Desperto de uma vez, sentindo dores nas costas pela posição em que dormia. Eu nem mesmo me lembrava de ter dormido tanto.
Já havia amanhecido.
Levanto, já sentindo meu estômago reclamar de fome, pelo fato de não ter comido nada a noite. Tomo um banho rápido, levo um tempinho para achar uma roupa que ainda coubesse em mim no guarda roupa, optando por uma calça moletom e uma blusa. E ao sair do quarto, uma porta no corredor me chama a atenção. Era a última porta, com uma plaquinha de cor marrom, e levada pela minha curiosidade eu me aproximo, lendo o nome que havia nela.
— Heitor... — Sussurro, dedilhando o nome na plaquinha.
Meu pequeno Heitor...
Abro a porta, já sentindo o cheirinho de conforto que vinha de dentro. Era o quartinho dele, todo em tons claro de verde musgo e marrom.
— O meu pai quem escolheu tudo... — Me assusto ao ouvir a voz de Jess, que estava parada na entrada do quarto.
— Está lindo... — Sorrio.
— Você não gosta mais de mim...?
— Que pergunta... É claro que eu gosto, Jess.
— Então por quê você foi embora...? — Seus olhos não escondem a tristeza que ela tem ao falar isso.
A Jessica era uma garota maravilhosa, muito esperta e carinhosa, e é claro o quanto a ausência de uma mãe que participa da vida dela de modo verdadeiro afeta ela, fazendo com que tenha medo constante da perda e da rejeição.
— É complicado... Mas saiba que não foi por você, pelo contrário, eu senti muito a sua falta, você não sentiu a minha?!
— Sim...
— Eu posso te dar um abraço?
E sem me responder ela vem até mim, me fazendo abaixar para que ela me alcançasse.
— A sua barriga cresceu mais.
— Cresceu muito mais. — Sorrio. — Quer sentir o seu irmão mexendo?
— Sim. — Coloco a mão de Jess onde ele estava empurrando, e não deixava de sorrir ao ver as expressões de alegria dela ao sentir o seu irmãozinho mexer. — Ele é forte.
— Muito forte. — Concordo.
Olho de relance para a porta, me assustando ao ver Kai parado na porta, nos olhando.
Como eles conseguem serem tão silenciosos?
— Jess, está na hora de ir para a escola. — Kai chama a atenção dela.
— Preciso pegar a minha mochila, tchau irmãozinho. — Dando um beijo na minha barriga, ela se despede, saindo do quarto as pressas.
— Eu te ajudo. — Vendo a minha dificuldade em me levantar, ele se aproxima.
— Não precisa.
— Não seja teimosa. — Já ao meu lado, Kai segura em minha cintura, me levantando.
Não conseguia olhá-lo nos olhos, não depois das coisas que ouvi dele.
— Deve estar com fome. A Carmen preparou o seu café da manhã reforçado, já que não comeu ontem a noite.
— Tudo bem. — Me afasto, grunhindo ao sentir uma pontada na barriga.
— Está tudo bem? — Novamente ele vem até mim, segurando em meu braço.
— Sim... Foi só o Heitor, chutando a minha costela.
— Tudo bem. — Ele concorda, ainda me segurando.
— Já pode me soltar agora. — Desvio meu olhar do seu.
Podíamos discordar em muita coisa, e até nos odiarmos quase sempre. Mas era inegável a tensão sexual que se instalava no ambiente sempre que estávamos muito próximos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sr E Sra Dixon
RomanceDois anos depois da morte de seus pais, Violet se vê em apuros após perder o seu emprego, seu único meio de sustento. Sem dinheiro e não tendo mais como bancar o seu grande e único sonho, o balé, ela se vê sem saída, tendo que aceitar propostas qu...