05 - Refusão

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Kate Warren



— Kate! — Rue foi a primeira a me ver quando passei pela porta de entrada, mas seus olhos logo foram atraídos para quem estava às minhas costas.

— Desculpe o atraso, meu carro quebrou no meio da estrada. — Lancei minha bolsa para debaixo do balcão assim que dei a volta.

— Ah, então o carro que o Doc mandou buscar é seu?

— Provavelmente. — Vi de relance que ele entrou para dentro da sala do Doc, e continuei o que estava fazendo.

— Está tudo bem? Você não parece muito legal. — O efeito do analgésico estava passando e eu já estava com dores de novo, mas não sabia que isso tinha ficado tão transparente.

— Está tudo bem, obrigado. — Lancei um sorriso a ela, amarrando o avental na minha cintura. Ela olhou discretamente para trás, para onde ele tinha sumido. Parecia duvidar que chegamos mesmo juntos.

Dane-se isso.

Tentei trabalhar com minha costela latejando. Em algum momento, tive que ir ao banheiro, onde decidi trocar o curativo. Não havia rastro de sangue, os pontos ainda estavam perfeitos, mas eu sentia meu corpo fraco, estava com mais frio do que era normal para alguém agasalhada. Tentei dizer para mim mesma que minha pele não estava esquentando desde cedo, mas acho que nem eu acreditava mais nisso.

O banheiro do bar parecia girar levemente. Enquanto ajeitava o curativo, observei meu reflexo no espelho. Minha pele estava pálida-azulada e os círculos escuros sob meus olhos deixavam claro que algo estava muito errado. 

— Só mais algumas horas — sussurrei para mim mesma, apoiando minhas mãos na pia.

Quando saí do banheiro, Rue estava me esperando perto da porta, com uma expressão de preocupação estampada no rosto.

— Não adianta fingir que está tudo bem. — Sua voz era gentil, mas firme.

— Estou bem. Só preciso aguentar mais um pouco. — Tentei convencer, mas sabia que estava falhando miseravelmente.

— Doc vai me matar se eu deixar você continuar assim. — Ela cruzou os braços, insistindo.

— Eu só preciso de mais um remédio. Vou ficar bem — respondi insípida. Ela me olhou por um momento, avaliando minha teimosia, antes de suspirar e acenar com a cabeça.

— Desisto. Doc estava te procurando, tente convencê-lo de que você não está se arrastando.

Ela bufou, sumindo ao passar pela cortina de correntes, e eu tentei reunir forças para voltar ao trabalho.

Hart, eu precisava saber mais sobre seu paradeiro.

Por isso parei no meu armário, procurando pelo analgésico e esperei alguns minutos, o efeito desanuviando minha vista minimamente.

Quando voltei, Doc estava no balcão com Rue servindo um copo de bebida a ele.

— Kate, soube do seu carro — disse, levantando o copo em cumprimento. — Não se preocupe, já está em boas mãos.

— Não precisava se preocupar — respondi, dando a volta no balcão, notando o olhar de Rue em esguelha.

— Somos uma família aqui, e eu estava te devendo uma pelo incidente no fechamento.

Deve ser por isso que ganhei uma carona hoje. Ele também estava me devendo.

— Obrigado. — O movimento estava tranquilo, apenas alguns caminhoneiros ocupavam algumas mesas no canto. — Para onde levaram meu carro?

My Nemesis - Dark RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora