Kate Warren
Eazy abriu o portão quando cheguei ao galpão, e assim que estacionei a moto, todos os olhares curiosos pousaram em mim. Tirei o capacete com um suspiro pesado, o calor ainda colando na minha pele.
— Garota, qual é o seu problema em seguir ordens? — Blue perguntou, mal disfarçando o tom de impaciência, enquanto Eazy se aproximava para me ajudar com as luvas.
Meu corpo estava em brasa, e o vento contra minha pele exposta era a melhor coisa que eu tinha enquanto pilotava, por isso estendi o trajeto o máximo que pude, na esperança de que o ar fresco esfriasse aquilo que fervia dentro de mim. Mas não adiantou. Eu ainda precisava de um banho gelado.
O mais rápido possível.
— Já saiu a sentença do meu julgamento? — disparei, sem paciência.
— Não tem julgamento nenhum, Kate — Eazy respondeu, franzindo o cenho quando percebeu a urgência nos meus movimentos. Eu estava louca para me livrar das malditas luvas de couro, quase arrancando nos dentes.
— Riv só pediu para não sairmos do galpão.
— E vocês obedeceram, é claro. Porque Riv é nosso superior. Riv controla tudo e todos, Riv pode nos matar pelo bem da Cúpula. Mas onde estava o Riv naquela noite? Ele não voltou por quatro vidas. O que ele sabe sobre carregar o peso de uma? Ele não liga, Eazy, e eu não dou a mínima para as ordens dele!
Minha voz saiu mais alta do que o esperado, desesperada, irritada, pegando fogo.
Eazy pigarreou.
Olhei para trás, e vi Riv com as mãos sujas de graxa enquanto apertava a correia de sua moto.
Ele usava uma regata preta, o suor brilhando em sua pele marrom quente, e eu odiava o quanto meus olhos se demoraram nos braços, destacando ainda mais o retalho de faixa branca que ele tinha amarrado no bíceps. Nunca mediria, é claro, mas sabia que aquele pedaço de pano daria facilmente a volta na minha coxa.
Ele finalmente ergueu o olhar, sem pressa, me lançando um desprezo frio.
— Eu também não ligo para a sua opinião.
Cerrei os dentes, larguei o capacete com força sobre o tabuleiro, e caminhei em direção à porta de aço pesada. Não desviei o olhar dele, que me seguiu apenas movendo as orbes.
Mamute se moveu disfarçadamente, pronto para conter os ânimos caso Riv explodisse como naquela noite. Mas Riv nem piscou. Ele continuou girando aquela maldita peça como se ela fosse mais importante. E deveria ser mesmo.
Passei pela sala, sem intenção de parar. Magnus estava afundado no sofá, os olhos fixos na televisão em um canal de noticiários, e uma lata de energético meio amassada em sua mão.
No momento em que entrei no meu quarto, arranquei aquele macacão de mim e ele estava... tão grudado. Meu corpo estava quente, mas a origem desse calor vinha de dentro. Era mais do que o calor do dia ou da pilotagem, era a porra daquela droga ainda se alastrando, deixando minha pele em chamas.
Pesquei a toalha e não olhei para mais nada. Saí do quarto vestindo apenas a calcinha e uma regata. Meus pés descalços pareciam movidos pela raiva, mas não, eu só estava desesperada.
Tranquei a porta do banheiro, e girei o registro até o limite, sem me livrar de mais nenhuma peça de roupa. A água gelada atingiu meu corpo, arrancando um suspiro profundo de alívio. O choque foi quase prazeroso, um orgasmo frio que apagava o incêndio em mim. Meus músculos relaxaram sob o impacto da água, enquanto minha cabeça tombava para frente, deixando que a água caísse sobre minha nuca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
My Nemesis - Dark Romance
RomansaDark Romance - Enemies to Lovers O mundo quer heróis, mas heróis morrem. Eu sou a exceção... sou quem sobrevive. Kate Warren se esconde sob uma nova identidade após uma prisão. Agora, ela vive uma vida dupla como hacker e balconista de um bar; o co...