My Nemesis - Dark Romance

15 - Idiossincrasia

Kate Warren

A brisa quente da manhã varreu meus pés descalços quando abri a porta, e meu corpo tensionou ao ver Riv parado ali. A silhueta de sua moto imponente sob a luz suave da aurora, parecia tão ameaçadora quanto ele. 

Mas nenhum dos dois deveriam estar na minha porta.

Eu me segurei na maçaneta, buscando apoio enquanto tentava ocultar meu corpo, ainda na camiseta larga que usava para dormir. Ao meu redor, o silêncio da manhã quebrado apenas pelo farfalhar das folhas e o canto distante dos pássaros. A luz do sol ainda não havia penetrado completamente a floresta ao redor, portanto não incomodava meus olhos.

— O que faz aqui? Como sabe onde eu moro? — As palavras saíram mais afiadas do que eu pretendia.

Riv inclinou levemente a cabeça, com um sorriso que não chegou a seus olhos.

— Acha que Rue trouxe você sozinha quando estava apagada? — Ele deu um passo à frente, a sombra da porta mal iluminada engolindo parte de seu rosto. — Vim buscar você.

Hesitei. Não estava pronta para encará-lo novamente tão cedo. Meu corpo ainda carregava os resquícios da última vez que suas mãos estiveram ao redor do meu pulso. 

— Eu só tenho que estar no galpão em duas horas.

— Não vamos ao bar agora. — Riv cruzou os braços, a jaqueta de couro ranjendo com o movimento. — Você não é mensageira? Hoje, você vai entregar uma mensagem para uma pessoa. E só tem cinco minutos.

Antes que eu pudesse formular uma resposta, as palavras saíram:

— Para a próxima ameaça?

Seus olhos estreitaram. 

— Para se enfiar dentro daquela coisa e vir comigo.  

E uma parte minha quis entrar mais uma vez naquele no jogo perigoso. 

— Daquela coisa... a roupa? — arrisquei, percebendo sua mandíbula ondulando.

— É, dentro daquela maldita roupa. — Sem esperar por um convite, ele virou as costas, sacou um cigarro e se apoiou em uma pilastra de madeira próxima. — Não demore.

Soltei o ar pela boca e fechei a porta. Subi as escadas, soltando meu cabelo preso em um mini coque. Não me apressei, nem me esforcei para estar pronta em cinco minutos. Uma parte de mim, tola e inclinada a provocá-lo, estava se divertindo com aquela situação. 

Ele teria a audácia de invadir minha casa se eu demorasse um pouco mais?

Espiei pela janela, Riv estava de pé, encostado em sua moto, o cigarro pendendo casualmente entre os dedos. O vento agitava levemente seus cabelos castanhos desgrenhados, que combinava perfeitamente com a moto robusta ao seu lado.

Seu olhar profundo estava perdido em algum ponto distante. Ele tragava o cigarro devagar, exalando a fumaça lentamente. 

"Eu fumo por prazer."

Até parece.

Riv continuava encostado em sua moto, observando cada passo que eu dava ao descer os degraus da varanda, e parecia menos apressado agora. 

— Aonde vamos? — perguntei enquanto me aproximava. Sem pressa alguma, ele se desencostou de sua moto, parecendo ficar ainda maior com o corpo todo ereto.

— Vou te levar até uma pessoa — respondeu, entregando-me o capacete.

— Isso você já disse. É secreto?