Chloé e Madison não trocaram muitas palavras durante o resto da noite, vez ou outra conversavam com as outras duas meninas ou com as mais velhas ali. Chloé estava preferencialmente observando Alika, pois a mulher já estava um pouco alegre devido ao álcool e a sua fantasia não ajudava em nada, tornando toda a situação uma enorme comédia. A dobradora de água estava concentrando-se em aproveitar a companhia de Madison, pois não sabia que rumo tomaria a situação de ambas após a conversa que teriam.
Nyla, por sua vez, acabou por observar que Syuzanna estava evitando aproximações, não só com ela, mas com todas as outras três, mesmo sabendo que a mágoa estava totalmente voltada para si. A dobradora mais velha estava de bom humor, estava brincando, fazendo piadas e tudo o que sempre fez, mas somente com as outras mulheres de sua idade. A dobradora mais nova desejava conversar com a mulher a respeito do incidente, assim como teve oportunidade de conversar com Madison, mas Syuzanna realmente sabia vedar todas as aberturas possíveis para uma conversação. Provavelmente isso era conquistado com o tempo.
Não havia uma brecha sequer naquela enorme parede de metal que as dividiam a partir dali.
Catarina tentava distrair sua namorada, pois vez ou outra percebia o olhar culpado da garota voltado para a mulher e sabia que, ainda que houvesse se passado quase duas semanas desde que o Breu havia tomado conta de sua mente, aquilo a incomodava como se fosse o primeiro dia. O que apenas aumentava as suas próprias preocupações a respeito do que viria quando fosse sua vez, sua ansiedade andava dando o ar da graça sempre que estava sozinha, pois a todo e qualquer momento sua mente tratava de trazer o Breu à tona. Então, ao mesmo tempo que entretia Nyla e a fazia companhia, tentava se ajudar também ao ocupar sua mente.
Syuzanna começava a perceber sua noiva sonolenta, Alika um pouco mais galante que de costume para o lado de Beatrice, e que Magi parecia estar se concentrando para não dar vexame. Deduziu que já era hora de dispensar as meninas, para que a festa das mais velhas continuasse como nos velhos tempos, ou seja, em seus próprios dormitórios, longe de qualquer criança. Levantou antes de deixar um selar sobre a testa de Hani e assim se pôs de frente para as quatro jovens.
— Meninas, acho que já passa do horário de recolher, hm? — Disse batendo uma breve palma, para despertar tanto a si quanto às outras. — Levarei vocês ao andar dos dormitórios, vamos.
As quatro meninas, sem contestar, levantaram-se e seguiram a mulher. Dessa vez, Chloé tomou a iniciativa de entrelaçar seus dedos aos de Madison, mostrando um sorriso tímido ao olhar para a menina. Seu peito doía toda vez que a loira parecia surpresa com uma aproximação sua, coisa que antes era algo comum. Naquele momento não foi diferente, Madison olhou para o contato de suas mãos e logo após olhou para Chloé, como quem perguntava se era isso mesmo que estava ocorrendo.
Por outro lado, Nyla e Catarina andavam de mãos dadas e braços dados, soltando risinhos abobalhados o tempo inteiro. Era até um pouco engraçado, visto que o casal que a dobradora de terra e a dobradora de ar formavam era o menos propício a ser um casal meloso e carinhoso, já que a dupla que mais tinha aquele tipo de contato era formado pela dobradora de fogo e pela dobradora de água. Mas, como Madison e Chloé não eram um casal, as coisas não eram tão estranhas quanto pareciam.
Esperando o elevador chegar até o andar de seus quartos, Madison sentia as mãos gélidas de Chloé entrarem em atrito com as suas mãos quentes. Sorriu de canto, com os olhos atentos naquela sensação estranha e engraçada de formigamento, que tanto tinham desde que se conheceram. O atrito entre água e fogo sempre foi muito complicado, uma vez que se o fogo estivesse muito alto e uma pequena quantidade de água o atingisse, aquilo só faria as chamas subirem cada vez mais; mas se a quantidade de água for bem maior que o fogo, as chamas se apagariam completamente.
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Sinfonia Elemental
FantasíaFANTASIA | ROMANCE SÁFICO | DRAMA | SUSPENSE | TERROR Em um mundo onde os humanos acreditavam que superpoderes eram uma exclusividade dos filmes fantasiosos, os quais não passavam de meras histórias distópicas para que pudessem arrancá-los da realid...