𝐶𝑎𝑝í𝑡𝑢𝑙𝑜 8 "𝐸𝑢 𝑡𝑒 𝑎𝑚𝑜"

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Laura

Mila, Apolo e Alma me fizeram ligar pra eles em chamada de vídeo pra mostrar a casa. Nunca acordam cedo com bom humor, mas pra ver a casa, nossa senhora, quase me acordaram.

Vim pra casa cedinho abrir tudo e deixar pronto pra deixar a mudança, juro, nem eu sabia dessa empresa que só vai, guarda tudo e trás, muito com, não preciso ficar pra lá e pra cá.

Como só tinha as coisas dos quartos foi mais fácil, porém deixou de ser fácil quando acabou a energia e o gerador do condomínio decidiu não funcionar.

Como arruma uma mudança com calor de cinquenta graus do Rio? Não arruma.

Assim que o pessoal saiu de casa, encaro o relógio no pulso e vejo que são cinco e pouca da tarde. Morrendo de fome.

Estou esperando o Willian com a minha comida, mas sei que o morro não é perto, então só sentei aqui no sofá e estou esperando.

Não estou tão brava com ele, claro que vamos conversar, mas naquele valor do momento seria bem complicado.

Escuto o som de dentro do carro, logo o mesmo é parado na frente de casa que vejo pelo vidro da sala, dou graças a deus.

Levanto do sofá, vou até o armário, pego dois pratos, dois porta pratos, os talheres e copos. Arrumo a bancada e escuto ele fazendo a senha da porta.

Truta: Portão não tava funcionando, sem energia. _Me sento na banqueta._ Churrasquinho, tá bom? _Se aproxima._

Sorrio esperando ele chegar logo com aquela comida. Ele coloca a sacola na bancada com uma marmita grande e uma coca gelada.

Laura: Esqueci de comprar uma água, fui no mercadinho daqui, seis reais uma água, tá doido. _Ele ri._

Willian chega do meu lado e beija minha testa, coloca o celular e chaves na bancada. Logo escuto a torneira aberta e ele leva as mãos.

Truta: Pô, tem parada de mercado pra fazer, tinha esquecido. _Da a volta e senta na minha frente._

Coloco minha comida no prato, abro a coca e coloco pra nós dois.

Laura: Isso é de menos, primeiro mês que é complicado até a gente se organizar com as contas e ter noção. _Começo a comer._

Truta: Vai querer ir hoje? _Ele me encara, balanço os ombros enquanto mastigo._

Laura: Tem muita coisa pra arrumar, não sei se dá tempo. _Tomo minha coquinha._

Truta: Vamos por partes então. _Assenti._

Começamos a comer e ninguém falava nada, ao mesmo tempo que estava tudo bem, ambos queríamos falar algo, mas também a sabemos que precisamos de falar sobre algo.

Laura: Desculpa pela forma como falei com você ontem. _Falo baixo, mas ele escuta e percebo ele deixando o talher no prato._ Eu sei que você tá fazendo de tudo pela gente, mas foi o calor do momento.

Encaro ele, apoio meu cotovelo ali na bancada colocando minhas mãos cruzadas no queixo, ele toma sua coca e me encara.

Truta: Desculpa também. _Coloca o copo na bancada de novo._ Não queria conversar antes pelo calor do momento, mas fica suave, se eu falei pra você que isso tá acabando e por que tá. _Sorrio leve._

Razões de uma noite 2Onde histórias criam vida. Descubra agora