E ENTÃO, o dia amanheceu preguiçosamente.
As quatro meninas já estavam no exterior do laboratório, trajando seus novos uniformes e com expressões confiantes em seus rostos. Por mais que soubessem que a missão estava prestes a começar, tentavam conter a ansiedade o máximo que conseguiam. O dia mal havia começado, pois eram cinco horas da manhã, mas fazia parte do plano inicial da missão.
Madison, que estava na posição de líder da missão, tinha suas mãos posicionadas em suas costas, com ombros direitos e uma expressão séria, bem atípica de si mesma. Já não era mais a mesma garotinha radiante do começo daquilo tudo, agora... tinha o peso do mundo em suas costas. Algo que jamais tivera antes. Mesmo que precisasse levar a sério sua posição e soubesse que não era mais tempo para brincadeiras, que agora tinha a responsabilidade de guiar e instruir as outras dobradoras, assim como Hani fez no começo de tudo, lá no fundo, ainda era uma garotinha assustada.
Estava ali para ser a porta-voz. Estava disposta a se esforçar o máximo que conseguia para que tudo corresse como o acordo com as mais velhas. Não queria decepcionar Hani, muito menos as outras duas dobradoras mais velhas, e isso era seu maior veneno por agora.
Naquele momento, estavam apenas aguardando a Bae chegar até o local em que estavam. Havia uma mini van estacionada por ali, assim como no dia em que saíram do laboratório para ir ao centro da cidade. Aquilo trouxe um sentimento de nostalgia a todas que estavam ali, o que fez algumas piadinhas serem feitas entre elas, ao recordar do dia divertido em que passaram juntas. Mesmo que a energia densa da preocupação se fizesse presente ali, vez ou outra era dispersada pelas boas memórias que aquele lugar trazia.
Esperando pela presença da mais velha, depois de um breve período de tempo, a Bae foi vista saindo por entre as portas de vidro da empresa. Ela vestia seu jaleco e sua expressão era um pouco abatida, talvez devido ao fato de que Syuzanna e Alika já tinham partido pela madrugada. Quanto antes voltassem, melhor para todas dali. Aos poucos, o sentimento de solidão preenchia a pesquisadora chefe, e uma lacuna vazia começava a aglomerar poeira em seu peito. Nunca imaginou-se sem elas, não depois de tanto tempo juntas.
A pesquisadora chefe caminhou vagamente hesitante, até chegar ao grupo de dobradoras. Todas estavam com expressões um pouco incômodas - diga-se de passagem, inseguras -, mas o sorriso fechado nos lábios da mais velha dizia por si só: é tempo de se acalmar, processar as informações com cuidado e não correr riscos tão graves. Era um sorriso acolhedor e apaziguador, como o de uma mãe que se despedia do filho, em seu primeiro dia de aula.
Assim que a mulher parou à frente das mais novas, soltou um longo suspiro e tentou sorrir mais abertamente para cada uma, porém, apenas os Cosmos sabiam o quanto ela estava triste com aquela partida temporária. Pigarreou brevemente e olhou para a van, que estava logo atrás das meninas. Voltou seu olhar para as mesmas e piscou algumas vezes, desconcertada.
Mesmo que soubesse que era temporário, ainda doía.
— Chegou o grande dia. — Ela disse, sentindo suas mãos suarem frio. — Todas prontas?
As meninas responderam positivamente em coro, levantando as malas que carregavam e deixando alguns sorrisos esperançosos nos lábios. A Bae sentiu um peso cobrir seu peito, fazendo com que seus olhos vagassem sem rumo por entre as quatro mais novas. Soltou uma risada anasalada ao que percebeu sua desconcentração e logo voltou a dizer:
— Podem se encaminhar para a van, queridas. — Falou, indicando para o carro. — Ele não fará companhia para vocês durante a missão, então, ele apenas levará vocês para a cidade onde nossas estatísticas apontam estar o Breu. Será uma viagem de algumas horinhas, não muitas, mas terão tempo para pensar no que fazerem até chegarem por lá.
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Sinfonia Elemental
FantasyFANTASIA | ROMANCE SÁFICO | DRAMA | SUSPENSE | TERROR Em um mundo onde os humanos acreditavam que superpoderes eram uma exclusividade dos filmes fantasiosos, os quais não passavam de meras histórias distópicas para que pudessem arrancá-los da realid...