Capítulo quarenta e um: Um Novo Início No Rio
_____________________________Narrador personagem: Hillary Verena
~ Rio de Janeiro, quarta-feira, 07:00.O dia amanheceu com um sol forte e o céu sem nuvens enquanto o ônibus seguia pela estrada, me aproximando de uma cidade que eu conhecia bem demais e, ao mesmo tempo, parecia desconhecida. O Rio de Janeiro. Havia tantas lembranças enterradas naquela cidade – algumas boas, outras tão dolorosas que até agora me pergunto se fiz bem em voltar. Mas agora eu não estava sozinha. Italo estava ao meu lado, sempre com aquele semblante firme, mesmo que eu soubesse que ele também carregava seus medos e suas dúvidas.
Ele estava ao volante, concentrado na estrada, enquanto eu olhava para fora, observando a paisagem que mudava rapidamente. Era estranho pensar que estávamos deixando para trás nossas antigas vidas, nossos refúgios. E, agora, a cidade que parecia nos devorar com suas luzes e sombras seria nossa nova morada.
Verena: Italo... você tem certeza que é isso mesmo que quer? Sair do que era seguro para nós e se afundar logo aqui, nesse lugar que não é nada além de uma guerra?
Ele tirou uma das mãos do volante e a colocou sobre a minha. Ele me olhou, e naquele momento, senti a segurança que só ele conseguia transmitir.
Soares: Verena, eu te prometi que estaria com você, onde quer que fosse. E o Rio... por mais que seja perigoso, é o lugar onde tudo começou para você. Acredito que, de alguma forma, é aqui que vamos encontrar a justiça que buscamos.
Suspirei e me recostei no assento, encarando a cidade que se aproximava. A decisão de voltar ao Rio era arriscada, sim, mas Italo tinha razão. Era ali que nossos caminhos haviam se cruzado, onde toda a dor e injustiça começaram a me perseguir, e talvez fosse ali que eu teria alguma chance de confrontar meus demônios.
Quando finalmente entramos na cidade, eu senti o coração acelerar. As ruas estavam lotadas, carros, pessoas andando rápido, buzinas soando por todos os lados. Era um caos organizado, um emaranhado de vidas que se entrelaçavam na rotina frenética do Rio. As favelas nas encostas, os prédios altos, o movimento constante – tudo isso me lembrava de como aquele lugar era ao mesmo tempo bonito e assustador.
Seguimos em direção ao apartamento que Soares havia conseguido. Era pequeno, mas aconchegante. Localizado em um bairro menos perigoso, mas ainda assim próximo do que queríamos investigar. Depois de alguns minutos de silêncio, ele estacionou o carro na frente do prédio.
Soares: Bem-vinda ao nosso novo lar. – Ele disse, abrindo a porta do carro e pegando as malas no porta-malas.
Eu o ajudei a carregar nossas coisas para o apartamento. Quando entramos, ele colocou as malas no chão e olhou ao redor, como se estivesse inspecionando o lugar. Era um espaço simples, com uma pequena sala, uma cozinha modesta, e um quarto que dividíamos.
Soares: Olha, não é nada luxuoso, mas acho que a gente consegue se virar bem aqui. – Ele sorriu, tentando aliviar o peso da situação com um pouco de humor.
Verena: Luxo não é exatamente uma prioridade agora, Soares. – Ri, aliviando um pouco a tensão. – Mas confesso que, comparado a tudo o que já passei, isso aqui parece um palácio.
Italo deu uma risada suave e se aproximou da janela, puxando a cortina. Do alto, podíamos ver parte da cidade, com os prédios que se estendiam em várias direções e, ao fundo, as montanhas que cercavam o Rio de Janeiro. Era uma visão quase poética, um contraste gritante entre a beleza da cidade e tudo o que ela escondia.
Soares: Sabe, Verena, por mais que o Rio seja um lugar caótico, tenho a sensação de que é aqui que a gente vai encontrar as respostas que procura.- Ele fez uma pausa, pensativo. - E além disso, é aqui que vamos lutar pelo que acreditamos.
Eu me aproximei da janela e observei a cidade com ele, em silêncio. Italo tinha razão, como sempre. Ele parecia ter uma visão muito mais clara da nossa missão do que eu. Talvez fosse o seu jeito de lidar com a vida, essa firmeza que ele sempre demonstrava. Para ele, o Rio não era apenas um ponto no mapa. Era o palco da nossa luta por justiça e pela verdade.
Verena: Então... o que fazemos agora? – perguntei, ainda observando a vista.
