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Richard Ríos

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Richard Ríos

— Eu não a escondi! — ela continua, chorando. — Eu não a escondi, foi você que a recusou.

Vitória bate no meu peito com os punhos cerrados, e eu percebo que algo está mais fora do lugar do que eu pensava. Percebo que fodi seu coração nos últimos quatro anos.

— Vitória eu...

— Você não é pai dela! — ela ralha. — Deixou de ser quando eu te mandei a foto da porra do teste de gravidez — me empurra mais forte, furiosa —, e você perguntou como poderia saber que o filho era seu — sua voz falha e seus pulsos se chocam no meu peito — Ela soluça, me encarando com fúria por trás de toda a dor e isso me destrói. — Você sumiu!

— Me desculpa, Vitória.

Ela ri, com escárnio. Parece exausta. Parece capaz de me explodir com a força do pensamento.

— Eu nunca te abandonaria grávida, mas você precisa entender que eu tinha motivos para ter dúvidas!

Ela dá as costas, como se percebesse subitamente que essa conversa não
vale a pena. A assisto dar um ou dois passos e, para mim, basta. Não vou
deixá-la fugir de mim novamente, ainda mais levando minha filha consigo. Eu
seguro sua cintura e a capturo para mim. Seus olhos atingem os meus, suas mãos agarram meus ombros em busca
de apoio e ela arfa em surpresa.

Seus olhos são envoltos de um tom vermelho. Ela está sangrando por dentro. Eu quero que me deixe ajudar. Que me conte a verdade. Que me deixe curar o que está doendo.

— Você me abandonou, Richard — ela sussurra, pelos lábios trêmulos e eu sinto vontade de abraçá-la. De nunca deixá-la ir.

— Eu nunca te abandonaria.

Ela ri, descrente, e eu me desespero.

— Eu nunca te abandonaria, caralho!

— Eu tenho a porra da mensagem, Richard!

Fecho os olhos tentando me acalmar, a porra daquela maldita mensagem. Ofego, cansado, exausto. Passei quatro anos amando uma mulher que tinha uma filha minha, além de me odiar. Se não tivesse saido de casa mais cedo e parado para oferecer ajuda por acaso, morreria sem saber.

Isso não é justo. É desesperador, na verdade, pensar que perdi anos de vida da minha filha.

— Eu sei que eu fui um cuzão por ter te mandado a porra daquela mensagem Vi, eu estava magoado, você terminou comigo sem motivo algum, quando sempre prometemos ser sinceros um com o outro. Por favor, converse comigo. Por favor.

Acaricio a sua cintura e apoio a testa na sua. Respiro sua respiração, sinto sua pele quente contra meus dedos mesmo com o tecido entre nós e deixo o seu perfume invadir meus pulmões, mesmo que sangre. Vitória suspira. Suas mãos se movem para meu peito e eu sei que vai me afastar, mas ela hesita. Meus batimentos aceleram sob sua palma e eu espero que não duvide deles. Que saiba que cada um deles a pertence. Sempre pertenceu.

Mas ela me afasta, erguendo a cabeça para olhar no fundo dos meus olhos. Ela os analisa como um livro, lendo cada pedacinho deles. E eu deixo.

— Vamos conversar Vitória, por favor...

— Vai embora por favor Richard.

— Me dá uma chance, só me escuta.

— Vi, a Maju está acordando, vamos ? — O Diego diz saindo do carro e então somente a menção do nome da minha filha faz Vitória se afastar de mim.

Ela então entra no carro sem olhar para trás e o Diego se aproxima de mim, o encaro da mesma forma, não importa qual o tipo de relação eles tenham, ele não vai me intimidar.

— Minha vontade é socar essa sua cara, mas elas não merecem presenciar isso.

— Você não teria essa coragem. — Rebato.

— Você não faz ideia do que eu seria capaz de fazer para proteger as duas, principalmente de babacas como você.

— Você nem me conhece cara, você deveria saber que toda história tem dois lados.

— O seu lado da história não me interessa, mas se realmente está arrependido de ter sido um cuzão com elas, não adianta pressionar, ela só vai falar com você quando estiver pronta, e isso pode demorar dias, meses ou talvez nunca aconteça.

— E o que você quer que eu faça ?

— Deixe elas em paz.

Ele diz e também volta para o carro, um caralho que eu vou permitir que ela se afaste de mim novamente.

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