Kate Warren
Estacionei o carro no local combinado, o motor desligando com um ronco abafado. O endereço rabiscado no pedaço de papel que Caleb me entregou levava até uma construção abandonada, perto do armazém de Refúgio. Ruínas de concreto e ferro enferrujado sem nenhuma iluminação no meio da noite. Fiquei dentro do carro enquanto eles não chegavam, o tempo todo eu conferia no espelho retrovisor.
O vazio e o silêncio me davam espaço para pensar. Em tudo.
Em como tinha ido longe demais. E do quão perto eu estava de voltar para casa.
Nahila não demorou a invadir meus pensamentos. Bastava pensar nela para uma dor familiar se instalar no peito, aguda, como uma faca que me atravessava bem devagar. Suspirei, puxando um cigarro do bolso e acendendo. Traguei fundo, até sentir meu pulmão completamente preenchido, e encostei a cabeça no banco. Deixei o cigarro queimar entre os dedos enquanto o passado fazia o mesmo dentro de mim.
Outras memórias começaram a me invadir, aquelas que eu preferia manter enterradas. A busca de Magnus por seu sobrinho desaparecido, o rosto daquele garoto estampado em fotos que eu fui obrigada a apagar enquanto estava presa. E a maldita negociação, usando o mesmo sistema que Nahi criou. Aquele que me forçavam a manter ativo enquanto eu trabalhava no observatório.
Queimar o armazém seria apenas para intimidá-los, mandar um recado. Estou perto. Eles serão obrigados a mover as pessoas do covil. Se comunicavam pelo sistema. Eu saberia quando e para onde todas as pessoas que permaneceram na fábrica seriam levadas.
Riv tinha razão, fui forçada a fazer muita coisa que não queria. Mas ceder àquele prazer momentâneo... isso, eu quis. Meu corpo quis. Foi uma necessidade crua, instintiva. E teria sido só isso, se ele não tivesse jurado vingança logo depois. Vingança contra alguém que eu vivia acreditando que me observava, mesmo quando eu dormia. Mas não era o Axel me observando, era ele.
Quando Riv viu as cicatrizes... a morte apareceu em seus olhos, e eu tive a impressão de já ter ficado de frente para aquele olhar antes. Aquele mesmo medo cresceu. O primeiro. Familiar e perturbador, tão... parecidos.
O ronco grave de motos me trouxe de volta de volta. Apaguei o cigarro no chão de concreto enquanto descia do carro, meus olhos se estreitando por conta dos faróis ao ver o grupo se aproximando. Um a um, os caveiras chegaram, seguidos pelo som mais pesado de uma caminhonete.
Hart estava ao volante, Zahara ao seu lado. E então algo me atingiu. Eu já tinha visto aquela caminhonete antes, entrando na rua de terra perto da minha casa, há algumas semanas. Naquela noite, pensei que fosse Axel, e dei meia-volta. Mas não era ele. Eram eles. O que diabos estavam fazendo na minha casa?
O Ceifeiro estacionou no centro da formação, o último a chegar, fechando o círculo.
Contei catorze membros. Oito deles já usavam máscaras como o Ceifeiro, enquanto os outros estavam expostos. Entre eles estavam Zahara, Kessie, Hart, o restante eu não conhecia, mas decorei os rostos. Tentei reconhecer Nikolai entre os mascarados, mas nenhum deles se parecia com ele.
Zahara se aproximou, seus olhos estavam no meu carro e não em mim. O cabelo estava impecavelmente preso em um coque baixo, com origem em finas tranças enraizadas, e vestia o mesmo traje que os outros, preto sobre preto, das luvas até as botas, uma farda sem lei e sem insígnia.
— Não quis bagunçar o cabelo hoje? — perguntou com um sorriso malicioso.
Dei de ombros, jogando um sorriso falso de volta.
— Emprestei minha moto — respondi com indiferença.
Ela lançou um olhar significativo para Kessie, que ainda estava distante, ao lado de sua moto, mas me observava de canto.
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My Nemesis - Dark Romance
RomanceDark Romance - Enemies to Lovers O mundo quer heróis, mas heróis morrem. Eu sou a exceção... sou quem sobrevive. Kate Warren se esconde sob uma nova identidade após uma prisão. Agora, ela vive uma vida dupla como hacker e balconista de um bar; o co...