Laura
Dormi a noite todinha, com tantos remédios na veia que nem sei meu nome direito. Única coisa desse lugar é enfermeira vindo aqui de tempo em tempo, eu nem lembrava o que elas falavam e muito menos o que queriam.
Alma dormiu aqui comigo. Willian obrigou ela ficar aqui, disse que não precisava, mas quis ficar.
Acordei faz pouco tempo, Alma ainda não acordou. Pego meu celular, são seis e pouco da manhã, me ajeito na maca deixando ela um pouco mais levantada.
Uma enfermeira entra no quarto acendendo tudo, pisco os olhos tentando me acostumar com as luzes. Alma se mexe no sofá enorme que tinha ali se levantando.
Enfermeira: Bom dia. _Diz sorridente e sorrio fraco de volta._ Alguma dor, algo que queira? _Ela olha os soros._
Laura: Só com muita fome. _Dou uma risadinha._
Enfermeira: Vou mandar trazer um café da manhã de vocês. _Assenti._ A médica vai vim daqui a pouco conversar com você, dizer todos os cuidados. Tudo bem?
Laura: Tudo bem, obrigada. _Sorrio e ela sai._
Alma: Bom que aqui nem despertador precisamos. _Ela ri._ Como tá? _Respiro fundo._
Laura: Pra ser sincera com medo até me mexer. _Passo minha mãos na barriga._
Alma: Calma, não é assim também. _Ela se levanta do sofá._ Não pode fazer mesmo esforço, pegar peso. Tu está deitada, relaxa.
...
Tomei um banho só pra tirar essa sensação de cansaço, prendi meu cabelo deixando mais fresquinho também.
Uma enfermeira veio só pra me levar e fazer um ultrassom, disse que era só pra ter certeza que o bebê está bem. Foi coisa rápida, nem coração eu escutei, o que dei graças a Deus, quero ouvir com o Willian comigo.
Truta: E aí morena, como tá? _Diz entrando no quarto e sorrio._
Laura: Tô bem, querendo sair daqui já. _Ele se aproxima de mim e beija minha testa._
Truta: Alguma dor? _Nego._ E aí, ta bem? _Diz indo falar com a Alma._ Precisa que eu te leve?
Alma: Não fica tranquilo, vim de carro. _Pega a sua bolsa._ Se esse ser sem coração acabar com a sua paciência, me liga. _Diz vindo me abraçar._ Beijos bebês.
Laura: Obrigada. _Ela sorri e saí do quarto._
Tudo o que passava pela minha cabeça era como iria ser a partir de agora, ter o filho muda totalmente nossa vida. Mas saber que estamos separados me mata por dentro , mas também sei que não tem o que eu fazer, apenas deixar acontecer.
Laura: Está com essa cara por quê? _Ele puxa a poltrona e senta bem do lado da maca._
Truta: Eu matei o Rodrigo. _Diz isso sem olhar pra mim._ Eu tentei não fazer isso, ser uma pessoa melhor pro nosso filho e pra tu, isso está me matando, não consegui isso. Eu fiquei com um medo de perde vocês.
Até que enfim ele me encara, passo minha mão em seu rosto e ele segura minha mão por baixo da sua.
Laura: Você é uma pessoa incrível, não tem que provar isso pra mim muito menos pro nosso filho. O seu passado já foi, o que aconteceu tu vingou por ele. _Tiro nossas mãos do seu rosto e coloco na minha barriga._ Temos que pensar apenas no nosso presente e futuro, tudo bem?
Ter o sentimento que realmente alguém dentro de mim, isso tudo é uma loucura, como isso pode ser possível? Os planos de Deus são uma loucura e uma benção, uma coisa maravilhosa sem explicação.
Truta: O que tu acha que é? _Ele acaricia minha barriga e da um sorrisinho de lado._
Laura: Não sei. Falam que mães tem o instinto e as vezes sente, mais nesse dois dias que descobri, meu instinto não tá funcionando. _Rimos fraco._ O que você que é?
Truta: Meu instinto de pai diz que é um meninão. _Ele encara minha barriga._ E aí cara,bota suave aí? _Dou uma risadinha._
Laura: Se for uma menina ela vai pegar raiva de você. _Ele me encara rápido._
Truta: Mais é meu moleque. _Volta encarar minha barriga._ Começa a sentir ele chutar quando?
Laura: Pelo que eu li no quarto ou quinto mês. _Ele faz uma cara de frustração._
Truta: Na moral, muito tempo. _Ele se aproxima da barriga._ Aí moleque, tu trate de se mexer antes, jae? Tua mãe é foda e eu também, então seja foda também.
Laura: Quando nascer você vai ter que parar com esses palavrões.
Truta: Moleque nem nasceu e já tá mandando em mim. _Rimos._
Médica: Bom dia, papais. _Diz toda sorridente entrando no quarto._
Por automático seguro a mão do Willian, ele aperta me deixando segura e me transmitindo uma paz absurda.
Médica: Você está bem? Sentindo alguma dor? _Nego._ Que bom, isso é ótimo.
Ela começa examinar minha barriga, confere algum com mais dois médicos que estava com ela.
Médica: Seu ultrassom está ótimo, seu bebê está bem. _Ele volta a cobrir minha barriga._ O sangramento foi bem perigoso, mas agora tudo que precisa ser feito só depende de você. Ficar todo tempo de repouso, evitar peso, esforço até sua médica liberar por completo.
Truta: Em casa tem escadas, tem problema? _Diz preocupado._
Médica: Não. Evite subir e descer mais de três vezes no dia, quando for, ir bem devagar sem pressa alguma. _Assenti._
Médica: De acordo com última menstruação, última relação e exames, você está com 7 semanas de gestação. Para ser mais exata, o filho de vocês tem o tamanho de um mirtilo.
Médica: Fizemos sua carta para mandar a sua médica que vai acompanhar a gravidez, importante esse processo acompanhar no pré natal. Alguma dúvida?
Laura: Não, nenhuma. Obrigada, doutora. _Sorrio._
Médica: Magina. Sua alta já está assinada, está liberada, qualquer coisa é só voltar.
Assenti e eles saem da sala.
Laura: Está tudo bem, ainda bem. _Willian sorri._
Truta: Vamos pra casa, precisa descansar.
Uma enfermeira entra no quarto, tiro todos os acessos e me entrega uns papéis pra assinar e outros para levar.
Uma outra entra no quarto com cadeiras de rodas, me sento na mesma. Willian pega minhas coisas e vamos até o elevador.
Fomos até o estacionamento, a enfermeira me ajuda a entrar no carro e agradeço assim que ela saí.
Truta: Tá afim de comer alguma coisa? Passo e pego pra ti. _Diz dando partida no carro._
Laura: Não, tem um monte de comida em casa. _Ele assente._
Aquele sol batendo na minha cara estava me dando dor de cabeça, não via a hora de chegar em casa e dormir mais um pouco, muito sono.
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Razões de uma noite 2
RomancePassamos por muitas coisas, coisas que dependendo de como seria não estaríamos aqui! Estamos bem, estáveis e construindo nosso espaço, mas será que vamos sempre ser assim? Será que vamos sempre ter o nosso espaço?