Ajuda Noturna.

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DEPOIS de algumas horas, Natsumi, ainda muito fraca, abriu os olhos vagarosamente. Lembrava que, dentro do elevador, chorava como uma criança desesperada e como Madison havia dito, sem ninguém, nem mesmo para abraçá-la. E, ainda em prantos, sentiu um mal-estar muito forte quando Alika apareceu diante das portas do elevador, começando a sentir sua respiração pesar mais e mais. Quando tentou fazer qualquer coisa para manter-se sozinha, apagou.

E foi tão desesperador quanto da primeira vez.

Haneul dormia desajeitadamente em uma poltrona ao lado de sua cama. Tinha as pernas esticadas, os braços cruzados e a cabeça pendida para frente. Nyla se perguntava por quanto tempo a mulher esteve ali, uma vez que ela parecia estar adormecida há algumas boas horas. Se remexeu na cama e isso alarmou a mulher, que automaticamente levantou a cabeça com olhos assustados.

— Está tudo bem, eu só quero sentar. — A mais nova tranquilizou a mulher, que tinha a mão sobre o coração. — Desculpe se assustei.

A mais velha demorou um breve tempo para se situar e se lembrar de onde estava. Quando seus olhos repousaram sobre a figura da menina de cabelos médios e expressão apreensiva, piscou algumas vezes e pigarreou, sorrindo um pouco torto e de um jeito tímido. Não sabia que sua mente estava tão cansada ao ponto de ter dormido ali mesmo, sem conseguir esperar a outra despertar.

— Faz muito tempo que estou aqui? — Continuou a outra.

— Você desmaiou por volta das sete da noite. Agora são... — Olhou o relógio de pulso. — Uma e quarenta e nove. Então sim, faz um bom tempinho. — Riu sem jeito. — Como está se sentindo?

— Um pouco lenta e fraca, mas estou bem.

— Isso aconteceu porque você foi muito além do que poderia aguentar. — Explicou, devagar.

— Imagino que sim. Pra quem não conseguiu fazer nem o básico no primeiro dia de treinamento, devo ter me excedido mesmo.

Mas Haneul apenas se aproximou da menina, com os lábios franzidos onde antes era um sorriso. Sabia como a menina estava se sentindo, pois por muitas vezes, sentiu-se daquela forma quando falhava miseravelmente em seus treinos de defesa pessoal e quando Syuzanna e Alika brigavam entre si. A diferença é que quando tudo aquilo começou, Haneul tinha apenas vinte anos, e aquela menina ao leito, tinha dezoito.

— Isso é totalmente normal. — Segurou a mão da menina com cautela, pois não queria assustá-la. — Você quer conversar sobre o que houve?

— Não, obrigada. — Foi breve, sem demora para responder àquilo.

A mais velha umedeceu os lábios e logo remexeu-se.

— Ok, tudo bem. — Assentiu. — Mas precisamos conversar sobre o que aconteceu no refeitório. — Pigarreou. — Fizeram um belo de um estrago, e por isso decidi que era o momento de disciplinar vocês pelo ocorrido. Infelizmente, vou ter que fazer algo que você tanto me pediu para não fazer.

A dobradora de ar olhou para o contato entre a mulher consigo, vendo o anel de prata quase brilhar em seu dedo. De repente, se viu naquele mesmo hospital antes de chegar àquele lugar, e quase soltou uma risada desgostosa pelo amargor que sentiu em sua boca. Não tinha forças para ir contra a mulher mais velha, mas não podia deixar de se irritar pela consequência que já sabia perfeitamente o que era.

— Eu não vou ter que dividir quarto com a Flowers não, né?

— Mantenha a calma, qualquer esforço pode fazer você retardar a recuperação. — Hani avisou. — Mas sim. Madison é fogo, você é ar. Se não aprenderem a lidar uma com a outra, você só vai ajudar a fazer com que ela fique ainda mais irritada. E seus poderes são... compatíveis demais. Podem fazer um belo estrago.

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