36 - Matrimônio

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"Vai buscar o Rabino

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"Vai buscar o Rabino."

Foi a primeira coisa que eu disse ao Nik quando a deixei na sala algumas horas atrás. Não esperava, nem por um caralho de azar, que quando eu voltasse, o desgraçado do meu irmão estivesse no galpão.

E a única coisa que passava pela minha cabeça era que ele não tinha o direito de respirar o mesmo ar que ela. Meu sangue ferveu, uma onda de raiva tão forte que quase me cegou. Meu irmão ou não, a única coisa que me segurava de atravessar o pescoço dele com as mãos era o olhar dela. 

O volante rangia sob meus dedos enquanto eu pisava fundo no acelerador, sentindo essa raiva cada vez maior dentro de mim. 

— Você é judeu? — Kate perguntou. 

— Não — respondi seco, apertando ainda mais o volante. Meus nós dos dedos estavam brancos. — Mas sou bem supersticioso.

Porra nenhuma.

Eu só estava tentando arrancar alguma coisa dela, seguindo as exigências do rabino. Qualquer coisa. Uma reação que provasse que ela não era tão inatingível, tão fria e calculista como fingia ser. O velho é louco, mas foi convincente. A falta sempre nos faz enxergar coisas que não vemos. 

Foram cinco dias, porra. Sem vê-la, sem tocá-la, apenas para cumprir o maldito protocolo de não encontrar a noiva antes do casamento. Entrevistas entediantes, um contrato matrimonial. E no fim, pra quê? Para alguém tirá-la do quarto faltando dois dias, e eu ainda ouvir ela dizer que não sentia nada por mim, além de desejo. 

— Eu não sou nenhuma das coisas. Agora para esse carro!

Um sorriso debochado surgiu nos meus lábios.

— Por quê? — provoquei, sem tirar os olhos da estrada. — Vai voltar e jogar mais uma partida de xadrez com o meu querido irmãozinho?

— Você não vai querer saber o que eu vou jogar se não parar essa porra agora!

Ela tentou agarrar o volante em um movimento rápido. Minha mão livre a empurrou de volta contra o banco, o cinto de segurança estalando no lugar com um único puxão. Meu olhar permaneceu fixo na estrada, mas senti o calor do ódio dela queimando como brasa ao meu lado.

Eu sabia que ela estava furiosa. Parte disso era por mim. Parte disso era por ela mesma. 

As máscaras tinham caído, e agora não havia mais o que esconder. Não era assim que eu tinha planejado que ela descobrisse. Eu queria controle e domínio sobre o momento, sobre a forma como as peças do quebra-cabeça dela se encaixariam. Queria que ela visse a verdade como eu escolhesse mostrá-la. Comigo dentro dela. Quando não houvesse mais volta e ainda assim, ela não quisesse parar, porque me afastar naquele momento custaria a ela um orgasmo.  

Se ela ia me odiar, que fosse pelo que eu realmente era. Que visse tudo, inclusive o quanto estávamos presos um no outro. Casados. Fodendo, noite após noite. 

My Nemesis - Dark RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora