8 - Entre a dor e o desejo

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POV James Cartier

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POV James Cartier

O silêncio que se seguiu à súbita interrupção da transmissão de Sn cortou como uma faca. O pânico se instalou em mim. A adrenalina pulsava nas minhas veias, enquanto cada segundo parecia se arrastar. Acabávamos de nos reencontrar, e eu não podia, não queria perder ela novamente. Com o coração acelerado, corri pelo labirinto do esgoto, meu foco estava apenas em encontrá-la.

Logo, avistei uma lixeira e corri até ela, mas meu coração despencou ao perceber que ela não estava ali. Continuei a busca, a respiração pesada e os pensamentos turbilhonando. Quando me deparei com um PM, não hesitei: levantei minha arma e disparei. O som do tiro reverberou no ar, e o impacto do corpo caindo ao chão quase me fez perder a linha de raciocínio. A única coisa que importava agora era encontrar Sn.

Finalmente, encontrei outra lixeira, e o que vi ao redor dela fez meu coração desabar. Perto, gotas de sangue manchavam o chão. E ali estava Sn, encostada, pálida e fraquejante. O desespero tomou conta de mim enquanto corria até ela, o mundo ao nosso redor se tornava um borrão. Sem pensar, avisei pelo rádio que a havia encontrado e a levantei nos braços, pressionando a ferida dela com toda a força que conseguia reunir, esperando ansiosamente pela chegada da Cecília. Cada segundo que passava parecia uma eternidade.

Quando finalmente chegamos ao hospital clandestino, um turbilhão de emoções tomou conta de mim. Carregando Sn, atravessamos o ambiente cheio de agitação e tensão. O cheiro de antisséptico era forte, misturado ao som de vozes apressadas. Horas pareceram se arrastar até que a médica apareceu.

— A Sn está estável. O tiro não atingiu órgãos vitais; a cirurgia foi um sucesso. Ela está na sala de recuperação e poderá ir para casa amanhã, mas precisará de repouso absoluto. Alguém deve ficar com ela.

— Eu vou cuidar dela — respondi, firme. A determinação era um impulso que não me deixava. Olhei para Cecília, que parecia querer protestar, mas ela apenas assentiu.

A médica nos conduziu até o quarto, e ao entrar, uma onda de alívio e preocupação me envolveu. Sn estava deitada, seu rosto sereno contrastando com a fragilidade que sentia. Sentei-me ao seu lado e segurei sua mão. A temperatura dela me deu um pouco de conforto, mas a culpa me consumia. O quanto eu desejava ter a protegido, ter feito mais. Tinha medo de que sua confissão de amor, antes da balas, tivesse sido apenas um desabafo no calor do momento. Mas, naquele instante, ela apertou minha mão, e isso me trouxe de volta à realidade.

— Água... — sussurrou, quebrando o silêncio. Sua voz era um fio de som.

Levantei-me rapidamente e peguei um copo de água, ajudando-a a beber. Cada gole era uma vitória, e eu a observava com atenção, preocupado com cada movimento.

— Nós ganhamos? — perguntou, tentando sorrir, mas a fraqueza era evidente.

— Sim, amor, nós ganhamos — respondi, um sorriso involuntário surgindo em meu rosto, apesar da situação. — Como você está se sentindo?

Entre o Amor e o Caos.Onde histórias criam vida. Descubra agora