19 - Concussão

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Kate Warren


Meu cenho franziu assim que o último retorno para Beeville Rigde ficou para trás. Minha passada no galpão foi rápida, apenas para pegar uma jaqueta mais quente e... como eu sairia sozinha, a arma de Riv que ainda estava na cômoda não me pareceu uma escolha idiota.

Se a cidade já era caótica com a ordem, imaginei como estaria agora.

Eu estava agora mesmo pensando o que ia dizer para convencer Rue a vir comigo. Se... café e torradas também seria legal da minha parte. Sabe? Cuidar dela, da mesma forma que ela fez comigo.

Mas avistei a placa de Refúgio e um arrepio percorreu minha espinha. Rue morava por ali? Não fazia sentido.

O GPS dizia que eu estava perto, mas era só olhar em volta para saber que tinha algo estranho. Ao invés de um prédio residencial, só o que eu via eram containers empilhados no porto. A linha ferroviária não estava muito longe daqui e de onde eu estava, conseguia ver a antena de celular que Riv e eu esperamos na outra noite. 

Meu coração afundou no peito, e eu tinha uma péssima impressão de que isso ia piorar antes de melhorar.

Ao parar minha moto, liguei para o Jake, esperando que ele dissesse que errou o endereço, que foi um maldito engano, qualquer coisa, mas claro, a ligação caiu na caixa de mensagens.

— Oi, eu não conheço nenhum Jake, você ligou errado. 

Rolei os olhos, era a voz dele na gravação. 

— Jake? Você me mandou para o porto? Que porra é essa? — Olhei em volta, me sentindo em um filme de terror. — Não tem nenhum apartamento aqui, e duvido que a Rue more dentro de um container. 

E foi então que senti meus lábios formigarem. O pressentimento esfriou os ossos da minha coluna. Apertei o celular com mais força

O ponto no visor continuava piscando no meio daquele labirinto de metal. Minha respiração acelerou. Algo estava muito errado.

Estamos falando de uma engenheira astrônoma que hackeou o único satélite de GPS que não tinha seu sinal bloqueado em Beeville Rigde. O da força aérea. E Nahi só sabe disso porque eu sabia. 

Meus olhos varreram o lugar.

— Merda. Não faz isso comigo, eu estou sozinha. — Meu coração disparou, sentindo a arma de Riv presa na minha bota. 

Talvez nem tanto. 

Meu celular vibrou com uma nova mensagem.

"Sai daí agora!"

O nome de Jake apareceu na tela. Mas, ao invés de obedecer, tomei a segunda decisão mais estúpida da minha vida.

Desci da moto.

Deixei o capacete no guidão e comecei a andar pelo corredor estreito, entre duas pilhas de containers que se erguiam como paredes gigantes.

Parei em frente a um deles, um todo preto com a insígnia da Força Aérea. Nada relevante, apenas notei que não era o único, então esta deve ser uma área militar. Segui em frente, tentando lembrar se já tinha passado por aqui antes. 

O porto estava vazio, ou pelo menos por ali. De fundo eu ouvia caminhões dando ré, empilhadeiras e alguns trabalhadores. 

O vento assoviou pelos espaços estreitos entre as latas, um sussurro frio nas minhas orelhas, me forçando a levantar o capuz da jaqueta.

Mais uma curva, mais uma fileira. E foi quando meus olhos caíram num largo corredor de containers com marcas recentes de pneu no chão. 

Ouvi as vozes e me aproximei com cuidado. Havia meia dúzia de homens armados, todos ao redor da porta aberta do container. Tentei me aproximar ao máximo, usando o container ao lado para me esconder e ainda assim, ouvir parte da conversa que veio logo depois.

My Nemesis - Dark RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora