— Tira a sua roupa, precisa se aquecer, ou acabará doente. — Ele diz após entrarmos no quarto.
E pelo pouco que olhei, já sei que não estou no meu quarto.
— Eu não deveria estar aqui... Eu tenho que ir embora... Eu... — Sinto o desespero começar a me atingir novamente.
— Ei... Está tudo bem, confia em mim. — Suas mãos erguem o meu rosto para que eu o olhasse.
— Eu não consigo fazer isso... Eu não posso... — As lágrimas já desciam com força, enquanto eu sentia aquele turbilhão de sentimentos.
— Depois falamos sobre isso, uma coisa de cada vez, tudo bem?
Apenas concordo com a cabeça, ainda sentindo as lágrimas descerem, agora, silenciosas, enquanto eu tirava a roupa encharcada pela chuva.
Kai retorna com uma toalha, já vestido em uma calça moletom seca, e com a minha permissão ele seca o meu corpo, vestindo uma camiseta sua em mim.
— Pode se deitar, ficará melhor aquecida debaixo das cobertas.
Apenas nego com a cabeça, ainda estática no mesmo lugar.
— Olha... Eu sei que deve ser difícil para você, pra mim também não tem sido fácil, e se não quiser mais fazer isso, não irei te obrigar. — Ele segurava as minhas mãos, enquanto falava, e em seus olhos eu pude ver a tristeza que havia lá no fundo.
Ele deseja mesmo ter um filho, eu nunca vi esse olhar nele antes.
— Descansa, e amanhã conversaremos sobre isso.
— Obrigada... — Surpreendendo a ele eu o abraço.
— Me desculpa se te pressionei, acho que a ansiedade e o estresse do trabalho acabaram se misturando. — Sinto suas mãos pousarem em minhas costas, onde ele faz leves carícias em forma de conforto.
Essas sensações estranhas... Tudo tem sido tão intenso para mim nessas últimas semanas.
Depois de alguns minutos assim, finalmente me rendo, indo deitar na cama enorme de Kai, que mesmo deitado na mesma cama, permanece longe.
Apenas uma fresta de luz entra no quarto pela janela, a luz da lua que clareia conforme o seu se abre.
Ainda sem sono, e percebendo o silêncio de Kai que já devia estar dormindo, estico a minha mão aos poucos, olhando para o teto, na mesma posição em que me deitei, eu não ousava me mover. E me assusto ao sentir a sua mão tocar a minha.
Sinto a mesma eletricidade que se espalha pelo meu corpo, e ainda assim, permaneço com a mão próxima a dele, que se mostrando estar acordado, faz o mesmo gesto com a minha.
O que estávamos fazendo?
Sua mão fazia carinho na minha, e aos poucos ia subindo pelo meu braço, até que ele já estivesse ao meu lado, eu podia sentir a sua respiração em meu rosto, mas mesmo assim, não me movia. E constatando a batalha interna que eu travava comigo mesma, Kai vira o meu rosto para olhá-lo.
Estávamos próximos demais para a minha sanidade, os seus olhos intensos iluminados pela lua se fixaram aos meus.
— Kai... Não... — Foi tudo o que saiu da minha boca, e ele apenas concordou com a cabeça, fechando os olhos.
Observo sua boca entreaberta e a sua respiração acelerada, mesmo de olhos fechados.
— Kai... — O chamo, vendo ele abrir os olhos novamente, e sofrendo internamente com essa necessidade que tomava conta de todo o meu corpo, eu puxo o seu braço, o trazendo para cima de mim.
— Tem certeza?
— Não... — E com isso, levanto a cabeça o suficiente para alcançar sua boca.
Beijá-lo novamente foi como estourar fogos de artifícios dentro de mim. Não sabia que precisava disso até agora. Kai é intenso, desde as palavras, os beijos, até o seu toque.
Tiro a blusa dele do meu corpo, sentindo suas mãos passearem por cada área livre dele, enquanto se revezava entre beijar a mim, meu pescoço e enfim descer por todo o resto do meu corpo exposto.
Eu estava entregue para ele, como eu nunca achei que fosse estar.
Estávamos conectados, e eu sabia que isso me traria problemas. Mas decidi não me importar agora.
— Porra... — Ele ofega com a testa colada na minha.
E me olhar nos olhos só traria mais problemas ainda para o meu psicológico.
E agora, tendo-o tão perto, me deixa pensativa. Apesar de morar aqui há alguns meses, me pego pensando que não o conheço ainda, quero dizer, eu não sei como ele é de verdade, nossas conversas são sempre superficiais, só o básico.
Soaria clichê se eu o denominasse frio e calculista? Por que é o que eu sinto, ele está sempre um passo à frente, sempre sabe o que falar, como agir. Eu nunca o vi em um momento de tristeza ou em alguma situação que lhe fizesse vulnerável, o que só reforça a minha teoria.
Quem é você? O homem gentil que colocou band-aids coloridos no joelho ralado de uma mulher cujo só havia visto uma única vez na vida? Ou o homem sério e distante do dia a dia? Qual dessas duas versões era a sua casca e qual o seu lado verdadeiro?
Kai Dixon... Quem é você de verdade?
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Sr E Sra Dixon
RomanceDois anos depois da morte de seus pais, Violet se vê em apuros após perder o seu emprego, seu único meio de sustento. Sem dinheiro e não tendo mais como bancar o seu grande e único sonho, o balé, ela se vê sem saída, tendo que aceitar propostas qu...