Linhagem Macabra.

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CHLOÉ vendo Catarina a olhar assustada, correu na direção de ambas, tendo Nyla no seu encalço. A Flowers tinha uma expressão forte de dor em seu rosto, como se tivesse sofrendo uma tortura física. Era muito preocupante e as meninas não sabiam o que fazer, pois não estavam entendendo ao certo o que estava acontecendo.

Quando o corpo da dobradora de fogo caiu sobre o de Catarina, o único reflexo que a morena teve no momento foi de segurá-la. Mas assim que suas mãos tocaram o corpo da Flowers, sentiu uma forte ardência nas mesmas, fazendo com que segurasse um grito de dor na garganta. Com cuidado, abaixou o corpo da menina e o deixou no chão, logo retirando suas mãos da mesma. Olhou para suas palmas e as viu avermelhadas, com alguns machucados evidentes. Foi como colocar a mão contra o fogo.

Mas não estava arrependida. Poderia fazer qualquer coisa pela ruiva, e se isso significasse queimar a si mesmo, então, queimaria.

As feições da Flowers esboçavam uma dor tão pura que quase era possível sentir por ela. Seu rosto estava corado e seus lábios estavam entreabertos, sendo possível sentir sua respiração fraca escapar-lhe pela boca. Catarina cogitou tocá-la novamente, mas suas mãos estavam rígidas e muito doloridas, como se sua pele tivesse sido tostada instantaneamente. Fechou os punhos contendo aquela dor quase gélida de tão quente e trincou o maxilar, então, tocando a pele do rosto de Madison e contendo mais um grito.

Removeu os fios ruivos do rosto da menina e deixou um breve carinho nas bochechas rosadas da dobradora de fogo, quase como se a dor não fosse nada comparada com a preocupação que sentia por ela.

— O que aconteceu?! — Chloé foi a primeira a perguntar, assustada e preocupada com o estado crítico da menina.

— E-eu não sei! — Catarina respondeu. Sentia muitas dores em suas mãos, mas seu corpo vibrava em pânico. — Ela está muito quente, é impossível manter contato. — Disse, balançando suas mãos enquanto as observava, trêmulas e cada vez mais machucadas, mas Chloé tinha reparado que a González havia tocado novamente na menina. — Queimei minhas mãos...

Nyla olhou para a dobradora de água, quase em súplica. Por segundos havia esquecido qual era o verdadeiro objetivo de cada uma ali, já que isso havia acontecido. Não tinha outra ideia do porquê de Madison estar ao chão, superaquecendo cada vez mais. Tinham encontrado uma pista: aquele vilarejo. Precisavam organizar suas ideias novamente, pois estavam no caminho certo.

Mas por que Madison? Por que sempre ela?! Pensou, sentindo uma pontada de raiva em seu peito.

Balançou a cabeça negativamente e olhou brevemente para sua amiga ao chão, sentindo-se completamente inútil em não poder ajudar em nada. Olhou para Catarina e olhou para suas mãos, onde havia várias bolhas e, cada vez mais, se tornavam vermelhas. Trincou os dentes e tentou pensar corretamente.

— Depois Chloé te ajuda a aliviar a dor de suas mãos, Rina. Primeiro, precisamos levar Madison para algum lugar, não podemos ficar por aqui! E se alguém nos ver? — A dobradora de ar disparou, mantendo sua voz amedrontada. — Ela não pode estar... — Engoliu em seco, sentindo o coração acelerar um pouco mais.

— Não, não está. Consigo sentir suas vibrações pela terra. — Catarina cortou rapidamente, querendo evitar aquele assunto. — Precisamos sair daqui, é muito arriscado e aberto.

Como vamos levá-la sem utilizar as dobras? — Nyla contestou, levemente irritada pela tensão do momento.

Catarina olhou para as próprias mãos e franziu os lábios.

— Eu levo. Aquela casa está abandonada, vamos para lá. — Catarina apontou para uma casa brevemente distante de onde estavam. — Não consigo sentir nenhuma vibração ali dentro, é nossa única opção. — Fez uma leve expressão de dor ao esticar sua palma. — Se algo estiver trancado, darei meu jeito. Só não podemos perder a oportunidade.

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