Capítulo 34

11 4 1
                                    

Capítulo trinta e quatro: Sombras e Segredos
_____________________________

Narrador personagem: Hillary Verena
~ Complexo do Alemão, segundos-feira, 19:00

semanas depois...

Eu não sou mais a mesma de três meses atrás, e ninguém tem ideia de como isso me consome por dentro. Minha vida foi arrancada de mim. Larguei os estudos, meus planos, meus sonhos. Agora, estou presa no morro, sem poder sair porque tem alguém querendo me matar. E o pior de tudo? O culpado pela morte dos meus avós ainda anda por aí, livre. Isso me queima por dentro. E quem fez isso... vai pagar caro. É uma promessa que me repito todos os dias.

Morar em cima do salão da Larissa virou uma nova rotina. Não que eu tenha muita escolha. Ela precisava de ajuda, e agora trabalho lá em troca de um teto. Passo horas fazendo progressiva no cabelo das meninas, ouvindo fofocas que de nada me servem, mas que de alguma forma preenchem o silêncio. Às vezes, me pego pensando em como minha vida era tão diferente antes. Livre. Mas isso acabou.

Breno... ele foi o único que realmente me ajudou. Ensinou-me a atirar, escondido de GD, claro. GD acha que controla tudo, que eu não percebo os vapores que ele manda me seguir. Mas eu vejo. Eles acham que são discretos, mas estão sempre por perto, me lembrando que, por mais que eu tente fingir que sou livre, estou presa a esse lugar.

Depois de horas em pé no salão, minhas costas doíam como se eu tivesse carregado o mundo nas costas. "Meu Deus, que dor nas costas..." murmurei para mim mesma ao subir para casa e tomar um banho. Era o único momento do dia em que eu conseguia respirar um pouco. Saí do banheiro enrolada na toalha, e o susto foi instantâneo ao ver Breno sentado no sofá da sala, casual como se fosse o dono do lugar. Eu ainda não tinha me acostumado a ter móveis, era uma das poucas mudanças boas na minha nova vida.

Verena: O que você tá fazendo aqui?

Breno: GD te mandou ir lá na salinha.

Eu bufei, cansada dessas ordens sem sentido.

Verena: O que ele quer?

Breno: Ele não falou nada.

Eu o encarei, percebendo que tinha algo de errado. Breno sempre foi direto, mas dessa vez, ele parecia desconfortável, como se estivesse escondendo algo de mim.

Verena: O que tá pegando?

Ele hesitou por um segundo, me olhando de um jeito que dizia mais do que as palavras que saíram de sua boca.

Breno: Chegou uma mulher...

Fiz uma careta. Outra mulher na vida de GD? Não era incomum ele receber visitas inesperadas, mas algo no tom de Breno me deixou alerta.

Verena: Hum...

Breno: Ela passou horas conversando com ele na casa dele. Até agora, não saiu.

Minha mente começou a correr. Quem era essa mulher? O que ela queria com GD?

Verena: Namorada dele?

Breno soltou uma risada curta, quase cínica.

Breno: Não, velha demais pra isso. Ele só gosta de novinha.

Revirei os olhos, enojada. A maneira como GD tratava as mulheres, como se fossem objetos descartáveis, sempre me causou repulsa.

Verena: Vou vestir a roupa pra ver o que ele quer.

Me levantei, pronta para enfrentar mais uma rodada de mistérios e segredos que cercam GD. Antes que eu pudesse sair, Breno se levantou e fez um gesto que me parou no meio do caminho.

Breno: Já vou indo, ele tá na salinha. – Ele hesitou, me observando por um segundo antes de continuar. – Hum...

Eu o encarei, esperando.

Breno: Toma.

Ele colocou uma arma em cima da mesa, seu olhar firme. Aquela arma era um lembrete do mundo em que estávamos. Do perigo constante que cercava a todos nós. Eu já sabia manuseá-la, mas o gesto dele me fez entender que as coisas estavam prestes a ficar ainda mais perigosas.

Peguei a arma, sentindo o peso familiar em minhas mãos. Não era só uma arma. Era uma garantia de que eu não seria pega de surpresa. Não mais.

Verena: Valeu. – murmurei, com um aceno curto.

Breno saiu sem dizer mais nada, e o silêncio na sala voltou a me envolver. Eu me troquei rapidamente, os pensamentos rodopiando na minha cabeça. Quem era essa mulher? E por que ela estava passando tanto tempo com GD? Algo estava errado, e eu precisava descobrir o que era.

Desci as escadas, a arma presa na minha cintura, oculta sob a blusa larga. Enquanto atravessava o morro até a salinha, senti os olhares dos vapores de GD me seguindo, como sempre. Eles acham que me vigiam, que sabem de tudo o que faço, mas estão enganados. Eu estou sempre um passo à frente.

Quando cheguei à salinha, respirei fundo antes de entrar. GD estava sentado, mexendo no celular, mas o ambiente estava carregado. Ele mal olhou para mim quando entrei.

Amor ou MoralOnde histórias criam vida. Descubra agora