Capítulo 39

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Capítulo trinta e nove: Entre Dor e Esperança
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Narrador personagem: Gabriel Duarte.
~ Rio de Janeiro, domingo, 16:00

Acordei com uma dor aguda nas costas. O cheiro de antisséptico e o tilintar de instrumentos médicos me cercavam, e a luz fluorescente acima de mim parecia uma lâmina afiada, cortando através do véu da inconsciência. Tentei me mover, mas uma onda de dor percorreu meu corpo, e rapidamente percebi que estava em um hospital. O coração disparou em meu peito. O que aconteceu? Onde estava?

As memórias começaram a fluir, como um rio turbulento. Lembrei do confronto, dos gritos, do disparo. A sensação do impacto da bala nas minhas costas, a visão turva enquanto eu caía no chão. Era uma lembrança que eu gostaria de apagar, mas ela se aglomerava em minha mente. Eu não sabia exatamente quantos dias haviam se passado, mas tinha certeza de que a vida, como a conhecia, estava prestes a mudar.

Um médico entrou, seu olhar profissional já acostumado com a cena.

Médico: Bom dia, senhor. Como está se sentindo?

GD: Estou vivo. É um começo, certo? – Tentei forçar um sorriso, mas a dor nas costas fez meu rosto contorcer, revelando a verdade que eu tentava esconder.

O médico olhou para os papéis em sua prancheta, e sua expressão tornou-se mais séria.

Médico: Você foi atingido nas costas. A bala causou danos nos músculos e nos nervos da região. Terá que passar por uma reabilitação intensa. Infelizmente, você ficará sem mobilidade por um tempo.

Aquelas palavras caíram sobre mim como uma tempestade. Sem mobilidade? A vida que eu levava exigia movimento, agilidade. Eu não poderia ficar parado. A ideia de ser um fardo, de depender dos outros, era insuportável. Uma onda de frustração se acumulou em meu peito.

GD: Por quanto tempo? O que isso significa? – A ansiedade começou a tomar conta de mim.

Médico: Pelo menos alguns meses. A recuperação vai depender da sua determinação e da resposta do seu corpo ao tratamento.

Fiquei em silêncio, processando a informação. A dor era palpável, mas o medo de perder o controle da minha vida era ainda mais intenso.

O enfermeiro saiu e eu acabei dormindo de novo, acordei com uma leve sensação de desconforto.

Verena: Gabriel?

Abri os olhos lentamente, e minha visão se ajustou à figura diante de mim. Era Verena. Aquele olhar, aquela presença, me trouxe um sopro de alívio e felicidade. No meio de toda a dor e incerteza, vê-la ali, mesmo em segredo, fez meu coração acelerar.

GD: Oi, Verena, - respondi, tentando forçar um sorriso, mas não consegui evitar que a dor nas costas se manifestasse em meu rosto. - O que você está fazendo aqui?

Verena: Eu não consegui ficar longe, - ela disse, sua voz cheia de preocupação e determinação. - Queria te ver.

Um misto de emoções tomou conta de mim. Parte de mim queria que ela estivesse lá, mas outra parte temia o que sua presença poderia significar. A minha mãe provavelmente não iria entender, e isso me deixou inquieto.

GD: Você não deveria estar aqui, - murmurei, mas a verdade era que eu estava feliz por ela ter ignorado esse aviso.

Verena: Eu sei, mas não me importo com o que a sua mãe pensa. Eu me preocupo com você, - ela afirmou, segurando minha mão com firmeza. O simples toque dela trouxe um conforto inesperado. - Como você está se sentindo? - Perguntou, olhando nos meus olhos, como se tentasse ver além da superfície.

GD: Melhor do que antes, - respondi, mas não pude evitar mencionar a dor. - A dor ainda é intensa, e a reabilitação vai ser difícil.

Ela assentiu, seu semblante sério.

Verena: Eu estou aqui para você, Gabriel.

As palavras dela me deram um pouco de força, e eu me lembrei do quanto ela sempre foi uma âncora na minha vida.

GD: Você sempre foi uma força para mim. Não sei o que faria sem você, - eu disse, sentindo uma onda de gratidão.

O ambiente estava mudando, e eu podia sentir que a tensão entre nós estava se dissipando. Verena sempre teve esse jeito especial de me fazer sentir que tudo ficaria bem.

GD: Você precisa ir, eu estou em cima de uma cama, se alguém aparecer aqui, não tenho como te proteger. - Ela começou a chorar.

Verena: Eu sei...

GD: Eu tenho uns contatos, posso falar com eles para te protegerem, até tudo voltar ao normal.

Verena: Não precisa, eu conheço alguém que pode me ajudar.

E por mais que eu quisesse que ela ficasse, eu não poderia fazer isso.

GD: Vai... - Ela assentiu e saiu da sala.

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