Capítulo 03

52 2 0
                                    

Capítulo três: O primeiro motivo
_____________________________

Narrador personagem: Hillary Verena
~ Complexo do Alemão, terça-feira, 01: 20.

Eu estava dormindo no sofá, o som suave da televisão ao fundo misturando-se com os meus sonhos. De repente, fui despertada por gritos desesperados. Abri os olhos atordoada e, ao focar, vi Ana Luiza em um estado de desespero total, lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto Larissa, irmã de Gabriel, tentava acalmá-la.

Verena: O que tá acontecendo? - minha voz saiu arrastada, ainda tentando entender a cena diante de mim.

Ana Luiza olhou para mim com os olhos arregalados, o sofrimento estampado em seu rosto.

Ana Luiza: Verena!!!! A Beatriz morreu! - As palavras caíram como um peso sobre mim. Senti minhas pernas falharem e eu quase desmoronei no sofá.

Larissa, percebendo a intensidade da situação, interveio rapidamente.

Larissa: Fala com calma, você vai assustar ela ainda mais. - Mas era tarde demais; o pânico já havia tomado conta do ambiente.

Eu fiquei encarando as duas, paralisada e sem saber o que fazer. As palavras de Larissa ecoavam na minha mente enquanto tentava processar a notícia devastadora. O que tinha acontecido? Como isso poderia ser verdade?

Larissa começou a explicar, sua voz tremendo:

Larissa: Recebi a informação do meu irmão... assassinaram a Beatriz e o cara com quem ela saiu.- Cada palavra parecia perfurar meu coração. Meu corpo ficou gelado e uma onda de confusão tomou conta de mim.

Questão de minutos depois, ouvi barulhos na entrada da casa. Os caras que tinham aparecido no jantar mais cedo começaram a chegar, preocupados e agitados. Eu estava perdida em meio a tudo isso. O medo se instalou em mim como um intruso indesejado. O que eu diria para Ana Luiza? Como contaria à família? À avó? À tia? A ideia de ter que lidar com essa dor era insuportável.

E então veio a culpa, pesada como uma âncora. Eu havia aceitado que Beatriz mentisse para minha avó sobre onde a gente estava indo. Se eu tivesse feito algo diferente... Se eu tivesse insistido pra gente não sair... A angústia se acumulou dentro de mim como um turbilhão incontrolável.

Enquanto os homens entravam na sala, suas expressões mudando de preocupação para pavor ao perceberem o clima pesado, eu sabia que precisava ser forte por Ana Luiza. Mas como ser forte quando tudo parecia desmoronar ao nosso redor?

A sala estava repleta de uma tensão palpável. Todos os rostos se voltaram para Ana Luiza, que ainda estava em choque, com Larissa ao seu lado tentando manter a calma. Os rapazes, que antes estavam tão alegres durante o jantar, agora pareciam perdidos, sem entender a gravidade da situação.

Larissa respirou fundo e começou a contar novamente o que sabia.

Larissa: Eu acho que foi Gabriel.

Verena: Por que ele faria isso? - Perguntei sem acreditar no que ela dizia.

Larissa: Eu não sei, é só achismo. - Estava na cara que ela estava mentindo.

Verena: Fala a verdade. - Larissa engoliu seco.

Larissa: O Guto estava traindo a facção, pelo o que chegou até mim. Já tinham dado o decreto.

Amor ou MoralOnde histórias criam vida. Descubra agora