Soares: Agora a gente se organiza. Preciso ver alguns contatos, reativar alguns contatos antigos que podem nos ajudar a entender melhor como as coisas funcionam agora. Muita coisa mudou, Verena, mas também muita coisa continua igual. – Ele suspirou. – E tem outra coisa... estou oficialmente na BOPE agora. Isso pode abrir algumas portas, mas também vai atrair atenção.
Eu franzi o cenho, lembrando de como a decisão dele de entrar na BOPE era um tanto controversa. Estar na linha de frente, em uma posição tão perigosa, significava que ele não estaria apenas lidando com criminosos, mas também com um sistema falho que, muitas vezes, falhava em proteger as pessoas.
Verena: Soares... só me promete que vai tomar cuidado. Não quero perder você.
Italo virou-se para mim, e por um segundo, seus olhos endureceram, como se ele estivesse pesando as palavras antes de respondê-las.
Soares: Eu prometo, Verena. Mas preciso que você também tome cuidado. Vamos estar em um lugar onde as coisas podem sair do controle a qualquer momento. Qualquer movimento errado pode nos colocar em uma posição perigosa.
Assenti, ciente dos riscos. Eu sabia que não seria fácil, mas estar ao lado dele me dava uma sensação de segurança que eu não sentia há muito tempo. Soares era minha âncora, meu apoio em meio ao caos, e saber que ele estaria ao meu lado me dava força para enfrentar tudo o que viesse.
Mais tarde, enquanto organizávamos nossas coisas no apartamento, decidimos dar uma volta pelo bairro. Queríamos conhecer a área, ver o que estava ao nosso redor e, principalmente, entender o que nos esperava. Caminhamos pelas ruas, passando por comércios locais, bares e pequenas lojas. A maioria das pessoas parecia desconfiada, com olhares furtivos e passos apressados. Era como se todos ali soubessem que o Rio de Janeiro era um campo minado, onde qualquer passo em falso podia ser fatal.
Andamos até uma praça próxima, onde algumas crianças brincavam, rindo e correndo despreocupadas. Aquela cena era um respiro em meio ao caos. Ver as crianças sorrindo me fez lembrar da inocência perdida, do que a violência da cidade nos tirou. Senti um aperto no peito, mas Soares, percebendo minha inquietação, colocou a mão em meu ombro.
Soares: Essas crianças... elas são a razão pela qual estamos aqui, Verena. Se conseguimos tornar esse lugar um pouco mais seguro, então nossa luta vai ter valido a pena.
Eu sorri, tocada pela sensibilidade dele. Soares era assim – um soldado no campo de batalha, mas com um coração tão grande que parecia carregar a dor de todas as pessoas ao seu redor.
Quando voltamos para o apartamento, já era tarde. Cozinhamos algo simples para o jantar, e enquanto comíamos, discutimos nossos próximos passos. Havia muito a fazer, muitas pontas soltas e perigos para enfrentar. Mas, naquela noite, sob a luz fraca da sala e o som distante do trânsito, sentimos que, de alguma forma, havíamos encontrado um lar em meio ao caos.
Soares: Sabe, eu penso muito sobre tudo o que passamos para chegar aqui. E sei que nada disso foi fácil para você. Mas a verdade é que, por mais difícil que seja, eu acredito que estamos onde deveríamos estar.
Verena: Eu também acho. Talvez esse seja o nosso destino, sabe? Lutar até o fim, mesmo que isso signifique encarar os piores lados dessa cidade.
Italo se recostou no sofá, pensativo, e eu pude ver o cansaço em seu rosto. Mas, ao mesmo tempo, havia uma determinação inquebrável em seus olhos. Ele estava disposto a tudo por justiça, e eu sabia que, ao lado dele, eu também estaria disposta a enfrentar qualquer coisa.
E assim, naquela noite, decidimos que o Rio de Janeiro seria nosso campo de batalha, mas também o lugar onde buscaríamos a paz que tanto desejávamos. Sabíamos que seria difícil, sabíamos que teríamos que enfrentar nossos próprios medos e traumas, mas estávamos juntos.
E, juntos, éramos mais fortes do que qualquer guerra que aquela cidade pudesse nos impor.
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Amor ou Moral
FanfictionSinopse: Ao se apaixonar por GD, chefe do Complexo do Alemã, Hillary se vê em um dilema: seguir o caminho seguro e previsível que sua família planejou para ela ou arriscar tudo por um amor que a faz sentir viva. Enquanto os sentimentos intensos de H...