𝐶𝑎𝑝í𝑡𝑢𝑙𝑜 1 "𝑉𝑜𝑐ê 𝑚𝑒 𝑑𝑒𝑖𝑥𝑜𝑢"

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Laura

Mila: Ele não falou com você ainda? _Pergunta assim que entramos no carro._

Acabamos de sair da ultrassom, já que aquele Muralha não tem nem coragem de vim ver o filho, eu disse que todo mês vou acompanhar ela no médico. Dito e feito.

Laura: Não. _Coloco o cinto._ Ele nem no Rio tá, vou falar com ele como?

Mila: Já faz uma semana que você pediu pra ele sair do tráfico, alguma coisa ele já deve ter pensado. _Dou partida no carro._ Tão se falando pelo menos?

Laura: Bem pouco, estou lotada de paciente, resolvendo muitas coisas de cada caso. _Suspiro._

Mila: Tá faltando comunicação entre vocês. _Olho ela rápido._ Fala pra ela ervilha, diz pra tia que eles tem conversa. _Olho ela de novo que conversava com a sua barriga._

Laura: Ervilha? _Dou risada._

Mila: Sim, a médica começou a falar do tamanho dele e não entendi nada, pedi pra me dar um exemplo, ela falou ervilha. _Ri toda fofa._ Completamos cinco semanas hoje.

Ela tá toda boba com a gestação, depois do que aconteceu com o Muralha ela não aceitou muito, agora colocou na cabeça que esse filho é só dela e nada mais importa.

Laura: Falou com o Muralha? _Ela resmunga negando._

Mila: E nem vou, não tenho nada pra falar. _Ela respira fundo._ Até estava pensando em fazer um escarcéu com a mulher dele, falando tudo o que aconteceu, mas ela não tem culpa. _Paro no semáforo e encaro ela._ Será que uma hora ele conta?

Laura: Acredito que sim. _Dou partida no carro novamente._ Assim que ele vê você criando barriga, dando a volta por cima, vai ver que pelo menos acompanhar o filho ele não está.

Mila: Não sei não. _Diz cabisbaixa._

Mesmo o relacionamento deles serem de forma errada, ter começado de forma errada, Mila tem um sentimento muito grande por ele. Ela não assume nem nada, mas toda vez que ela fala do bebê, acaba citando o Muralha.

Encaro no relógio e são três e pouca da tarde. Chegamos no morro, Alma pediu que assim que chegarmos era pra parar na loja. Ela está fazendo uma baita de uma promoção na loja já que vai fazer uma baita reforma e renovar até os modelos, então vamos lá.

Mila: Não sei por que vim, jaja essas roupas nem me servem mais. _Diz olhando os cabides._

Apolo: Para de graça, se você não usar eu uso. _Rimos._

Alma: Que bom que vieram,eu já tô morrendo de cansaço. _Abraça a gente._ Pena que as peças mais bonitas já foram vendidas.

Apolo: Pena nada, assim acabo logo e vamos embora. _Passa a mão na testa._

Alma: Vou pegar mais algumas coisas lá dentro, fiquem a vontade. _Assenti e ela some da nossa vista._

Estava realmente lotada a loja, com poucas peças já, mulherada tá afim de gastar.

Levo um susto com o meu celular vibrando no bolso da calça jeans, pego o mesmo e vejo o nome do Willian na tela.

Ligação on:

Laura: Oi amor. _Digo assim que atendo._

Truta: Oi minha linda, tá aonde? _Sorrio só de escutar sua voz._

Laura: Na loja da sua irmã, isso aqui tá um caos. _Ele ri._

Truta: Eu imagino. Mas aí, sai na frente que tô chegando. Beijo na boca. _Ele desliga._

Ligação off.

Fiquei sem entender nada, nem deu tempo de perguntar.

Laura: Vou resolver uma coisa e já volto. _Pego o macacão do cabide e uma blusinha linda._ Segura pra mim que já venho pagar. _Coloco no ombro da mila._

Vou até a fachada da loja, vejo o carro do Willian passar na frente e estacionar um pouco mais pra cima.

Caminho até o carro e entro no mesmo. Meu corpo todo se arrepia com o ar que estava ligado, bem gelado.

Truta: Fala minha gata. _Dou um selinho nele, mas um, mas um, mas um._ Meu deus, isso tudo é saudade é?

Laura: Sim, você me deixou. _Faço bico enquanto agarro seu pescoço._

Truta: Precisava resolver os bo daqui, coisa que só eu posso fazer e resolver. _Reviro os olhos e me afasto._ Qual foi? Culpa não é minha não, já é?

Laura: Será que não? _Encaro ele._ A gente tem coisas pra resolver, você tem decisões pra tomar e vem falar que tinha que resolver bo de morro? _Ergo as sobrancelhas._

Truta: Morena, eu preciso fazer isso tu achando maneiro ou não. _Ele coloca a mão no meu queixo._   Se liga, acabei de chegar e tô cansado de dirigir, vou pra casa descansar. _Encaro seus olhos._ Se arruma, oito horas tô na sua casa, já ae?

Laura: Vai ser sempre assim? Toda vez some, volta, fala pra se arrumar, me leva em um encontro foda e já era? _Ele suspira e passa a língua em seus lábios._

Truta: Se arruma que as oito eu passo na sua casa. _Repete._ Depois que tu vê umas parada, tu me xinga e faz o que quiser. Agora só me obedece, sacou?

Não falo nada, ele só me dá um selinho e saiu do carro.

É disso que não gosto, essa falta de comunicação, essas sumidas que não são tão sumidas, mas que me cansa por ficar sem entender.

•••

Mila: E você vai assim? _Diz opinando na minha roupa._

Laura: Juro, com essa gravidez você está insuportável com a exigência. _Me olho no espelho._

Apolo: Eu concordo com ela. _Aparece no quarto com um suco na mão._ Vai sair com o bonitão, com um Jeans e uma blusinha? _Reviro os olhos._

Laura: Tá calor. _Reclamo._

Apolo: Sempre tá calor, por isso não vai assim. _Senta na cama._ Já foi melhor com os looks em?!

Reviro os olhos de novo, vou até o guarda roupa e procuro uma roupa melhor, ou tento. Hoje meu lado
stylist está zero.

Depois de uns longos minutos, de brigas e disfunções com meus amigos minha roupa estava escolhida.

Coloquei cropped verde tomara que caía, um shorts alfaiataria branco, uma bota branca de salto cano alto, morro de pavor dessa bota, mas meus queridos amigos acharam que ia ficar boa. No fim, até gostei.

Terminei de colocar meus acessórios, meu perfume, creme, desodorante. Peguei um bolsinha só pra colocar meu gloss.

Dou uma última olhada no espelho e escuto a buzina do Willian.

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