Capítulo 28

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Capítulo vinte e oito: O Interrogatório.
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Narrador personagem: Hillary Verena
~ Aracajú, sábado, 09: 30.

Estava sentada em uma cadeira dura, na sala fria do delegado, com as mãos entrelaçadas sobre a mesa. O ambiente era opressivo, e a luz fluorescente parecia intensificar a dor que eu sentia por dentro. Era difícil acreditar que tudo isso estava acontecendo. A morte dos meus avós ainda estava fresca na minha mente, e agora eu estava sendo interrogada como se fosse uma criminosa.

O delegado entrou, sua expressão era séria. Ele se sentou à minha frente, cruzando os braços.

— Hillary, precisamos falar sobre o que aconteceu na noite da tragédia.

Eu respirei fundo, tentando controlar as emoções que ameaçavam transbordar.

Verena: Eu já disse tudo o que sei — respondi, a voz tremendo um pouco.

— Entendo, mas precisamos de mais detalhes. Você estava na casa deles naquela noite?

Verena: Sim — admiti, lembrando do calor do lar que agora parecia tão distante e frio. — Todo final de semana eu vinha pra Aracajú. Faço faculdade no interior, então, por conta da distância, eu durmo lá durante a semana.

Ele fez uma anotação em seu bloco e continuou.

— E você se lembra de ter visto alguém estranho por perto? Alguma coisa suspeita?

A lembrança daquelas horas passadas juntos me invadiu. A risada deles, as histórias contadas à mesa...

Verena: Não, não vi ninguém. Só nós três.

O delegado inclinou-se para frente, seus olhos fixos nos meus.

— Hillary, é importante que você seja honesta conosco. Qualquer detalhe pode fazer a diferença.

Eu queria gritar que eu não tinha nada para esconder! Que eu amava meus avós e nunca faria mal a eles! Mas as palavras não saíam como eu queria. Em vez disso, murmurei:

Verena: Eu só queria passar um tempo com eles.

Ele fez uma pausa, como se estivesse analisando cada palavra que eu dizia. Então perguntou:

— Você estava sozinha com eles durante todo o tempo?

Verena: Sim! — exagerei um pouco na resposta, mas era verdade. Era uma noite tranquila até que tudo mudou em um piscar de olhos.

— E quando você saiu da casa?

Aquela pergunta me pegou de surpresa. Eu hesitei por um momento, lembrando da última vez que olhei para eles. A imagem deles no carro me perseguia.

Verena: Como assim? Estávamos juntos.

O delegado continuou a me olhar intensamente.

— E o que você fez depois?

Verena: Voltamos para casa. — As lágrimas começaram a se acumular nos meus olhos enquanto a frustração crescia dentro de mim.

Ele parecia perceber minha angústia e suavizou o tom de voz.

— Hillary, eu sei que isso é difícil para você, mas precisamos entender tudo o que aconteceu naquela noite.

Olhei para baixo, tentando encontrar as palavras certas enquanto lembrava dos últimos momentos com eles. A risada deles ainda ecoava em minha mente, mas agora era acompanhada por um silêncio absoluto e ensurdecedor.

Amor ou MoralOnde histórias criam vida. Descubra agora