Melissa narrando
O tiro pegou no meu braço, mas a adrenalina não me permitiu sentir a dor. Estava morrendo de medo de algo acontecer com Raphael.
Ao ver meu braço sangrando, Raphael me protegeu com o corpo, um tiro pegou nas costas dele. Senti o impacto do corpo dele no meu. Aquilo me causou desespero.
Joguei meu corpo para o lado e apertei, mirando na testa de Cauê.
Cauê caiu para trás e Raphael caiu de joelhos.
- Raphael, fala comigo por favor. - Eu estava desesperada.
- Melissa, você está ferida. - O sangue ensopou minha roupa.
- É grave? Onde pegou o tiro? - Comecei a apalpar o corpo dele, meu coração batia freneticamente. Acho que isso liberou muita adrenalina, meu corpo começou a ficar estranho. Juntou a perda de sangue com o terror psicológico, o medo de Raphael estar ferido. Minha vista foi escurecendo e se fez um silêncio total.
Raphael narrando
Se Melissa não me tira naquele momento, podeira estar morto agora. O tiro ia pegar onde o colete não estava protegendo. Tinha acabado de chegar de uma reunião de oficiais, estava de colete e farda.
A vontade de encontra-la estava tão grande, que nem troquei de roupa.
Estava com medo de algo acontecer e estava morrendo de saudades. Até meu ciúme doentio me dominar.Vi que Cauê ia dar outro tiro e calculei que pegaria nas minhas costas, ali o colete protegeria. Abracei Melissa e senti o impacto do tiro.
O rosto de desespero dela ficou marcada em minha mente. Melissa reagiu, para me defender, atirando em Cauê.Aguentei a dor do impacto do tiro, minha perna falhou e eu caí de joelhos. Parecia que um peso tinha saído dos meus ombros ao ouvir Cauê cair no chão.
Melissa procurava por ferimentos em mim, seu rosto estava de pavor, apesar dela estar sangrando, estava preocupada comigo.Sua farda estava ensopada de sangue, em alguns minutos Melissa cambaleou, eu a segurei antes que sua cabeça batesse no chão.
- Capitão Raphael! - Ouvi alguém me chamar.
- Estou aqui! - Cabo José chegou de pressa.
- O que o Senhor quer que eu faça? - Ele olhava o corpo de Cauê e olhava para Melissa caída no chão.
- Temos que levar o corpo de Cauê, mas não posso esperar, Melissa está perdendo muito sangue.
- Tem mais meninos comigo, já levamos o outro senhor para a fronteira, eles estão voltando. - Falava de Gilson.
- Certo, traga esse corpo para mim, ok? - Falei de Cauê.
- Sim, senhor!
Peguei Melissa no colo e caminhei com ela, o mais rápido que pude, até onde meu carro estava parado. Deixei em um ponto estratégico, onde decidi me entregar para salvar Gilson. Já que eles achavam que ele era o namorado dela, fiquei com medo dele não aguentar a tortura.
Cheguei no meu carro, coloquei Melissa deitada e dirigi o mais rápido possível. Cruzei a fronteira, indo para o hospital militar. Tentei manter a calma, mas eu estava desesperado.
Ao chegar Melissa foi encaminhada para a cirurgia, a munição ainda estava no seu ombro.
Por ela ter perdido muito sangue, a cirurgia demoraria um pouco mais.Entrei no carro e fui em direção aos meninos que estavam voltando, os encontrei saindo da fronteira.
Me informaram que Gilson estava no hospital, mas que tinha escoriações e sua perna estava quebrada.
Teria que ficar em observação.Coloquei Cauê no meu carro e fui para o instituto médico legal. Expliquei a situação e pedi o translado dele.
Eu teria que voltar junto com o corpo.Voltei para o hospital onde Melissa estava. Ela tinha acabado de sair da cirurgia, a transferiram para o quarto.
Entrei e ela esteva deitada, com uma tipóia no braço, tinha curativo e alguns pontos. Melissa respirava calmamente, sobre o efeito dos medicamentos.
- Oi Starbucks. - Passei a mão em seu rosto. - Espero que não sinta muita dor, você foi punida em meu lugar. Sinto muito por você ter que passar por isso. Desculpe meu ciúme exagerado, se te magoei com palavras. Você salvou a minha vida hoje. - Abaixei e dei um beijo em sua testa. - Tenho que cuidar do translado de Cauê, não posso ficar aqui por muito tempo. Vou ter que voltar com ele para a Espanha. - Passei a mão em seu rosto novamente. - Me desculpe ter que te deixar novamente. - Dei um beijo em sua testa. - Tenho que levar Abby para o aeroporto e depois vou para a Espanha com Cauê. Te amo.
Me virei para sair e ouvi a voz de Melissa.
- Rapha. - Aquilo me fez parar na hora. Isso é o que ela tinha sobre mim, domínio. - Você está bem? - Sua voz saiu rouca.
- Estou sim. - Me virei lentamente. - Estava com colete a prova de balas. Está com dor? - Perguntei com pesar, olhando seu rosto pálido.
- Um pouco, acredito que vá aumentar. - Ela fechou os olhos e forçou para engolir a saliva. - Então você vai embora novamente?
- Sim. - Abaixei os olhos.
- Te espero por quanto tempo agora? - Seus olhos estavam rasos de lágrimas.
- Não sei, tenho que por minha mente no lugar. Tenho que controlar meus sentimentos e impulsos.
- Enquanto isso eu faço o quê? - Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas.
- Eu não sei. - A olhava com dor.
- Você está desistindo de nós?
- Melissa, você é a pessoa que eu mais amo nessa vida. Seria capaz de morrer por você. Agora te devo minha vida, mas eu não quero ser a causa das suas dores, das suas tristezas. Sei que estou sendo um idiota, nesse momento. Mas eu tenho que aprender a lidar com esse sentimento idiota que nasceu em mim.
- Mas se você me deixar, vai ser a causa da minha dor e da minha tristeza do mesmo jeito. - Uma lágrima rolou em seu rosto. - Eu não consigo imaginar minha vida sem você, eu te amo Rapha. Mas eu falei que ia respeitar seus limites, então faça o que você tem que fazer.
- Desculpe, Melissa. - Me virei e andei até a porta. Sai sem olhar para trás. Se eu a abraçasse ou beijasse, não teria forças para sair depois.
Fui ao IML e informei o horário que iria pegar o corpo.
Fui para casa, teria que levar Abby no aeroporto.- Raphael, cadê Melissa? - Abby foi logo perguntando.
- Está no hospital.
- O que houve com ela? Por que você não ficou lá?
- Ela me salvou, tomou um tiro em meu lugar.
- Mentira! - Abby tapou a boca com as duas mãos.
- Vim pra te levar para o aeroporto, arrume suas coisas.
- E Gilson, como ele está?
- No hospital também.
- O que houve com ele? - Abby estava mega nervosa.
- Teve pequenos ferimentos e quebraram sua perna.
- Meu Deus, que monstros são esses?
- Agora você entende meu mundo? Entende porque não queria que você viesse para cá?
- Entendi. Me leve para ver Melissa antes de eu ir embora? Por favor.
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Raphael James Chevalier - Triologia Fake Love 3°
RomanceRaphael James Chevalier, terceiro livro da Trilogia Fake Love. Filho de Mahelí James e Alix Chevalier, gêmeo de Alanna James Chevalier e meio irmão de Igor De La Cruz. Filho de mafioso, não quis ser o sucessor do pai. Demorou se apaixonar, pois...