Capítulo 49

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Raphael narrando

Meu pai foi me contando sua história de vida, desde quando estava noivo de Lena.
Ele não confiava nas pessoas porque foi traído, eu não fui diretamente, mas sinto como se tivesse sido. Nem tenho  direito de me sentir assim com Melissa. Mas tenho algo guardado, um trauma, só pode ser isso que está me afetando.

Ele contou que minha mãe engravidou e ele cometeu a besteira de achar que os filhos não eram dele, que sofreu horrores quando ela perdeu os gêmeos. Ele desconfiou do seu melhor amigo, Alejandro De Lá Cruz, pai de Igor.

Contou ainda, que minha mãe esperou o tratamento psicologico dele ter fim, que assim que foi encontra-la na Califórnia, deu de cara com Bryan.
O mesmo Bryan que eu chamo de tio, meu pai achou que era namorado da minha mãe. Como ele aprendeu a controlar seus impulsos, não cometeu nenhuma injustiça e viu que a família de Bryan tinha adotado minha mãe como um membro da família.

- Preciso me tratar pai. Eu não quero perder Melissa, mas tenho que estar pronto para ela. 

- Se ela te ama, vai esperar. Mas mostre que você quer ficar com ela, não seja covarde a esse ponto. Imagine a cabeça dela agora? Ela quer se morreu em seu lugar e você a abandona.

- Vou fazer contato com ela. Obrigado pai por me ajudar. - Ouvir meu pai dizer aquilo me causou dor, por que eu estava sendo tão injusto com quem não merecia?

Cheguei em casa, tomei banho e deitei na cama. Meu pai ia para o funeral juntamente com Igor.
Como eu ia contactar Melissa? Nem peguei o contato dela , queria ter a memória fotográfica de Igor. Desci ligar para Abby, para pedir o contato.
Abby agora está namorando Gilson, Melissa está lá sofrendo com um tiro no braço e eu aqui com minha estupidez.

Mandei mensagem, porque não tive coragem de ligar. Ouvir a voz dela vai me machucar ainda mais, sou um covarde mesmo. Que coisa mais ridícula estou fazendo.

Oi Melissa. Sou eu, Raphael.
Já cheguei na Espanha, meu irmão e meu pai vão para o funeral de Cauê, está tudo bem por aqui. O pai de Cauê nos agradeceu por ter devolvido o corpo e pediu desculpas por todo transtorno.

Vou começar um tratamento psicológico, acho que essa adrenalina toda mexeu com minha mente, não estou conseguindo raciocinar direito.
Desculpe te causar dor, sei que tem dores que remédio não curam, não quero ser o motivo delas, apesar de já estar sendo.

Desculpe não estar presente no momento em que você está mais precisando. Obrigado por ter salvo a minha vida, te devo tudo. Volte para  o Rio de Janeiro, fique perto das pessoas que te amam.

Quando estiver pronto, voltarei para cumprir minha promessa. Espero que você me entenda e que em espere. Você é a melhor pessoa que já conheci, desculpe não estar totalmente preparado para você.

Te amo.

Enviei a mensagem e deitei na cama. Toda hora olhava para ver se ela tinha respondido.
No final da noite ela respondeu.

Queria que o tiro tivesse pego  mais para lado esquerdo, só assim acabaria com toda essa dor que estou sentindo, e não é a dor física.

Estou te dando o espaço que você precisa, se não quiser,não precisa voltar para o Brasil.
Não vou alimentar as expectativas e viver sofrendo todos os dias. Estou precisando de algo que me faça ter vontade de viver, no momento.

Espero que se cure logo, desculpe ter sido tão sincera com você, eu não devia ter me entregado tanto, ter contado as coisas abertamente, mas esse é o meu jeito transparente de ser.

Estarei voltando para o Rio de Janeiro, quero me agarrar as boas lembranças, quem sabe assim eu suporte.

Te amo como nunca amei e nunca vou amar ninguém, me desculpe se isso é um erro.

Fique bem logo, vou tentar não sofrer tanto.

Ler aquilo fez meu coração sangrar. Que idiota que eu sou.
Liguei para ela por três vezes, nas três vezes ela não atendeu.
Andei de um lado para o outro, não sabia o que fazer.

Minha mãe entrou no quarto e viu minha aflição. Contei a ela o que estava acontecendo, ela falou que se existe amor, Melissa entenderá. Mas que eu teria que ser forte para suportar a distância.

Deitei a cabeça no colo da minha mãe e me permiti chorar, adormeci assim.

No dia seguinte comecei meus tratamentos, isso levará um mês, se tiver bons resultados, caso contrário, vou ter que ficar mais meses no tratamento.

Melissa voltou para o Rio de Janeiro. Está morando na casa que deixei para ela, acho que foi para lá por causa das câmeras, sabe que posso vê -la daqui.

Ela não tem se alimentado direito, mando mensagens todos os dias para ele se alimentar, mas ela só olha a mensagem e não responde, passei a pedir para entregarem comida lá em casa, ela nunca come tudo.

Melissa tem cuidado do ombro sozinha, fico daqui a observando com o coração esmagado.
O psicólogo falou para eu não ver a câmera, mas é mais forte do que eu.
Ela está nesse situação por minha causa, me culpo todos os dias. Vou tentar ficar sem vê -la por uma semana, de repente eu tenha uma boa evolução no tratamento, daí volto logo para ela.

Melissa narrando

Após Raphael ir embora, me senti perdida. Entendo sua partida, mas relutei para entender a vontade de ficar longe de mim.
Acredito que Raphael já tenha passado por coisas horríveis, não quero ser um fardo em sua vida.

Mas, não posso mentir para mim mesma e nem para ele, tenho desejo de morrer todos os dias.
Entendo que ele tenha ciúmes de Gilson, afinal, ele esteve comigo todos os dias que eu estava sozinha. Raphael pode achar que estou escondendo algo. Mas eu sei o que fiz e quem sou.

Voltei para o Rio de Janeiro, estou destruída. Pela primeira vez menti para meus pais, disse que ficaria sendo cuidada por enfermeiros e que ficaria no apartamento de Raquel, compramos um apartamento para ela de presente de formatura.
Pedi para minha amiga guardar segredo.

Estou aqui, na casa onde tenho muitas boas lembranças, onde me esforcei para ser forte todos os dias.
Preferi ficar aqui, porque sei que Raphael me verá todos os dias. Eu não posso vê -lo, nem quero, isso aumentaria meu sofrimento. Mas, pelo menos ele me verá e eu tentarei seguir com a minha vida normalmente.

Tenho falta de apetite e me sinto desmotivada. Raphael manda mensagens todos os dias, pedindo que eu me alimente, mas eu não consigo.
Fico deitada o dia todo no quarto, dormindo e desmotivada.

Já faz quinze dias que estou vivendo esse tormento, as entregas de comidas começaram há uma semana. Não tenho vontade de comer, só quero dormir. Forço o máximo que posso, me alimento só para não piorar a minha situação.

Raphael James Chevalier - Triologia Fake Love 3° Onde histórias criam vida. Descubra agora