— Foi bom te ver, depois que engravidou não deu mais notícias. — Glenda fala enquanto caminhávamos pelo parque.
— Eu sei, e sinto muito, as coisas andam estressantes, muitos problemas e... Problemas.
— Não precisa se desculpar, deve estar tudo uma loucura mesmo, ainda mais agora estando grávida.
— Nem me fale... Eu ainda sinto medo, desde que descobri, na verdade.
— Entendo, mas pense pelo lado positivo, logo essa criança estará fora de você, e enfim poderá viver a vida que tanto sonha.
A vida que tanto sonho... Qual era mesmo essa vida?
— E quem sabe um dia formar uma família de verdade. — Ela continuava falando.
Uma família de verdade? Eu estava grávida para outra pessoa poder ser pai... O que isso me tornava? Uma oportunista? Uma barriga de aluguel? Uma mãe...?
— Eu não sei o que pensar, o que farei, eu só... Sinto medo, medo do futuro incerto.
— Só não me diz que está se apegando a essa criança... Está?
— O que? Não... Quero dizer, eu... Não sei.
— Violet...
— O que? É tudo novo pra mim, eu nunca engravidei antes, eu nunca senti outro ser humano mexendo na minha barriga, ele está sendo gerado por mim... Loucura seria se eu não sentisse nada.
Pela primeira vez havia colocado aquilo para fora, mesmo não entendendo ainda o que significava todo aquele medo e insegurança que sentia de verdade.
— Você sabe que quando nascer o seu contrato irá encerrar naquela casa, não é?
— Droga, eu sei! Eu sei disso...
[•••]
— Como está a nossa gravidinha?
— Bem, obrigada doutora. — Respondo.
— Que bom, é perceptível a sua melhora, e temos uma boa notícia por aqui. — Ela dizia enquanto passava aquele aparelhinho sobre a minha barriga. — Parece que alguém resolveu se mostrar finalmente.
— Está falando sério? — Kai pergunta, se aproximando.
Que seja uma menina, que seja uma menina... O que eu tenho na cabeça? Ele quer um menino e não outra menina.
— Olhem como ele está agitado hoje, podemos ver perfeitamente agora.
Que se dane o que ele quer... Que seja uma menina...
— Meus parabéns, vocês serão pais de um grande e saudável menino.
Um menino...
— Puta merda... Um menino! — O sorriso de Kai era enorme nesse momento, enquanto meus olhos eram fixos no ultrassom, onde a doutora mostrava para nós.
[•••]
— Temos que comemorar, o que acha se sairmos para jantar fora? — Ele sugere após entrarmos em seu carro.
— Você decide.
— Está tudo bem? Está tão calada desde que saímos do consultório.
E você está tão falante...
— Só estou surpresa.
— Nós conseguimos, temos que comemorar.
— Tudo bem, se insiste...
— Ótimo, já avisei para Carmen que não comeriamos em casa.
Como eu disse, sempre um passo a sua frente...
O nosso almoço foi bom, e por um momento até descontraído. Era a primeira vez que saíamos a sós, e já fazia muito tempo que eu não vinha a um restaurante. De certa forma me trazia até uma nostalgia do passado.
— Gostou do lugar? — Kai pergunta após sairmos.
— Está brincando? A comida era perfeita, eu amei cada prato.
— Podemos voltar aqui outra vez se quiser.
— É...
— Tem certeza que está tudo bem?
— Sim... Só estou cansada.
— Certo, vamos voltar então, para que descanse, você e esse garotão aí dentro.
Um menino... Eu consegui dar para ele o tão sonhado filho homem.
Para ele...
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Sr E Sra Dixon
عاطفيةDois anos depois da morte de seus pais, Violet se vê em apuros após perder o seu emprego, seu único meio de sustento. Sem dinheiro e não tendo mais como bancar o seu grande e único sonho, o balé, ela se vê sem saída, tendo que aceitar propostas qu...