O Ferro-Velho.

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Do outro lado do hall de quartos, Nyla e Catarina estavam juntas no quarto da dobradora de terra, que tinha os braços e pernas envolvendo a namorada de jeito manhoso. A dobradora de ar a envolvia em um abraço cuidadoso, já que Catarina ainda se queixava de algumas dores corporais. Natsumi observou que Catarina enquanto doente se tornava uma namorada bem carente, o que era muito fofo e não trazia nenhum problema para a dobradora de ar, pois amava mimar a menina com muito carinho.

As duas meninas conversavam tranquilamente sobre trivialidades, coisas que as interessavam, sobre assuntos leves, que as distanciasse um pouco do momento conturbado que viviam. A cicatriz no rosto de Catarina estava melhorando aos poucos, muito lentamente, mas estava bem melhor que o fatídico dia. Nyla, apesar da preocupação com a menina e com sua melhor amiga, tinha pelo menos uma boa recordação daquele dia.

— Você percebeu? Syuzanna não está mais me evitando. — Comentou, casualmente.

— Eu disse que você estava pensando demais nisso. — Respondeu Catarina, preguiçosamente. — Syuzanna precisava apenas de um tempinho. Ela é tão cabeça dura quanto eu.

— Acho que é minha sina me apegar a pessoas assim. — Fez uma careta, vendo Catarina levantar seu rosto com o cenho franzido. — Não disse que era algo ruim. — Segurou um riso.

— Tem sorte de eu estar com preguiça de revidar isso com cócegas. — Murmurou. — Syuzanna não me parece ser mais maleável que eu. Você está completamente perdida. — Brincou.

— Você é a base do elemento dela. Realmente estou perdida.

— Ei, pare de me alfinetar desse jeito! — Reclamou, fazendo um bico. — Eu sou tão sensível quanto você.

— Voltando ao assunto da Syuzanna... — Desconversou, humorada. — ela me disse uma coisa bonitinha no dia que você passou mal.

A dobradora de terra olhou para a outra, esperando que continuasse a falar, interessada no assunto. Natsumi pigarreou e fez uma cara mais séria, na intenção de imitar a mulher.

— Ela colocou um cobertor sobre mim e disse: "você não deve me preocupar dessa maneira novamente, eu ainda quero ver seu sorriso por aí, então se cuide". — Imitou, não conseguindo conter o sorriso. — Aí ela me deu um beijinho na testa e sorriu pra continuar dizendo: "Boa noite, minha princesinha, prometo não me afastar mais. Estamos bem?". Ela é muito fofa, né? — Estava radiante.

Catarina soltou uma risada anasalada, ajeitando a franja de sua namorada, que já começava a tapar seus olhos por conta do tamanho.

— Eu sabia que vocês iam se resolver, meu amor. — A menina disse, sorrindo tranquilamente para a menina. — Se sente melhor com isso? Porque o meu coração quase derreteu ouvindo essas coisas, estou tendo uma overdose de açúcar! — Colocou a mão sobre o peito, fingindo dor.

A dobradora de ar empurrou a menina de leve, para que ela parasse de brincar com aquilo, mas sorria ao fazer.

— Estou muito feliz. Syuzanna é igualzinha a você, marrenta, cara fechada, séria, mas no final de tudo... – Fez uma pausa. — É uma bobinha. Eu gosto do jeito que ela nos trata, porque ela, Hani e Alika são nossas responsáveis, mas Syuzanna parece uma mãe. — Comentou, mostrando um sorriso bobo. — É divertido, porque ela é a mãe preocupada e Hani é a que não sabe o que fazer. Alika está mais pra tiazona.

— Realmente, ela é uma mãezona. — A González riu baixinho. — Se eu tivesse boas lembranças em relação à mães, com certeza estaria morrendo de amores como você. — Fez uma pausa. — Mas como eu não tenho, eu só consigo achar fofo. — Sorriu amarelo.

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