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Por Aiskhas

Não quis ficar muito tempo fora porque a presença de Geórgia está muito alta, e isso me incomoda.

Entrei na casa dos pais da Ann e logo escutei o barulho do chuveiro, então significa que ela está tomando banho.

Hoje vai ser uma noite difícil e eu não estou preparado para encerrar meu vínculo com ela. Isso tá me deixando triste, porque ela é tudo pra mim, mesmo que eu não seja a melhor pessoa para ela, e eu sei disso. Sou tóxico e um escroto, tenho medo de um relacionamento com ela e eu sei que isso a machuca.

Mas não significa que eu não a amo e eu queria poder demonstrar isso para ela.

Subi as escadas e entrei no quarto onde ela está. Deixei uma sacola com comida em cima da mesa coberta e ia me virar pra sair quando vi a carta que ela me pediu para ler, junto com mais outras e a adaga do seu irmão.

Tomado pela curiosidade e por muitos sentimentos, peguei o papel e me sentei no chão, com as costas encostadas na cama.

A letra cursiva e pequena dela me deu as boas vindas quando abri o papel e prendi a respiração.

Oi, meu lobinho.
Não terei coragem de dizer essas palavras olhando nos seus olhos, então espero que tenha a paciência de ler minhas palavras.

Minha cabeça está me deixando louca! Eu achava que quando matasse Akainu e me vingasse, finalmente poderia descansar, finalmente poderia sentir paz. Mas quando eu o matei, o ódio que eu sentia não foi embora, muito pelo contrário, e por um tempo acreditei que era só questão de costume. Achei que eu teria que me acostumar e me desligar desse sentimento gradativamente, mas não foi assim.

Eu estou doente por dentro, Aiskhas. E sinceramente, fico aliviada por você não estar sentindo mais as minhas emoções , senão você ficaria louco junto comigo. Não é só porque você não corresponde o que eu sinto, é que tudo pra mim não faz mais sentido. Não faz mais sentido eu estar viva, Aiskhas. Eu juro que tentei me perdoar, eu juro que tentei seguir em frente, eu juro que tentei viver a minha vida, mas o vazio dentro de mim não parou de crescer, o buraco no meu coração não diminuiu.

Eu fiz o possível e o impossível para me vingar, mas isso não trouxe Ace de volta, isso não trouxe minha metade de volta. A morte de Akainu não trouxe nem um alívio para mim, entende isso? E quando eu cogitei ser digna de viver uma outra vida, pesadelos começaram a me assombrar sobre tudo! Sobre as pessoas que eu já matei, sobre eu não ter conseguido salvar meu irmão gêmeo, sobre que enquanto eu estiver viva, Luffy pode acabar morrendo e eu não serei capaz de salvá-lo.

Uma vez o vovô me disse que só o amor era capaz de me salvar, mas o amor que meus irmãos sentem por mim e que eu sinto por eles não é o suficiente para curar uma alma que há muito tempo morreu. Eu morri por partes, Aiskhas. Morri quando rompi minha ligação com Ace antes da guerra. Morri quando ele caiu morto diante dos meus olhos. Morri quando matei Akainu e perdi minha ligação com você. Eu morri até não sobrar nada de mim, até sobrar só uma casca vazia.
Eu não consigo fingir mais.
Eu não aguento mais.
A vida me trouxe muitas pessoas preciosas, mas sei que se eu não partir, perderei cada uma delas na minha frente, como uma espécie de punição por tudo de ruim que já fiz.

Se você ler isso antes da minha partida, sei que não me deixará ir. Você me acorrentará de volta a si mesmo e dará um jeito de me trazer de volta a vida.

Mas se você ler isso depois da minha partida, te peço que não deixe Luffy saber sobre ela, nem ninguém dos chapéus de palha ou o vovô. Todos tem suas vidas para seguir e não podem parar por mim.

Gol D. Ann- A Paz Substituída Por Vingança Onde histórias criam vida. Descubra agora