𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 15

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Me arrependo de ter vindo para casa assim que vejo garrafas de cerveja quebradas no chão, os móveis espalhados pela casa e o cheiro insuportável das bebidas.

Meu pai está jogado no sofá, gemendo de dor. Assim que me vê, solta um riso seco.

— A moreninha te deu um pé na bunda? — ele pergunta irônico, com a voz falhando e tudo embolado.

— Parece que quem te deu um pé na bunda foram as drogas, não é mesmo? — revido no mesmo tom que ele, comentando sobre o seu estado crítico.

— Ou! Tem uma grana aí? Eu preciso comprar mais. — ele altera o tom de voz, tentando soar mais amigável.

— Eu realmente não sei como caralhos você ainda não teve uma overdose! — digo indignado — Você se tornou um drogado de merda! — aumento o tom de voz, perdendo o resto da minha paciência.

— Eu não sou um drogado! — ele grita e se levanta do sofá, gemendo de dor.

— Ah não é?! O que é essa merda toda então?! — pergunto irônico, sentindo um nó crescendo na minha garganta.

Sem tempo para reagir, apenas uma sensação de tontura tomou conta de mim, seguida pelo gosto de sangue na boca. Mais uma vez, meu próprio pai, o maldito, me atingiu.

— Não vou brigar com você! — digo, limpando o sangue do nariz — Estou cansado disso! — falo com raiva, indo pro meu quarto e deixando ele sozinho, gritando na sala.

Bato a porta do quarto com força, contendo a vontade de quebrá-la. Sento na cama e cubro meu rosto com as mãos, tentando controlar a respiração.

Estava à beira de um colapso, sem saber como me acalmar. E lembrar que a Luna está com aquele turista de merda só aumenta minha raiva.

Sentir essa raiva só me deixa ainda mais furioso, porque não conseguia entender de onde vinha tanto desconforto ao imaginar Luna com outro cara. Eu não entendia o que diabos estava acontecendo.

(...)

Já era noite e ouvi risadas vindas da casa ao lado, ou seja, da casa da Luna. Fui até a janela, tentando ignorar os gritos do meu pai, que ainda continuavam, e vi Luna e o turista em frente à casa dela.

Assim que ela voltou seu olhar para a minha direção, saí rapidamente da janela, evitando ser visto por ela. Provavelmente, ela ouviu os gritos do meu pai, que continuava me xingando desde a tarde.

E como eu havia previsto, lá estava ela, na sala, discutindo com o meu pai. Saí do quarto às pressas, não querendo deixar ela sozinha com ele.

— Luna, eu já te disse para não vir aqui! — digo, ficando ao lado dela.

— Esse filho da mãe vai se ver comigo! — ela diz com raiva, encarando meu pai e ignorando o que eu disse.

— Até parece — ele ri com sarcasmo — Eu te quebro todinha, garota! — ele fala se aproximando dela, mas sou mais rápido e fico na frente dela.

— Não, você não vai! — falo firme, encarando ele nos olhos.

— Olha só para você, desgraçado! A única coisa que você quebra é a sua própria vida, e não é de agora! Quer bancar o valentão? Pois saiba que só consegue ser um covarde que bate em quem não pode se defender! — ela diz com a voz firme e demonstrando a sua raiva, saindo de trás de mim.

— Quem você pensa que é para falar assim comigo, sua pirralha insolente?! — o meu pai grita apontando o dedo na cara dela, me obrigando a abaixar sua mão com força.

— Pirralha? Pelo menos não sou uma aberração que só sabe afundar na própria miséria! E pode ter certeza, se encostar mais um dedo no JJ, eu mesma faço questão de chamar a polícia e fazer você pagar por cada soco que deu nele! — com firmeza, ela segura minha mão e me puxa para fora de casa.

Fiquei surpreso com a coragem e a determinação da Luna.

Ela sempre foi forte, mas ver ela confrontando meu pai daquela maneira, me defendendo com tanta ferocidade, me deixou orgulhoso e grato por tê-la ao meu lado.

Ela não hesitou em enfrentar meu pai, mesmo sabendo dos riscos, e isso só reforçou o quanto ela se importa comigo.

Sentimentos de gratidão e admiração tomaram conta de mim enquanto seguia ao lado dela, me sentindo protegido e valorizado de uma maneira que nunca havia experimentado antes.

— Porra, JJ, por que você foi pra lá? — ela pergunta assim que entramos no quarto dela.

— Eu não via ele há semanas, precisava ver como ele estava — respondo, o que não era mentira.

— Assim que ouvi os gritos dele, meu coração acelerou. — ela diz, molhando o algodão e limpando ao redor dos machucados.

— Ah, sabe como é, drama de família é um clássico! Pelo menos temos um belo entretenimento aqui na ilha, não é mesmo? — respondo, tentando aliviar a tensão.

— JJ, eu sei que você gosta de fazer piadas para lidar com as coisas, mas isso não é engraçado. — ela diz calma, olhando em meus olhos — Seu pai não deveria tratar você assim, e eu me preocupo com você, sabia?

— Relaxa, eu tô bem, prometo. Agradeço por estar sempre aí por mim. — respondo, e ela me olha com compaixão, me puxando para um abraço apertado.

Nós ficamos abraçados por um tempo, e eu podia sentir o coração dela batendo forte. Era reconfortante estar nos braços dela, como se nada mais importasse no mundo.

— Você sabe que pode contar comigo, não é? — Ela disse suavemente, olhando nos meus olhos com sinceridade.

Sorri, me sentindo grato por ter alguém como ela ao meu lado.

— Eu sei, Lua, e obrigado por sempre estar aqui. Você é demais, sabia? — digo, sorrindo de canto.

Ela corou levemente, desviando o olhar por um momento antes de sorrir de volta.

— Você também não é tão ruim assim, John. — Ela brincou, e o som da sua risada encheu o quarto, dissipando qualquer resquício de tensão que ainda pudesse pairar no ar.

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Procurei em todo lugar para saber se o nome do JJ é John mesmo, e aí eu encontrei um vídeo do Cauan Gonzaga falando que esse era o nome dele.
Então é isso aí galera, se não é vai passar a ser 🤭

Enfim, deixem a estrelinha se estiverem gostando 🫶🫶

𝑰 𝑷𝒓𝒐𝒎𝒊𝒔𝒆 - 𝐉𝐉 𝐌𝐚𝐲𝐛𝐚𝐧𝐤Onde histórias criam vida. Descubra agora