Vitória Almeida
Seus lábios tem gosto de uísque e problemas. É uma combinação estranha para adorar. Envolvo sua nuca, o trazendo mais para perto, e Richard arfa contra a minha boca, escorregando uma das mãos para o meu quadril, me trazendo para si. Nossos lábios se chocam com delicadeza mais uma vez. E de novo. E de novo...
Eu amo como se encaixam. Como partem. Como voltam a encaixar. É uma sequência viciante. Eu preciso de mais.
Arranho sua nuca, virando a cabeça para que tenha mais acesso à minha
boca, e ele entende o recado. Sua língua toca meu lábio inferior, implorando, demandando por acesso, e permito que se arraste por entre meus lábios, encontre a minha e foda a minha sanidade por completo.Acabo gemendo com o mero contato, porque é como se… Como se queimasse um pavio e de repente todo o caminho sob a minha pele se incendiasse. Sei que é recíproco porque Richard agarra o meu pescoço, assim que o som me escapa. A eletricidade que me percorre também o percorre. Tanto que meus dedos encontram os poros arrepiados da sua pele antes que eu os afunde nos fios curtos e macios que eu amo tanto.
Tenho vontade de chorar. De gritar. De rir. É muita coisa. Tanto que não sei explicar. Deveria ser errado, mas é certo. Não é um meio-termo, não é ambos, é apenas certo. Não tem nada que parece fora do lugar sobre esse beijo. Tudo parece milimetricamente calculado para ser perfeito. É caótico e calmo, desesperado e suave, perfeitamente imperfeito. Senti saudade disso. Dessa sensação insana de pertencimento com um beijo.
Só Richard me fez sentir isso. A vida inteira. É tão bom que reduz todas as barreiras no meu coração à pó e de repente estou me agarrando a todo e qualquer sentimento que me provoca.
Ele me beija como se meus lábios fossem um caminho necessário para conquistar a minha alma. Perigoso, devagar, sem pressa, buscando a melhor rota para me levar à loucura. E quando sua língua envolve a minha, quente e macia, antes de outro deslizar de lábios que me corrompe por completo, tenho certeza de que ele achou essa rota.Parece que a química entre nós me desmonta para me montar com ele. Como um quebra-cabeça necessário, predestinado. De repente somos um. E
somos bons para caralho. Ele mordisca meu lábio inferior, eu agarro sua camisa. Ele espalma a minha bunda e segura meu pescoço, eu sorrio antes de beijá-lo tão devagar quanto antes. Richard não tem só gosto de uísque e problemas. Tem gosto de saudade também. O suficiente para me queimar até que eu entenda o que é estar viva.— Vitória, me pede para parar.
— Não.
— Porra.
Ele me beija mais forte e minhas pernas ameaçam vacilar. Espalmo seu rosto e seu peito, sedenta por mais. E mais. E mais. Incrível como o beijo encaixou no primeiro segundo. Se não fosse pela saudade insuportável gritando para ser matada a cada pequeno movimento, eu diria que nunca paramos de nos beijar nos últimos cinco anos. