38- Por acaso

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Manuela se revirava de um lado para o outro em sua cama. O frio de uma manhã nublada do sábado insistia em manifestar-se através de sua janela. De fato era uma cidade estupidamente fria. Era um desanimo ter que levantar com essa sensação gélida cravada na pele pálida mesmo que já fosse londrina de nascença.

Remexendo-se em sua cama, puxou mais as cobertas para cobrir totalmente seu rosto uma vez que um travesso espaço de uma cortina para outra dava um pequeno espaço para que um feixe de luz daquele dia escuro adentre o quarto entrando em contato direto com o rosto de Manuela. Engraçado... Há 3 anos dormia naquela cama e pela primeira vez gostava de estar ali. Estava estranhamente macia e confortável, ou talvez fosse apenas uma desculpa esfarrapada de seu consciente para que não precisasse sair da cama. Mas infelizmente o barulho irritante de seu despertador a fez desistir. Não havia jeito. Teria que levantar de um jeito ou de outro, ainda mais naquele dia que havia aceitado fazer dia extra no café. Por dinheiro, claro, mas naquele momento levantar da cama parecia ser uma tarefa impossível.

O barulho de uma porta abrindo de forma brusca a fez tirar o cobertor do rosto. Assim que o fez, a imagem de uma Flávia com os olhos inchados, cabelos desgrenhados e rosto úmido devido as lagrimas invadiu seu campo de visão. Elas se encaravam. O silêncio prevaleceu entre ambas. É como se o olhar de uma tentasse falar com a outra, mas não obtinha resposta.

- Até quando você vai ficar chorando pelos cantos da casa ao invés de falar comigo? Eu não sei o que você está passando, mas já faz tempo que está assim, e pode ter certeza que ficar desse jeito não vai adiantar de nada! Fale comigo! Me deixe tentar te ajudar!

- CHEGA! - O grito de Flávia ecoou por todo o cômodo do quarto assustando Manuela e silenciando a mesma.

- Você não entende? Não pode me ajudar! Ninguém pode! - Dito isso, Flávia cobre o rosto com as mãos desabando em lágrimas.

Manuela se levanta e abraça a amiga.

- Se você não me contar, eu não irei mesmo. As vezes... Só desabafar já é tirar um grande peso das costas. Ajuda a pensar melhor. Por favor... Flávia, eu tô com você a três anos! Três anos! Passamos por tantas coisas juntas, nada podia nos derrubar! Seja o que for, você vai deixar que nos separe assim? Porque é isso que está acontecendo!

- Eu... Eu...*suspiro*...Ok! Mas... Agora não! Deixa eu me preparar... Para poder conversar com você sobre isso, certo?

- Sim! Sim! Sim! Deus, finalmente você vai falar! Não sabe como foi torturante passar esse mês com você assim! Não pense em desistir, ok?

- Ok...*Respira fundo* Você... Tem trabalho agora né?

- Ahn? Ah! Sim! Eu tenho que ir logo, não posso me atrasar...

- Certo, vá tomar banho, vou fazer um café para nós duas.

- Ok, obrigada!

Após acariciar carinhosamente a bochecha de sua melhor amiga, Manuela foi para o banheiro mais aliviada por saber que finalmente iria saber o que tanto atormentava sua melhor amiga. Tirou o pijama, abriu o chuveiro e assim que sentiu a água quente cobrir seu corpo um gemido de prazer foi inevitável. Seus músculos tensos devido ao evento com a amiga a pouco tempo relaxaram automaticamente. Com um coque frouxo colocou o rosto debaixo da água quente. Os olhos fechados, deliciando-se com tal sensação. O sabonete de amêndoas deslizando em sua pele pálida e sendo retirados em seguida pela água que fazia a espuma passear pelo seu corpo até chegar ao chão. Definitivamente, nada mundo era mais relaxante para Manuela do que tomar banho. Saiu do mesmo suspirando de alívio. Vestiu seu uniforme e penteou seus belos cabelos escuros. Pegou sua bolsa juntamente a seu grosso casaco e desceu indo em direção a cozinha. Quando chegou lá, encontrou a amiga servindo o café na mesa. Sorriu ao constatar que a amiga havia preparado seu favorito: Café expresso com um pedaço de marshmallow em cima com um pouco de canela.

Minha Querida Dama da Noite (Amor Doce - Lysandre)Onde histórias criam vida. Descubra agora