12 ‐ Contíguo

2.4K 246 119
                                    

Kate Warren


Jake me deixou na oficina, e a última coisa que ouvi foi o rugido ensurdecedor de sua moto desaparecendo ao longe. Enfiei as mãos nos bolsos da jaqueta, e o cheiro familiar de graxa e óleo queimado me envolveu, mas o que realmente prendeu minha atenção foi a visão de Riv, de costas para mim, conversando com o mecânico, enquanto olhavam para o meu carro.

— Como eu disse, tudo limpo — dizia Hidd, batendo levemente na lateral.

Riv assentiu, enquanto eu desacelerava meus passos.

— Pagou uma lavagem completa? — perguntei, quebrando o silêncio ao me aproximar, meu tom carregado de uma ironia que não passou despercebida. — Ou você pagou para vasculharem mesmo?

Riv não escondia o quanto detestava ouvir minha voz, tanto quanto não gostava de ser pego de surpresa por ela.

— Como eu respondo minhas perguntas não é da sua conta — retrucou Riv, em um tom áspero.

— Meu carro é — rebati. — Achou que eu estava grampeada ou algo do tipo?

— Já disse que não é da sua conta. — Ele estava de braços cruzados, finalmente lançando aquele olhar intenso e cortante diretamente para mim.

— É da conta de quem então? Porque eu estou certa de que meu carro estava perfeito antes, e se mexeram nele só para que o Hidd fizesse essa vistoria, isso não vai sair do meu bolso.

Riv não se abalou. Em vez disso, ele ergueu uma sobrancelha, desafiando-me com um brilho perigoso nos olhos.

— Está me acusando de alguma coisa? — Ele girou o corpo para ficar completamente de frente comigo.

— Seu erro, Riv, é achar que meu cérebro é do tamanho de um ovo.

Ele me encarou por um longo momento, os olhos estreitos avaliando cada detalhe do meu rosto. Não parecia exatamente rendido quando virou-se para Hidd.

— Mande a conta para o bar. Doc cuida disso, já que ela é de responsabilidade dele agora — disse enquanto saía, esbarrando propositalmente no meu ombro dolorido e sacando seu celular do bolso.

Passei dias convencida de que Axel tinha sabotado meu carro depois de vê-lo disfarçado de entregador na minha porta, eu só não sabia o que sentir, sabendo que na verdade foi Riv.

— Te entrego o carro em alguns minutos — disse Hidd, enquanto seguia Riv até perto da porta.

Eu ainda estava olhando para onde Riv parou, lendo algo em sua tela, quando Hidd começou a falar sobre os rumores que circulavam pela cidade.

Exatamente as mesmas coisas: perguntas, reclamações, idiotas negociando no ponto dos outros. Tudo o que Riv já sabia e estava pouco se fodendo, não era da conta dele.

Entrei em meu carro, observando os fios que Hidd colocou no lugar. Girei a chave no volante e todas as luzes do painel acenderam em perfeita ordem, exceto, pela mídia do GPS que estava com um pisca pisca. Não a tela, mas o rastreador, em uma sequência irritante e impossível de passar despercebida. Era como se o sinal estivesse falhando.

Meus olhos se prenderam ali, lembrando-me dos comentários que ouvi no bar sobre isso, mas as engrenagens do meu cérebro agiram sozinhas.

Toquei o dedo indicador no volante para um ponto, quando piscava rapidamente, e o polegar, para um traço, quando a falha demorava um pouco.

— Filha da mãe! — murmurei, abrindo o porta luvas e vasculhando as pressas, a procura de uma caneta. Voltei a olhar para o painel, riscando na palma da minha mão o que eu achava que era uma mensagem.

My Nemesis - Dark RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora