Capítulo 48

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Melissa narrando

Raphael saiu pela porta e eu desejei dormir e não acordar nunca mais.
Agora ele iria embora porque queria ficar longe de mim? Que dor insuportável.

Entendo que ele tenha que levar o corpo de Cauê, mas não saber quando volta é muita coisa para mim.
Meu coração batia triste, por que Cauê não acertou mais para o lado esquerdo?

Chorei até pegar no sono, não queria ter que acordar e não ter Raphael perto de mim, as lágrimas escorriam incansavelmente, como vou ficar sem ele?

Nem sei por quanto tempo dormi, acordei com uma batidinha na porta.

- Pode entrar. - Tentei falar alto.

- Olá, irmã. - Abby entrou no quarto.

- Oi, Abby. Como você está?

- Estou bem, já você... Está doendo muito? - Ela perguntou com os olhos tristes.

- Daqui a pouco me acostumo. Obrigada por ter vindo até aqui, antes de ir embora. Você é uma pessoa muito especial.

- Melissa, tomei um choque de realidade, isso sim. Só vivia na minha bolha, sem saber nada da vida. Meu pai é médico e ele sempre fala que somos como fumaça, aparecemos e logo vamos embora. Eu não dava muito ouvidos para isso, hoje vi que realmente é isso. Enquanto eu vivia minha vida mole, muitas pessoas morreram protegendo outras. Você estava bem, se divertindo comigo, do nada tudo virou de cabeça para baixo e aqui está você. - Seus olhos se encheram de lágrimas.

- Isso é verdade. Por isso devemos aproveitar cada segundo com quem amamos. Seja mais flexível e menos exigente.

- Será que Gilson pode receber visitas? Estou louca para vê-lo.

- Eu não sei o estado de saúde dele. - Fiquei um pouco ansiosa.

- Pelo o que sei, só está com a perna quebrada. - Abby falou.

- Graças a Deus. - Coloquei a mão na altura do coração.

- E você e Raphael ? Vão ser casar depois disso?

- Acho meio difícil. Ele está com um misto de sentimentos agora, tenho que dar tempo para ele. - Meus olhos estavam tristes.

- Homens. Você quer que eu brigue com ele? Posso fazer isso. - Ela falou tentando me animar.

- Não precisa. - Sorri. - Tenho que dar tempo a ele. - Tentei esconder minha dor.

- Mas se precisar, me fale.

Após alguns minutos de conversa, Abby se despediu. Ao abrir a porta para sair, Raquel e Eli estavam lá fora, de frente para a porta, esperando. Gilson estava na cadeira de rodas, todos entraram, Abby acabou ficando dentro do quarto.

- Amiga, como você está? - Raquel veio em minha direção, passou a mão no meu cabelo.

- Estou bem. - Meus olhos estavam rasos de lágrimas.

- Por que ele não entrou? - Ela perguntou baixo.

- Raphael está lá fora? - Perguntei com o coração partido.

- Está sim.

- Porque ele não quer me ver. Ah amiga, estou desesperada. - Comecei a chorar. - Ele vai voltar para a Espanha.

- O quê? Eu vou  falar com ele. - Raquel ameaçou se virar e eu segurei seu braço.

- Deixe. Não piore as coisas. - Funguei. Raquel passou a mão nos meus cabelos.

- Quem é essa ali perto do Gil? - Ela era boa em mudar de assunto, sempre evitou que as pessoas sofressem.

- É  a prima de Raphael, acho que você vai ganhar uma cunhada. - Sequei a lágrima e sorri.

Abby dava atenção para Gilson, ela ouvia Gil dizer como foi que ele acabou assim e como eu fui corajosa e certeira. Se referiu quando dei um tiro na mão de Cauê.

- Gilson, se você quiser, posso ficar aqui mais uns dias para cuidar de você.  - Abby falou.

- Sério? - Eu olhei para Raquel e Raquel olhou para mim.

- Meu pai e minha mãe são médicos, aprendi muita coisa com eles.

- Abby, eu não quero te dar trabalho. Agradeço pelo carinho. - Gilson sorriu gentilmente.

- Olha só, vou ali comunicar a Raphael que não vou viajar. Só volto para casa quando você estiver bem. Ah, tenho que te falar uma coisa:te achei lindo. - Ela sorriu e passou a mão no rosto de Gilson.

- Você é bem sincera, né? - Ele sorriu.

- Aprendi que não podemos perder tempo, a vida é curta. Você me achou legal?

- Te achei linda e divertida. Só não sei lidar com pessoas mimadas. - Ele franzia a sobrancelha.

- Por você, prometo tentar melhorar. Você quer namorar comigo?

- Oi? Assim do nada? - Eu prendia o riso do outro lado do quarto, Eli estava com cara de paisagem.

- Quer ou não? Se der certo, bom. Se não der certo, pelo menos tentamos.

- Quero. Tenho que pedir seus pais, a sua mão em namoro. - Gilson sorriu.

- Então é isso. Posso te dar um selinho para firmar nosso compromisso? - Ela perguntou empolgada.

- Pode. - Abby apoiou as mãos na cadeira e se inclinou para frente. Gilson segurou o rosto dela com as duas mãos e deu um beijo de novela na menina. Agora que ela gama de vez.

- Melissa, vou marcar meu casamento, você é a madrinha. - Abby falou, após o beijo e sorriu. - Já volto. - Ela deu um beijo na testa de Gilson e saiu.

- Vocês entenderam alguma coisa? - Eli falou finalmente.

- Não. - Falamos uníssono, inclusive Gilson. Caímos no riso.

- Então ganhamos uma  cunhadinha? - Raquel perguntou.

- É o que parece. - Gilson sorriu.

- Já estava na hora de desencalhar, né? - Falei.

Acabou o horário de visita e todos foram para casa. Meus amigos iam voltar para o Rio de Janeiro. Raquel escolheu servir lá. Eu ainda não tinha escolhido para onde ir, qual estado eu ficaria.
Fiquei aqui por causa de Raphael, não sabia se ele iria ficar aqui ou no Rio de Janeiro.

Decidi voltar para o lugar onde eu fui feliz com ele, pelo menos estaria perto dos meus parentes e na casa que tenho boas lembranças 

Raphael narrando

Deixei Abby aos cuidados de Gilson, ou Gilson aos cuidados de Abby, não sei ao certo e sai do hospital. Tudo já estava preparado para minha partida.

Colocaram o corpo de Cauê no avião e eu sentei na poltrona indicada. Liguei para Igor para avisar que o nosso tormento abri tinha acabado.
Ele ficou de ligar para Remo, pai de Cauê, entregaremos o corpo para ele.

Após muitas horas, desci na Espanha. Remo, meu pai  e Igor estavam me esperando no aeroporto.
Entreguei os documentos para Remo e fiquei com as cópias. Remo estava normal, nem parecia sofrer, pelo contrário, parecia ter tirado um peso das costas.
Me arrastei até o carro e entrei.

Após conversarem com Remo, meu pai e Igor entraram no carro.

- O que houve, filho? - Meu pai perguntou preocupado.

- Estou sentindo uma coisa ruim dentro de mim, não estou sabendo lidar.

- Me explica. - Ele falou.

- Estou morrendo de ciúmes da minha namorada, cheguei a ofendê-la. Não quero ser o motivo de sua tristeza, mas não consigo ficar longe. Tenho medo de ficar perto dela e machucá-la, por isso resolvi me afastar, até saber lidar com isso. O senhor consegue me entender?

Meu pai olhou para Igor e sorriu, como fosse expert no assunto.

- Você tinha que puxar isso de mim? - Meu pai sorriu. - Vou ter que contar um pouco da vida do seu velho pai.

Raphael James Chevalier - Triologia Fake Love 3° Onde histórias criam vida. Descubra agora