11 - Intruso

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Kate Warren


Eu não estava sentindo minhas pernas quando entrei no bar naquela noite. O esforço do dia inteiro havia exaurido minhas forças. Me escorei no balcão, sentindo o alívio ao relaxar o corpo, e peguei uma garrafa bem gelada de cerveja.

— O que eu disse sobre bebida? — perguntou Jake, aparecendo de repente com um olhar repreensivo.

Não parei de beber até que aquela secura em minha garganta não passasse de uma lembrança.

— Se não calar a boca eu vou chutar a sua bunda — respondi, com os dentes cerrados.

— Se conseguir levantar a perna — retrucou ele, rindo. Eu o encarei, irritada, enquanto Rue, que estava de frente para mim, se aproximava.

— Como ela está? — perguntou, olhando para mim com uma expressão curiosa.

— Destruída, desossada, moída, caindo aos pedaços, sem previsão de melhora — respondi, tentando segurar a cerveja com mãos trêmulas, entornando mais uma golada.

— Espero que não esteja falando da Petúnia — disse Rue, franzindo o cenho.

— Eu estava falando de mim — esclareci.

Jake se sentou ao meu lado, pegando uma garrafinha de água que havia pedido.

— É bom ouvir isso — ele comentou, tomando um gole de sua água. — Você não parece ser do tipo que se importa muito com sua saúde.

— Você não faz ideia — murmurei, virando um gole longo de cerveja. O líquido gelado era um bálsamo para minha garganta seca, mas ele estava falando sobre seus incontáveis pedidos para que eu saísse da frente de uma tela.

Minha adolescência poderia ser resumida em estudos, jogos, mais estudos, e mais jogos. Mas o que eu poderia fazer? O sol machucava minhas vistas e era prejudicial a minha pele. Para aproveitar o dia, como ele mesmo fazia, eu tinha que sair com roupa térmica ou me lambuzar de protetor solar, então não valia a pena.

O que não me impedia de sair durante a noite, mas... com nossa diferença de idade, Jake raramente podia me acompanhar, então, nunca fomos totalmente cumplices.

Eu suspirei, sentindo o cansaço se abater sobre mim.

O barulho do bar ao nosso redor parecia distante enquanto eu me deixava envolver pelos pensamentos de quando ainda éramos uma família. De quando eu ainda sentia aquela sensação de pertencimento.

— Jake, encosta! — chamou um cara em uma mesa. Era um grupo de caminhoneiros que sempre estava no bar às quintas-feiras, aqueles mesmos que riam por terem ganhado uma grana com a vitória dele na corrida.

— Não se mexa! — meu irmão disse, pulando do banco. — Ah, é, você não consegue.

— Vai se foder! — ele riu, deixando o balcão e se dirigindo à mesa, onde foi recebido com perguntas entusiasmadas sobre sua próxima corrida.

Quando voltei minha atenção para o balcão, Rue estava sorrindo ligeiramente.

— Vocês se deram bem — comentou sugestiva.

— Se com bem, você está dizendo que ainda não nos matamos, eu digo que já teria feito isso se eu não estivesse tão dolorida — falei, lembrando de como era quando caí do patinete e Jake só sabia rir. Pirralho idiota, ele ainda parecia o mesmo e... isso de alguma forma era muito melhor do que vê-lo ao berros dentro de casa, enfrentando meu pai e, passando noites fora sem dar notícias. 

Como ele estava feliz aqui? Que merda de vida era essa que ele escolheu para si mesmo?

— Calma, Rue, ela não está interessada no Jake — Max simplesmente surgiu e cochichou o nome por cima do ombro dela.

My Nemesis - Dark RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora