Laura
Muralha me mandou mensagem, me mandou mensagem que precisava de mim.
Acabei ligando pra ele, ele disse pra mim ir até a casa do Wilian no morro, o estado dele não é bom. Estou parada na frente da cama faz uns dez minutos, sem coragem alguma de entrar em sua casa, mas é preciso.
Bato na porta, uma vez, duas, três e nada. Respiro fundo e abro a porta. A sala estava gelada pelo ar ligado, me decepciono ao ver ele todo jogado no sofá.
Sem camisa, apenas com a sua cueca. Fecho a porta, tiro minha bolsa do ombro e coloco no braço do sofá, pego sua bermuda que estava no chão. Taco com tudo que cai no seu rosto, ele acorda assutado e me encaro.
Ele mal abria os olhos, as olheiras profundas, olhos vermelhos pelo pouco que estava aberto. Willian respira fundo e senta no sofá passando a mão no rosto.
Truta: Que horas são? _Cruzo os braços e encaro o relógio._
Laura: Meio dia e quinze. _Ele em encara._
Truta: Laura..._Ele levanta._
Laura: Vai tomar banho. _Sua testa franze._ Vai tomar banho, não vou conversar com você nesse estado.
Willian passa por mim, mas abaixo minha cabeça, não consigo olhar em seu olhos agora.
Passo a mão no cabelo assim que ele entra no banheiro. Me sento no sofá, escutando o chuveiro ser ligado.
Encaro a mesinha na minha frente, dois pinos vazies. Dois pinos de cocaína vazio, nego com a cabeça e as lágrimas já escorriam novamente pelo meu rosto.
Isso de novo não, de novo não.
Eu fiquei tanto tempo encarando aqueles pinos, que só voltei pra realidade assim que a porta do banheiro é aberta.
Truta: Acho que eu tenho muitas coisas pra te contar. _Ele se senta do meu lado e limpo o rosto._
Laura: Muitas coisas? _Me viro pra ele._ Muitas coisas pra me contar? _Aponto para aonde os pinos estão._
Truta: Eu sei que eu errei, tá legal. _Me encara de volto e me levanto._ Eu tenho meus motivos. Eu tenho meus motivos por nunca ter saído daqui.
Laura: Você tem os seus motivos? _Cruzo os braços._ Quando eu pedi pra você sair você não me deu motivo, você não me deu motivos pra ficar aqui. Você tem motivos?
Truta: Tenho, tá legal? E isso não parece tão fácil quanto parece, você não está na minha pele e não sente essa parada.
Laura: Você fez parecer muito fácil quando mentiu pra mim, fez parecer bem rápido de entender o que se passa. _Ele levanta e coloca a mão na cintura andando pra lá e pra cá._
Truta: Laura, isso é complicado de entender, complicado de falar. _Eu nego com a cabeça._
Laura: Mas eu quero saber, eu preciso saber. _Aponto o dedo pra mim._
Truta: Meu pai deixou essa parada pra mim, deixou essa responsabilidade pra mim. _Diz andando de um lado pro outro._ Simplesmente não posso sair do nada, sair como se eu não fosse o responsável por isso. Tá ligada? _Nego._ Pô morena, não faz isso ser mais difícil do que já é.
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Razões de uma noite 2
RomancePassamos por muitas coisas, coisas que dependendo de como seria não estaríamos aqui! Estamos bem, estáveis e construindo nosso espaço, mas será que vamos sempre ser assim? Será que vamos sempre ter o nosso espaço?