50- Uma peça retorna ao jogo

54 10 2
                                    

Manuela ainda estava assustada com o que havia ouvido. Gabriel... Carter... Por que ele havia feito aquilo?

- E... Por que você deu um nome falso a nós?

- Que tal tomarmos um drink para que eu lhe explique tudo? Estou muito afim de beber.

- ... Ok.

------------------------------

Manuela sentiu o ar quente do bar abrigar seu corpo. Não tinha costume e nem condições de frequentar bares como o Artesian, mas Carter fez questão de pagar para a moça.

Carter virou seis copos de vodka rapidamente, mas ainda estava lúcido. Manuela, um copo de Whisky vermelho importado. Mas não pretendia ficar bêbada, estava segurando a raiva e a curiosidade. Queria entender... Porque ele havia feito aquilo?

- Bom... Vamos lá. Vou ser direto. Fui pago para descobrir informações sobre você para a doente noiva do seu namorado. E de quebra, uma informação da sua amiga em nome de um bom adicional, claro. Naquela noite que comprei o refrigerante, coloquei sonífero na bebida e ingeri o mesmo líquido, mas de uma latinha. Sei que a partir daí você já entendeu... Mas agora estou aqui para lhe oferecer algo. Manuela soltou parte da infinita raiva que sentia pelo homem a sua frente em um suspiro. Precisava manter a frieza e a sagacidade.

- E o que tem a me oferecer?

- Uma chance de se vingar da Raquel Albuquerque... Por um preço lucrativo, claro.

Manuela que até então mantia-se calma, deu uma forte mordida no lábio inferior sentindo o carmesim metálico invadir sua língua, fundindo-se com o calor do álcool ainda presente, oferecendo um gosto amargo.

- Entendo... Você não perde uma oportunidade de ganhar dinheiro, mesmo que isso signifique prejudicar pessoas... E depois, ainda tenta se aproveitar delas, tudo em prol do dinheiro.

- Entenda que no mundo de hoje viver é sobreviver. Só estou garantindo meu amanhã. Seres humanos são desprezíveis por natureza, pois vivemos sorrindo para alguém ao mesmo tempo em que enfiamos uma faca nela, e elas fazem isso conosco também. E talvez... - Pela primeira vez desde o início da conversa Carter desviou o olhar - Eu esteja mal pelo que fiz a você, sua amiga e a várias outras pessoas em serviço da Raquel, talvez eu queira acabar com ela para conseguir voltar a dormir. E como preciso de dinheiro, seria unir o útil ao agradável.

Manuela sentiu o forte remorso por trás daquela máscara de indiferença.

- Entendo... E o que você pretende?

- Fazer com que ela enterre a própria cova. Além de provas convictas, é claro.

- E quanto quer para se redimir? - Manuela não resistiu a provocação da atitude estúpida de Carter de se sentir no direito de cobrar por uma obrigação. O mesmo não segurou uma risada maliciosa. Não conhecia Manuela como pessoa mas já admirava sua postura.

- R$4.500 euros.

Manuela se espantou com a quantia. Ela tinha como pagar, mas só aí iria mais da metade de suas economias de três anos. Sentiu ódio de Carter por ser tão oportunista. Querer cobrar um preço tão gritante por algo que não devia pedir nem R$100 euros. Se levantou bruscamente da mesa deixando R$80 euros pelo drink. Não queria aceitar nada dele.

- Não estou interessada. Posso achar alguém melhor.

Manuela se virou e quando já estava na saída do bar, sentiu um frio na espinha e soube que Carter estava atrás dela. A mão pálida de Carter segurou o pulso de Manuela.

- Mas será que vai encontrar alguém que Raquel deixaria entrar em seu quarto? Alguém que a conhece três anos? Alguém que já trabalhou pra ela?

Manuela relutou com tais argumentos. De fato... Ele estava certo. Lhe custaria muito, mas valeria a pena para vingar Flávia. E também... Libertar Lysandre das garras daquela vadia que nem conhecia, mas já nutria um ódio tremendo pela mesma.

Se virou para Carter decidida.

- Me passe a sua conta.

------------------------

"I torture you... Take my hand through the flames
I torture you
I'm a slave to your games
I'm just a sucker for pain
I wanna chain you up
I wanna tie you down
I'm just a sucker for pain"

A música que circulava os fones rodeava o cérebro de Raquel como a fumaça de um cigarro rodeia um recinto. Seus lábios se abriam levemente de prazer enquanto seu corpo deliciava-se com o calor da água espumada em sua banheira. Os músculos completamente relaxados... Sua guarda estava baixa. Aquele era de fato o momento em que seu prazer chegava ao ápice, perdendo apenas para o sexo. Contudo, sua calma foi interrompida por uma chamada. O olhar da mulher escureceu ao ver o nome no identificador.

- O que você quer?

- Me encontrar com você amanhã as 21:00 na Casa Vougue.

- Pra quê? - A mais nova desconfiou.

- Você verá.

A chamada foi encerrada. Raquel encarava o celular desconfiada. O que ele queria?

Minha Querida Dama da Noite (Amor Doce - Lysandre)Onde histórias criam vida. Descubra agora