Capítulo nove: Ninguém sofre sozinho
_____________________________Narrador personagem: Hillary Verena
~ Aracajú , segunda, 12:20A porta da casa se fechou com um leve estalo, e eu me deixei levar pelo silêncio acolhedor do lar. Assim que cruzei o umbral, a tensão acumulada em meus ombros parecia quase palpável. Com um suspiro profundo, dirigi-me ao banheiro, onde o vapor quente do chuveiro logo tomou conta do ambiente. A água escorria pelo meu corpo, levando consigo não apenas a sujeira do dia, mas também as inquietações que me atormentavam. Era como se cada gota fosse uma pequena libertação, um ritual que acalmava minha mente agitada.
Após me secar e vestir meu pijama de bolinhas que sempre me fazia sentir-me mais leve, acomodei-me na cama. O travesseiro parecia convidativo, mas os pensamentos fervilhavam em minha cabeça como abelhas em uma colmeia. O exame ainda pairava em minha mente, uma sombra incômoda que prometia respostas em quinze dias — quinze dias que pareciam uma eternidade. Fechei os olhos, tentando escapar da ansiedade, mas o sono não vinha.
Foi então que a porta do quarto se abriu lentamente. A figura da minha avó, surgiu no limiar da entrada. Seu olhar era de preocupação e carinho.
Teresa: Verena! Vem almoçar! — chamou com a voz suave.
Com relutância, levantei-me e segui até a cozinha. O aroma de comida caseira preenchia o ar, um consolo familiar em meio ao turbilhão emocional. Ao sentar-me à mesa, notei a ausência do vô e a inquietação se intensificou.
Verena: Cadê vô? — perguntei, tentando manter a voz serena.
Teresa ergueu os olhos do fogão com uma expressão preocupada.
Teresa: Ele disse que ia sair pra caminhar.
Verena: Essa hora? — repliquei, sentindo um frio na barriga.
Teresa: Ele não tá bem... — Teresa respondeu com um tom de voz que deixava claro que havia mais por trás da frase.
Desviei o olhar para o prato à minha frente enquanto mastigava lentamente. O peso da conversa anterior estava sempre presente. O nome de meu pai biológico ecoava em minha mente como um eco distante; a ideia de descobrir quem ele era me consumia.
Verena: Eu não vou sair de casa — disse de repente. — Mas se até o Gabriel quer saber se eu sou filho dele, imagina eu que sempre quis saber quem era o meu pai.
Um silêncio pesado tomou conta da cozinha até vó quebrá-lo novamente:
Teresa: Mas de qualquer forma você vai continuar mantendo contato com ele.
Revi os olhos e soltei um suspiro exasperado:
Verena: Vó, relaxa.
O olhar de Teresa tornou-se penetrante.
Teresa: Vai para o culto hoje? — perguntou ela, já adivinhando a resposta.
Assenti sem entusiasmo, mas logo notei a desconfiança nos olhos da avó.
Verena: Que foi, vó? Tá achando que eu já me desviei? — indaguei com uma mistura de humor e irritação.
Teresa manteve o olhar fixo:
Teresa: E você acha que eu duvido?
A tensão cresceu na sala enquanto sentia as palavras pesadas como chumbo.
Teresa: Se esse homem fosse peça boa, sua mãe não tinha saído do Rio corrida, sua prima não tinha morrido...
Uma onda de frustração subiu por meu corpo:
Verena: Mas ninguém é inocente!
Teresa: É isso que você fala agora? É isso, Verena? — A voz de vó aumentou gradualmente. — Você nem sabe se aquele satanás é seu pai e já está mudada. Você tá achando que pai é família? Não é não! E você vai ver... se esse exame der positivo...
Era como se cada palavra fosse uma facada em meu coração já ferido.
Interrompi:
Verena: Agora pronto! — Levantei-me abruptamente da mesa. — Perdi até a fome!
Teresa fez menção de chamá-la de volta:
Teresa: Verena, volte pra mesa!
Mas eu estava decidida:
Verena: Até quando isso? Eu sei o que estou fazendo!
A tensão explodia entre nós como uma tempestade prestes a desabar.
Teresa: Você sabe o que está fazendo? Daqui a pouco você vira as costas pra sua família!
Senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto sem aviso:
Verena: Claro que não! Para de ser narcisista por um instante, vó! Caramba... você acha que minha cabeça tá como? Você acha mesmo que eu tô bem? Desde quando a mãe morreu eu tomo os remédios do vô pra dormir!
A expressão de vó mudou rapidamente para preocupação genuína:
Teresa: Que história é essa?
Mas já estava cansada daquela conversa interminável e decidi me retirar:
Verena: Eu vou deitar... — sussurrei antes de voltar para meu quarto.
Fechando a porta atrás de mim, respirei fundo e deixei as lágrimas caírem livremente. O quarto era meu refúgio temporário num mundo confuso e doloroso. Na solidão daquele espaço familiar, permiti-me sentir tudo: medo, tristeza e uma esperança hesitante pelo futuro incerto que ainda estava por vir.
Vocês estão achando o quê do livro? Quero sinceridade.
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Amor ou Moral
FanfictionSinopse: Ao se apaixonar por GD, chefe do Complexo do Alemã, Hillary se vê em um dilema: seguir o caminho seguro e previsível que sua família planejou para ela ou arriscar tudo por um amor que a faz sentir viva. Enquanto os sentimentos intensos de H...