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Ouço barulhos vindo lá da entrada dos fundos da minha casa. Eu moro sozinha e estava secando o cabelo, mesmo com secador fazendo barulho eu consegui ouvir um barulho ainda mais alto. Desliguei da tomada e vou carregando o secador como se fosse uma arma para atacar o possível invasor na minha casa.
Chegando lá, encontro um corpo masculino todo fodido e machucado no chão lindinho da minha casa. Ergo minha super arma pra cima pra descer a porrada nesse tarado mas reconheci o cabelo azulado. E ele falou comigo. É... É o meu ex namorado.
― Tomura...? ― abaixo o secador deixando na mesinha de decoração ao lado e me abaixo na altura dele. ― Você tá todo ferido, o que aconteceu? ― seguro o rosto dele com jeitinho e olho bem seu rosto. Um olho muito muito roxo e inchado que ele nem consegue abrir direito. Os ossos das mãos estão ralados, e ele mal consegue falar direito porque tá com a boca cheia de sangue e toda cortada também. Suspiro, eu ainda amo demais o Tomura. Terminamos porque... Porque ele não sai dessa vida de gangster, e eu já não aguentava mais vê-lo chegar machucado em casa ou cheio de problemas. A gente terminou faz cinco meses, ainda é muito difícil. Ele sempre chegava machucado algumas noites mas hoje parece que ele levou todas as porradas do passado de uma vez só, essa noite. Levanto ele com cuidado e ambos caminhamos até o banheiro. Não consigo deixá-lo aí sozinho pra tomar banho. Então eu o ajudo, esse é meu maior defeito. Eu ajudo demais as pessoas. ― Eu não vou nem falar nada sobre isso. Você pode dormir aqui no quarto de hóspedes tá bom? Vou te ajudar a tomar um banho.
Ele fala mais coisas porém eu o ignoro, dou um banho bem dado no seu corpo magro e quase desnutrido. Lavei seu rosto, seu cabelo sujo de lama e sangue. Depois o sequei com o maior cuidado, passei pomada por todos os lugares ralados e os machucados mais graves eu faço curativos com muito carinho e cuidado.
― É sua folga hoje?
Suspiro terminando de fazer o curativo no abdômen dele. E por fim sobrou alguns band-aides da hello kitty, então coloco esses no rosto dele. Eu sou medica pediatra. Então sempre.tenho tudo preparado aqui.
― Não vai me responder?
Continuo focada no meu trabalho. E com um outro secador, sequei o cabelo dele, pelo menos oitenta por cento. Porque já tá de noite e não posso continuar fazendo muito barulho.
― Eu te amo. Eu quero voltar.
Desligo o secador e solto um longo suspiro. Guardo as coisas e finalmente olhei nos olhos dele. No olho, quer dizer, o outro tá fechado de tão inchado.
― Amanhã a gente conversa..você tá machucado e tá falando coisas estranhas. ― seguro sua cintura com cuidado e levo ele pro quarto de hóspedes mas ele não senta. Só fica em pé me encarando ― Tomura... Tomura não começa, deita aí, amanhã a gente conversa sobre isso. Você tá machucado. Não tá pensando direito.
― Eu pensei muito muito bem.
― Se pensou tão bem assim, por que voltou pra porta da minha casa, do mesmo jeito que sempre voltava? Quando é que essa vida vai acabar? ― ele fica em silêncio e eu respiro fundo passando as mãos nas têmporas, cansada disso. ― Só dorme aqui tá legal? Amanhã de manhã você vai embora. Nem precisa deixar a chave de baixo do tapete.
― Por que não?
― Eu vou me mudar.
― S/n? O que?
― Eu tenho grandes chamadas fora do país. Então ao invés de ter que ficar fazendo viagens de ida e volta. Eu vou me mudar de uma vez por todas.
― Pra onde?? Mas e a... E o que vai acontecer com a gente?
― Shigaraki Tomura! Não existe mais, "a gente", acabou? Entendeu? Acabou há 5 meses e você sabe todos os motivos! Mas se não ficou claro o suficiente deixa eu te lembrar. Você vem tarde da noite, bêbado, ou machucado ― vou contando nos dedos e tentando não chorar na frente dele ― Ou fedendo a maconha. Ou pior, chapado! Quando eu te conheci naquele barzinho eu jamais pensei que você seria esse tipo de cara. Mas eu me apaixonei!
― E então, você se arrepende?
― Me arrependo pra caralho. ― solto outro suspiro longo ― Dorme aí. Tá bom? Amanhã você vai embora e eu também. ― saio do quarto de hóspedes deixando a porta fechada e eu volto pro meu quarto, fechando a porta e trancando pra ele não tentar vir aqui e continuar conversando, eu não quero conversar, e não queria adiar mais nada da minha vida.
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E agora?
Como esse casal pode voltar a ser feliz?Continua na parte 2