Capítulo 17

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Capítulo dezessete: Caos na Sala
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Narrador personagem: Larissa Duarte
~ Complexo do Alemão, Terça-feira, 23:00

Eu observava Verena enquanto ela tentava tranquilizar a avó pelo telefone. O sorriso tímido dela não escondia completamente a fragilidade que sentia. Graças a Deus estava tudo bem com ela, mas eu sabia que ainda havia um peso em seu coração.

Quando Verena desligou o celular, olhei para ela com preocupação.

Larissa: Tá se sentindo bem mesmo? - perguntei, tentando penetrar a barreira de seu silêncio. Ela assentiu vagamente, mas o brilho nos olhos dela não era o mesmo de antes. - Tô com fome, - declarei, quebrando o clima tenso.

Verena: Eu também.

Larissa: Tô com preguiça de cozinhar, vou pedir pizza pra gente. - A aceitação dela foi rápida e isso me trouxe um pouco de alívio.

Mas logo a conversa tomou um rumo inesperado.

Verena: Lari... - disse, olhando para baixo como se estivesse pesando suas palavras. - Eu acho melhor eu ficar na casa da Ana Luiza.

Larissa: Claro que não! Por que tá falando isso?- minha voz saiu mais alta do que eu pretendia.

Verena: Gabriel é o dono dessa casa, - ela disse com a voz baixa e hesitante. - Se ele não se sente bem comigo aqui, acho melhor eu sair.

Larissa: Gabriel é um otário, não liga, - retruquei, já irritada com a ideia dela ir embora.

Verena: Não consigo, - respondeu Verena, sua expressão se tornando mais séria.

Larissa: Verena... - tentei insistir em fazê-la ver o lado positivo.

Verena: Eu já falei com Ana Luiza, - ela interrompeu.

Larissa: Eu que sou sua irmã! - protestei, sentindo meu coração apertar ao perceber a distância que estava se formando entre nós.

Verena: Eu sei, - ela admitiu. - E por isso mesmo a gente pode se ver todo dia.

Larissa: Achei que você tava animada pra morar aqui comigo, - eu disse, tentando recordar os momentos bons que sonhávamos juntas.

Verena: Tô confusa... não sei se quero morar aqui, - ela revelou, seus olhos cheios de incertezas.

Larissa: Por que não? - perguntei desalentada.

Verena: Meus avós não querem que eu fique aqui, - disse ela rapidamente. - E eu não quero estar brigando com eles... Tirando você, eles são minha única família. - A menção à Ana Luiza trouxe uma sombra sobre seu rosto. - Ana Luiza até é também, mas Ana Luiza me vê como uma melhor amiga... sei lá, não sei explicar.

Não queria forçá-la a ficar; era um dilema doloroso.

Larissa: Mas você sabe que essa casa também é sua.

O silêncio entre nós aumentou, até que Verena finalmente falou:

Verena: É desconfortável ter que ver o cara que namorou a sua mãe, matou o seu pai... E ainda é um... - Ela hesitou em encontrar as palavras certas e acabou se calando. - Deixa pra lá, - murmurei. - Mas ele falou um bocado de merda no postinho... disse que eu queria ter relação sexual com ele.

A expressão dela mudou instantaneamente ao ouvir isso:

Larissa: Ele também me falou isso.

Verena: FALOU?

Larissa: Sim. Você comentou alguma coisa sobre isso com Ana Luiza? - perguntei intrigada.

Verena: O que eu falei pra ela não tem nada a ver com o que ele disse, - ela respondeu rapidamente.

Larissa: Gabriel entende só o que ele quer, - afirmei.

Verena balançou a cabeça em concordância:

Verena: Depois eu vou perguntar para a Ana Luiza pra quê peste ela foi falar aquilo pro Gabriel.

O clima pesado na sala foi interrompido pela campainha da porta; era a pizza! Pedi para Verena me ajudar e logo estávamos devorando as fatias enquanto assistíamos nossa série favorita na TV.

Foi então que tudo mudou em um instante. A porta se abriu com estrondo e Gabriel entrou na sala como se tivesse saído de um filme de terror: ensanguentado e gemendo de dor, acompanhado por um dos seus vapor.

Verena: AI MEU DEUS! - gritou Verena ao ver a cena chocante diante de nós.

Larissa: O que aconteceu? - perguntei correndo até ele enquanto meu coração disparava.

GD: Pode ir, - ele mandou para o vapor atrás dele antes de olhar para nós duas.

Corri até Gabriel e ao levantar sua camisa percebi um ferimento no ombro: um tiro de raspão! Mas havia hematomas e arranhões por todo seu corpo. O pânico tomou conta de mim enquanto olhei para Verena desesperada:

Larissa: Vai até o armário da cozinha e pega a caixa de primeiros socorros! - Ela assentiu rapidamente e saiu correndo em direção à cozinha. - Como foi isso - perguntei enquanto tentava entender a situação caótica diante dos meus olhos.

GD: Tentaram me matar... Eu acabei jogando a moto dentro de uma mata, - Gabriel explicou entre gemidos de dor.

Verena voltou com a caixa em mãos e ficou ao nosso lado enquanto observava os ferimentos dele com uma expressão misturada entre preocupação e raiva. Eu olhei para os ferimentos dele novamente e depois para a caixa; precisava agir rápido.

Verena: Você sabe fazer isso? - perguntei à Verena enquanto Gabriel parecia perder a paciência.

Ela assentiu timidamente, mas antes que pudesse dizer algo mais, Gabriel gritou:

GD: Deixa que eu mesmo faço essa porra! Passa a caixa pra cá!

Verena revirou os olhos e respondeu firme:

Verena: Deixa de ser insuportável por um tempo. - Ele olhou furioso para ela, mas sem forças para rebater.

Larissa: Vamos colocar ele no sofá, - sugeri rapidamente, sabendo que precisávamos agir antes que fosse tarde demais. Com esforço conjunto conseguimos acomodá-lo no sofá e logo Verena começou a fazer os curativos necessários nos ferimentos dele. A tensão na sala era palpável; cada movimento dela parecia ser uma batalha contra o tempo e contra os fantasmas do passado.

Enquanto observava aquela cena angustiante — Gabriel ferido e Verena determinada — percebi como tudo poderia mudar em questão de segundos.

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