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Vitória Almeida

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Vitória Almeida

Respiro fundo, o mais fundo que posso, tampando meus olhos. Não consigo respirar, não consigo crer que o enfrentei.

— Mamãe?

Respiro fundo de novo, abrindo os olhos e encontrando Maju me encarando com aqueles olhos que agora estão ainda mais parecidos com os dele. Respiro fundo mais uma vez, e mais uma, e mais uma. Ela é tudo de bom que aquele cara me deu.

— Você conhece aquele moço, mami? — Maju pergunta, confusa, e eu nego.

Eu achei que conhecesse. Um dia. Há muitos anos. Não é uma resposta que posso dar no momento.

— Ele te fez chorar?

Balanço a cabeça, pronta para mentir.

— Não, querida… — Limpo as lágrimas, tentando sorrir. — o nosso carro quebrou e nos atrasou para surpresa de aniversário e eu fiquei chateada, foi só isso.

Ela murcha os lábios, me abraçando e acariciando minha cabeça, como faço quando ela chora.

— Acontece, mami. Mas o tio Diego disse que ainda estão lá esperando a gente, não tem problema.

Fecho os olhos, tentando desesperadamente parar de chorar, mas não consigo.

— Shhh… Vai passar, mamãe. Vai ficar tudo bem.

— Desculpa ter te assustado.

Ela beija minha bochecha e me abraça mais forte, como quem diz que está tudo certo.

— Te amo muito, florzinha. Muito mesmo.

Ela continua ali, por mim. Tenho medo que descubra a verdade, tenho medo que me odeie por isso, tenho medo de perdê-la. Tudo isso por causa de um único cara que surgiu do nada, de repente.

Mas então ela diz:

— Te amo mais, mami.

E agora, só por agora, tudo é sobre isso. Diego finalmente entra no carro e diz que a seguradora já retirou meu carro e vão me entregar só daqui dois dias o que me faz lembrar que vou ter que gastar com transporte nos próximos dois dias.

Chegamos no CT e a Maju desce do carro e sai andando, ela já conhece esse lugar melhor do que eu. Sinto um par de olhos me encarando, e sei que ele quer perguntar, mas não sabe como.

— Promete que não vai contar pra ninguém? — peço mesmo sabendo que ele não faria isso.

— Só se você me explicar o que foi aquilo.

— É uma longa história...

— E eu tenho todo tempo do mundo Vi.

— Você tem treino agora.

— Não tenho, nosso treino hoje é a tarde, só chegamos cedo para comemorar o aniversário de vocês, então trata de ir abrindo essa boca logo.

— Nos conhecemos quando ele assinou contrato com o Flamengo, eu já trabalhava lá, tirava fotos dos meninos durante os treinos, jogos e coletiva de imprensa, acabamos nos envolvendo...
Por meses, era praticamente um namoro, ele conhecia meus pais, e todo mundo sabia, não era um segredo pra ninguém, então começaram a surgir alguns boatos, não só dele, mas meus também mas mesmo assim não perdíamos tempo com isso, nós dois sabíamos da verdade.

— E como foi que tudo desandou ?

— Bom, ele recebeu a notícia que seria emprestado, ficaria longe por um tempo mas mesmo assim prometemos um ao outro que isso não mudaria nada do que sentíamos ou do que tínhamos.

— Aparentemente alguma coisa mudou, certo ?

— Sim, uma semana antes dele viajar os boatos começaram a aumentar e eu estava me esforçando ao máximo, eu preferia acreditar nele, mas quando recebi algumas fotos dele com duas garotas, num quarto... Não eram mais só boatos, eram fatos e contra fatos não há argumentos, então eu terminei tudo.

— Ele não se explicou ? Ou tentou se defender ?

— Eu não falei que foi por conta das fotos, sabia que se eu falasse ele tentaria me convencer que não era verdade.

— Mas Vi...

— Isso não muda o que aconteceu depois Diego, alguns dias depois que terminamos eu descobri que estava grávida, eu mandei mensagem para ele, e a resposta dele anula qualquer explicação que ele pudesse me dar sobre as fotos.

— O que ele disse ?

Tirei o meu celular da bolsa e mostrei para o Diego o print que tenho guardado daquela mensagem.

— Que cuzão do caralho!

— Eu sei, então depois disso eu cortei todo e qualquer contato com ele, ainda fiquei alguns meses trabalhando no Flamengo e depois pedi pra sair, meus pais me ajudaram com o que foi possível e depois que a Maju nasceu eu voltei a trabalhar, e dois anos depois aceitei vim trabalhar aqui.

— Se eu já te achava incrível antes, agora nem se fala, você é uma mãe e uma mulher incrível Vi, foi ele quem perdeu. — ele diz e me abraça deixando um beijo no topo da minha cabeça.

— Obrigado Diego, mas por favor não conta pra ninguém, eu não quero expor a minha filha.

— É por sso que você nunca foi aos nossos jogos contra eles ?

— Sim, apesar de saber que ele estaria tão perto, eu tinha esperança de não precisar encontrar com ele.

— Tá tudo bem Vi, eu não vou contar pra ninguém, sabe que pode confiar em mim e que eu amo vocês duas.

— Nós também te amamos.

— Agora vai no banheiro melhorar essa cara, a essa altura do campeonato dona Maria Júlia já encontrou a surpresa de aniversário dela.

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