No limite entre o amor e a destruição, Sn e Cristal enfrentam um turbilhão de emoções e segredos que podem mudar suas vidas para sempre. Com um passado marcado por acordos dolorosos, paixões proibidas e a constante ameaça de uma guerra entre facções...
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POV Sn Giorno
O som dos motores ecoava pela garagem, o ambiente familiar de fumaça e borracha queimando tentando trazer uma sensação de normalidade. As meninas, ainda cheias de adrenalina da ação anterior, voltaram ao ritmo acelerado de trabalho, vendendo peças, ajustando os carros e saindo para corridas pelas ruas. A atmosfera estava carregada de movimento, mas eu me mantive à parte, observando com olhos afiados, tentando parecer no controle. Mas, por dentro, o cansaço pesava como uma âncora.
Ajeitei-me na cadeira no canto da garagem, tentando ignorar os sinais evidentes de que meu corpo estava no limite. Minhas mãos tremiam levemente, e por mais que eu tentasse disfarçar, era como se cada movimento exigisse um esforço enorme. Olhei para o punhado de papéis à minha frente, números e letras embaralhando-se em uma dança confusa. Respirei fundo, forçando-me a focar.
Ao meu redor, o burburinho das conversas entre as meninas era constante. Elas estavam focadas nas corridas e nas vendas, mas a adrenalina do conflito ainda pairava no ar como uma nuvem invisível. A energia delas contrastava com a exaustão que tomava conta de mim. Tentei ignorar a dor de cabeça latejante que se espalhava pela minha testa, como uma faca fincada em minha têmpora.
— Sn, você precisa descansar um pouco — disse Hailey, uma das meninas mais novas, com uma preocupação evidente no olhar. Ela me lançou um olhar de soslaio, enquanto ajustava os pneus de um dos carros.
Eu dei um sorriso forçado, tentando afastar o desconforto da mente.
— Estou bem. Temos muita coisa para resolver — minha voz saiu firme, embora houvesse uma parte de mim que sabia o quanto estava mentindo. Lara hesitou por um segundo, mas não insistiu, voltando ao seu trabalho. Eu odiava admitir que talvez ela estivesse certa.
Tentei concentrar-me novamente nos papéis, mas a dor nas têmporas se intensificava, e minha visão parecia oscilar, desfocando por alguns segundos antes de voltar ao normal. O cansaço não era apenas físico. Era como se cada parte de mim estivesse se esvaindo lentamente. As lembranças da batalha, da tensão com Madison, tudo parecia estar me esmagando. Meu corpo sabia o que eu teimava em não reconhecer: eu precisava de uma pausa. Mas desistir, mesmo que por um momento, parecia inconcebível.
Eu me levantei, os músculos protestando com uma rigidez que não era típica. A garagem estava cheia de vida, mas, para mim, tudo parecia um borrão. Fui até Cecília, que estava ajustando o motor de um carro, suas mãos cobertas de graxa. Ela olhou para mim por um momento, percebendo minha fraqueza, mas preferiu não comentar.
— Está tudo em ordem aqui? — perguntei, tentando soar como se estivesse no comando, como se a situação estivesse sob controle. Ela apenas assentiu, mas eu sabia que ela podia ver através da minha fachada.
O cheiro de óleo e fumaça que normalmente me trazia uma sensação de poder agora apenas aumentava a náusea crescente. O calor da garagem, misturado ao barulho incessante, parecia apertar meu peito, dificultando a respiração. Meus olhos piscavam mais do que o normal, tentando manter o foco, e as pontas dos meus dedos estavam dormentes.
