DEPOIS de alguns breves minutos com os olhos fechados, Madison ouviu um barulho semelhante a batidas contra sua porta. Seus olhos foram abertos abruptamente pelo susto e o primeiro lugar que olhou foi na direção de onde vinha o som, que era nítido e calmo. Recobrando a atenção, pôde ver uma mulher de estatura média-baixa, com cabelos pretos longos e levemente encaracolados em suas pontas, com uma formalidade exuberante. Achou aquilo estranho, pois a mesma não parecia nem um pouco com uma médica ou com alguma enfermeira.
Suas roupas eram elegantes como uma mulher de negócios, seus olhos escuros eram determinados, mas carregavam uma doçura nítida. Seus lábios eram perfeitamente delineados, carnudos e naturalmente avermelhados. A aparência da mulher era um tanto quanto intimidadora, como se ela tivesse um histórico obscuro, mas que permanecia escondido por trás de toda a sensação de acolhimento que sua presença transparecia.
— Madison Flowers, não é? — A mulher sorriu ao adentrar o quarto. Seu sorriso transmitia serenidade e calma, fazendo com que a loira suavizasse sua expressão logo de imediato. A mulher caminhou fazendo com que o barulho dos sapatos de salto ecoasse pelo quarto. — Sou Bae Haneul, mas pode me chamar de Hani. Está se sentindo melhor, minha pequena?
Minha pequena. Um sensor de perigo acendeu dentro da garota, que logo espantou a - possível - falsa sensação de conforto que a mulher trazia consigo. Não sabia quem era aquela mulher, mas ela claramente não trabalhava ali, nem mesmo estava responsável por si. Estava vestindo roupas sociais finas, e uma médica ou enfermeira não usaria aquilo numa visita ao paciente.
— Um pouco. — Respondeu breve e acanhada. — Eu te conheço?
Haneul riu, como se soubesse que ouviria esse tipo de pergunta. Para o alívio de Madison, ela se manteve em uma distância segura e confortável.
— Ainda não fomos devidamente apresentadas, mas eu conheço um pouco sobre você. — Ela sorriu e parou, próximo a menina.
— Você é médica?
— Não, eu sou apenas uma... amiga. — Explicou, arrumando sua roupa para que não amassasse devido a sua postura, que era impecável. — Sei que seu aniversário foi há alguns dias atrás, então, não podia deixar que passasse em branco.
A mulher tirou uma pequena caixinha de seu bolso e a colocou sobre a menina, com aquele mesmo sorriso curvado nos lábios. A caixinha era branca, com um laço vermelho fechando-a e a deixando mais importante do que parecia. A menina, ainda um pouco insegura e temerosa com tamanha intimidade vinda da outra, por educação, não recusou o presente. A Flowers olhava para a mulher com o canto dos olhos, como se sentisse que a conhecesse de algum lugar, mas não fazia ideia de onde.
Segurou o presente com sua mão desocupada e, sem demora, o abriu.
Viu um pequeno anel de prata, com uma insígnia estranha cravada no centro do mesmo, sentindo sua cabeça pulsar por um segundo. O símbolo era um triângulo simples, porém muito bonito e brilhante, como se fosse um aperfeiçoamento da geometria. Madison retirou o pequeno anel da caixinha e olhou para a mulher ao seu lado, que a olhava com uma certa expectativa.
— Obrigada. — A loira agradeceu, sem expressão. — O que tudo isso significa?
Mesmo que estivesse sendo educada com a mulher, ainda estava extremamente confusa com seu comportamento. Era como se a mulher esperasse - e precisasse de - uma aprovação vinda de si, após receber o presente. Não era desagradável, mas era curioso. Misterioso era a palavra que mais se enquadrava ali. Madison continuou a olhar para a mulher, que logo tomou a iniciativa para continuar aquele diálogo naturalmente cordial.
— Não precisa agradecer. Vai entender o que significa mais rápido do que imagina. — Contou, e uma enfermeira adentrou no quarto acompanhada dos dois grandes homens nos quais Madison havia ficado apreensiva anteriormente.

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Sinfonia Elemental
FantasyFANTASIA | ROMANCE SÁFICO | DRAMA | SUSPENSE | TERROR Em um mundo onde os humanos acreditavam que superpoderes eram uma exclusividade dos filmes fantasiosos, os quais não passavam de meras histórias distópicas para que pudessem arrancá-los da realid...