seus cabelos na janela ao lado da janela do quarto de Daiane, que fazia o mesmo. Com uma pequena chave de fenda, abriu a janela e adentrou ao quarto das mesma. Começou a vasculhar suas coisas até que encontra sua carteira de identidade. Plano de saúde.

Minha Querida Dama da Noite (Amor Doce - Lysandre)Onde histórias criam vida. Descubra agora