Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Richard Ríos
Meu coração dispara, aqueles olhos são inconfundíveis. Porra! Porra! Porra! Não sei como consigo respirar. Subitamente sou o mesmo garoto nervoso em me aproximar da garota que tirava fotos do time. O mesmo que mal conseguia pensar quando ela sorria. Estou hipnotizado por cada pequeno detalhe.
Vitória Almeida realmente foi a maior perda da minha vida. E está aqui, bem aqui. Ela paralisa, em completo choque, seu queixo despenca devagar e ela recua, quase ofegante, seu olhar endurece, sua boca se fecha. Antes que eu consiga dizer qualquer coisa um cara se aproxima e abraça ela de lado, eles trocam algumas palavras e no mesmo instante uma criaturinha usando um vestido florido sai do carro e pula no colo dele.
Volto o olhar para Vitória, lentamente processando e o mundo para por um momento. Meu sangue não flui, meu coração não funciona, o tempo não passa. É quase como se eu conseguisse ver o momento em câmera lenta. O momento em que minha vida muda.
— Mamãe o tio Diego disse que tem uma surpresa pra gente, podemos ir logo ? — a garotinha diz, seus olhos tem a cor dos meus, o formato é diferente, lembra ela, seu nariz é meu, sem sombra de dúvidas, e a covinha…
— Quantos anos ela tem? — pergunto enquanto tento controlar tudo que estou sentindo.
Ela me olha no fundo dos meus olhos, e não me responde.
— Está tudo bem aqui Vi ? — O cara pergunta e finalmente o reconheço.
— Ele já está indo embora, certo, Richard?
— Ele é minha ?
— Não. Ela é minha, Richard — diz, firme, deixando seu ódio nítido a cada sílaba.
— Não tem o direito de não me dar respostas, Vitória. — digo baixo.
— Você que não tem a porra do poder de me dizer os meus direitos aqui, Richard.— diz ainda mais baixo.
— Vi acho que aqui não é o melhor lugar para vocês conversarem. — Novamente ele nos interrompe e mesmo que não queira admitir ele tem razão.
— Mamãe, vamos nos atrasar para a nossa surpresa de aniversário.
— Vamos meu amor. — ela diz e tenta manter a voz firme enquanto caminha até o carro, mas é nítido que assim como eu, ela está completamente abalada.
— Onde eu posso te encontrar para conversarmos?
— Não temos nada para conversar.
— Eu tenho direito e você sabe Vitória.
— Direito ? Onde estava o seu direito quando eu fui para todas as reuniões de pais sozinha, porque estava sozinha? Onde estava seu direito quando tive que passar noites em claro cuidando dela quando adoecia, quase cochilando no trabalho no dia seguinte, porque isso era função só minha? Onde estava o seu direito quando era o meu pai que abraçava ela no Dia dos Pais porque era tudo o que ela tinha? Onde estava seu direito quando eu tive que mover rios e montanhas para ter dinheiro para tudo o que ela precisava e queria, mesmo me fodendo no processo?
— Então ela é minha, certo? Pelo jeito que fala…
— Ela é minha filha, Richard — repete, quase cuspindo as palavras e o Diego a puxa para o carro.
Estou a um passo de desabar, lembrando de tudo o que aconteceu, de que eu a deixei sozinha e o quão idiota eu fui, mas então ela se vira novamente em minha direção e dispara.
— Ela é minha e sempre vai ser minha. — Tento me aproximar e ela recua.
— Não acredito que fez isso comigo.
— Engraçado, Richard. Foi exatamente o que eu disse quando me mandou aquela maldita mensagem de texto.
É a última coisa que ela diz antes de entrar no carro, e o que eu poderia fazer ? Obrigá-la a falar comigo ? Tento me aproximar novamente mas dessa vez quem me impede é o Diego que me encara como se fosse capaz de me intimidar.
— Aqui não é lugar e nem hora pra isso. — ele diz.
— E quem você pensa que é pra decidir isso ?
— Alguém que se importa com elas, diferente de você.