Capítulo 11

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Capítulo 11: A Revelação
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Narrador personagem: Hillary Verena
~ Aracajú , segunda, 08:00

Finalmente, o dia havia chegado. O dia em que eu descobriria a verdade sobre quem eu realmente era e se, de fato, era filha do Gabriel. A expectativa estava me consumindo. Larissa não pôde vir; algo aconteceu, mas Gabriel não quis entrar em detalhes. E eu, por um impulso de respeito, não perguntei. Naquele momento, eu já sabia que a presença dela teria trazido um pouco mais de conforto para mim.

Entrei na clínica com meus avós. O cheiro de desinfetante era forte, quase sufocante, e o som das conversas ao fundo parecia um eco distante da tempestade que se formava dentro de mim. Gabriel estava lá na recepção, sua figura familiar, mas ao mesmo tempo tão estranha. Ele olhava para o chão, perdido em pensamentos que eu desejava poder compartilhar.

Nos sentamos juntos em um banco que parecia projetado para ser o mais desconfortável possível. O silêncio se instalou entre nós como uma névoa densa. Eu olhava para os rostos das pessoas que passavam, tentando encontrar alguma distração, mas nada parecia importar. Tudo girava em torno daquele momento.

Foi meu avô quem decidiu quebrar o silêncio constrangedor. Ele começou a fazer perguntas descontraídas para Gabriel, como se estivéssemos apenas em uma conversa casual sobre o tempo ou sobre futebol.

Raul: E aí, Gabriel! Como andam as coisas na sua vida? - Ele falava com uma animação que contrastava com a atmosfera pesada que nos envolvia.

Gabriel forçou um sorriso que não chegava aos olhos e respondia com palavras curtas e evasivas. Eu percebia o quanto ele estava distante; era como se ele estivesse ali fisicamente, mas emocionalmente em outro lugar — talvez em um mundo onde eu não existia.

Então, finalmente, uma mulher entrou na sala com uma pasta nas mãos. Ela tinha um ar profissional e ao mesmo tempo acolhedor. Meu coração começou a acelerar enquanto ela se aproximava de nós. O momento parecia estar se arrastando como um filme lento.

— Verena? — ela chamou meu nome com uma voz suave.

Eu acenei lentamente, sentindo meu estômago revirar enquanto ela abria a pasta e começava a ler os resultados do exame. As palavras dela saíam como balas disparadas: "O resultado é negativo."

Naquele instante, tudo desmoronou ao meu redor. Uma onda de tontura me atingiu como um soco no estômago. O "negativo" reverberou na minha mente como um eco cruel e devastador. Todas as esperanças e sonhos que eu havia alimentado foram levados embora num instante.

Gabriel não disse nada; ele simplesmente se levantou e saiu da clínica como se nada tivesse acontecido — como se todos aqueles dias de espera e expectativa fossem apenas uma ilusão passageira. Ele desapareceu pela porta sem olhar para trás, levando consigo a parte de mim que ainda acreditava que havia algo ali entre nós.

Fiquei paralisada por um momento, absorvendo o impacto do que acabara de acontecer. Meus avós me olhavam com preocupação, mas suas vozes eram apenas murmúrios distantes em meio ao turbilhão mental que eu enfrentava agora. A dor da rejeição era aguda; eu me sentia invisível naquele momento crucial.

Raul: Vamos embora? — perguntou meu avô com um tom suave.

Eu apenas acenei com a cabeça, lutando contra as lágrimas que ameaçavam escapar dos meus olhos. Enquanto caminhávamos para fora da clínica sob aquele céu cinzento e pesado, olhei pela janela e vi Gabriel andando apressadamente pela calçada. A imagem dele desaparecendo foi como uma lâmina afiada cortando meu coração.

Era difícil acreditar que tudo tinha mudado em questão de minutos. Agora eu estava diante do abismo da incerteza sobre quem realmente era e qual seria meu futuro sem aquele laço que tanto desejava ter com ele. A verdade parecia mais distante do que nunca, e percebi que ainda havia muito mais a descobrir — sobre mim mesma e sobre as relações complicadas que agora pareciam tão frágeis quanto papel molhado.

Ao sair da clínica sob aquele céu cinzento do dia nublado, sabia que essa era apenas a primeira etapa de uma jornada dolorosa e reveladora pela frente. Meu coração ainda pulsava rápido enquanto pensava nas respostas que tanto precisava — não apenas sobre Gabriel, mas também sobre mim mesma e meu lugar no mundo.

O caminho de volta para casa foi um silêncio pesado, como se o ar estivesse carregado de perguntas não ditas. Meus avós tentavam conversar sobre trivialidades, mas suas palavras soavam como ecos distantes. Eu me sentia isolada, presa em uma bolha de desilusão. A verdade que eu tanto buscava agora parecia uma miragem, mais distante do que nunca.

Quando finalmente chegamos em casa, o ambiente familiar parecia estranho. Cada objeto, cada canto, estava impregnado de uma sensação de normalidade que eu já não conseguia sentir. Era como se a casa estivesse em uma dimensão paralela à minha dor. Subi para o meu quarto e fechei a porta atrás de mim, buscando um pouco de isolamento para lidar com tudo aquilo.

Sentei na beira da cama e olhei para o teto, tentando processar o que acabara de acontecer. O "negativo" ecoava na minha mente. Eu não era filha do Gabriel. A ideia que eu havia construído em torno dele desmoronou como um castelo de cartas. A raiva e a tristeza se misturavam dentro de mim, criando um turbilhão emocional que me deixava exausta.

Decidi que precisava fazer algo — qualquer coisa — para extravasar essa dor. Peguei meu notebook e comecei a escrever. As palavras fluíam como um rio caudaloso, cada frase uma tentativa de colocar para fora o que estava entalado na minha garganta. Escrevi sobre a esperança que sentia antes da consulta, sobre a expectativa e a desilusão que agora me consumiam.

Conforme escrevia, percebi que havia mais do que apenas tristeza naquele momento; havia também um espaço vazio que precisava ser preenchido com novas verdades sobre mim mesma. O Gabriel era apenas uma parte da minha história, mas não a totalidade dela. Eu tinha amigos, família e sonhos que ainda estavam esperando por mim.

Após escrever por um bom tempo, levantei-me e fui até a janela. Olhei para fora e vi as folhas das árvores balançando suavemente ao vento. Era um lembrete sutil de que, mesmo diante da dor, a vida continuava lá fora. Decidi que não iria me deixar consumir por essa situação; eu precisava encontrar um novo caminho.

Amor ou MoralOnde histórias criam vida. Descubra agora