33 - Incursão

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Estava tudo embaçado quando acordei. Minha mente parecia atravessar um véu denso, como se estivesse submersa em um líquido pesado e turvo. Cada piscada parecia puxar meu corpo inteiro para fora dele, e quando finalmente recuperei o foco, reconheci o quarto do galpão. O cheiro era familiar, madeira velha, poeira e um traço sutil de álcool isopropílico que grudava na garganta.

Jake estava ali, dormindo em uma poltrona que nunca esteve no meu quarto antes. Ele parecia exausto, com a cabeça pendendo para o lado em um ângulo desconfortável. Perto da porta, Riv estava de pé, braços cruzados, e o olhar fixo em Jake com uma espécie de julgamento.

— É por isso que ele nunca deu certo como vigia. 

Demorou alguns segundos para que eu entendesse que estava de volta. E junto comigo, uma dor latejante que irradiava da minha perna, parecia até uma marreta atingindo meu músculo repetidamente. Um flash de memória me atingiu, nele eu estava gritando, e o som reverberava naquela sala, enquanto tentavam estancar o sangramento depois que removeram a bala.

— Eu preciso de um vigia agora? — Minha voz saiu rouca, arranhando minha garganta. 

Riv não moveu a cabeça, apenas os olhos deslizaram preguiçosamente até mim. 

— Precisa. — Arqueei uma sobrancelha. — Além do mais, seu convênio não cobre monitoramento cardíaco.

Eu teria rido, se não doesse tanto.

— Então é isso? A morte me leva para um universo paralelo onde Riv faz piadas ao invés de ameaças? Interessante.

Ele não riu, mas deu dois passos em direção a minha cama com um copo de água na mão.

— E... confere se você ainda está viva.

Peguei o copo com dificuldade, meus dedos estavam fracos. 

— Infelizmente, para você, estou.

Ele estreitou os olhos de pé ao meu lado, enquanto eu me ajeitava para tomar a água.

— Não coloco minhas mãos em nada se não for para fazer bem feito. Eu ficaria decepcionado comigo mesmo, porque tenho certeza de que dei meu melhor para te costurar de novo, Frank Stein.

Eu quis socá-lo. E teria dado um jeito de fazer isso se não estivesse em uma posição tão desconfortável para beber água, então apenas o encarei.

— Qual foi o estrago dessa vez?

Deixei o copo de lado e tentei me sentar desajeitadamente. Riv se inclinou para me ajudar, adicionando mais alguns travesseiros enquanto eu apoiava minhas mãos na cama.

— Não rompeu nenhum tendão ou artéria. Apenas o músculo vasto lateral, mas sua cicatrização é péssima.

— Não me diga. — Esperei que ele procurasse meus olhos, depois a cicatriz que estava ali desde a queda do telhado. Bastava me olhar no espelho para me lembrar disso.

My Nemesis - Dark RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora