Kate Warren
Agora...
Acordei em um sobressalto. A luz feriu meus olhos, intensa e dolorosa.
A sensação era semelhante a de uma ressaca, um nevoeiro pesado que me envolvia. Cada movimento era um esforço, como se eu estivesse lutando contra uma correnteza. Minhas roupas estavam encharcadas, grudadas ao meu corpo como se eu tivesse acabado de sair de um chuveiro após um banho gelado. Um gosto amargo preenchia minha boca, e eu estava completamente perdida no tempo.
Como eu cheguei em casa?
Sons distantes de pássaros chegavam aos meus ouvidos em meio a confusão que dominava minha mente. Olhei ao redor, reconhecendo vagamente meu quarto, mas tudo parecia distorcido, fora de lugar.
E a luz... quem abriu as cortinas?
Ao lado da cama, vi uma pilha de remédios e alguns comprimidos espalhados. Eu me lembrei de ter tomado algo, mas não sabia dizer o quê.
Meus ombros doíam como se eu tivesse carregado um peso enorme.
Com dificuldade, me levantei da cama e segui o aroma do café. Ouvia os ruídos dos armários, buscando instintivamente por algo que não conseguia identificar.
Tem alguém em casa?
Desci as escadas com cuidado, pronta para qualquer surpresa. Mas, ao invés de encontrar o que esperava, fui recebida pelo som de uma voz feminina cantarolando uma melodia suave, e de repente, a casa parecia um pouco mais acolhedora.
Cheguei à cozinha, e Rue estava terminando de preparar duas torradas.
— Kate! — Ela sorriu, seus cachos escuros caindo delicadamente sobre os ombros, destacando contra sua pele morena enquanto colocava uma torrada em cada prato.
A louça estava limpa. Não havia nada fora do lugar.
— O que está fazendo na minha casa? — Minha voz saiu extremamente rouca e pesada.
Ela não parou o que estava fazendo.
— Trouxe você ontem à noite, esqueceu? Você estava queimando em febre, chegou falando um monte de coisas. Achei melhor ficar com você essa noite. Aliás, você fala dormindo sempre ou apenas quando está delirando?
— Não me lembro de chegar em casa. — Minha mente estava uma completa bagunça. — Obrigado por ficar.
— Família é para essas coisas. — Seus lábios se curvaram em um sorriso terno. Ela empurrou uma caneca de café na minha direção com seus olhos escuros transbordando preocupação. — Como se sente?
— Cansada. Parece que um caminhão passou por cima de mim.
Seu sorriso suavizou, mas pude perceber a ternura em seu olhar enquanto ela tomava um gole de café.
Tomei um gole também, e... nossa, eu realmente precisava. Olhando através da janela, avistei sua moto estacionada.
Aquele ronco estrondoso como um trovão cortando a noite irrompeu minha mente, e eu tive o vislumbre do céu não passar de um borrão sob nossas cabeças.
— Kate? — Rue me chamou, e eu estalei, voltando para a realidade.
— Podia ter guardado sua moto no celeiro — eu disse, imaginando que ela devia ter passado a noite toda no sereno. Meu irmão consideraria isso um crime.
— Estava mais preocupada com você queimando em febre.
Chame o Riv aqui, agora!
— Está tudo bem? — ela perguntou, preocupada. Eu devia estar estagnada. Minha cabeça estava uma merda.
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My Nemesis - Dark Romance
RomantizmDark Romance - Enemies to Lovers O mundo quer heróis, mas heróis morrem. Eu sou a exceção... sou quem sobrevive. Kate Warren se esconde sob uma nova identidade após uma prisão. Agora, ela vive uma vida dupla como hacker e balconista de um bar; o co...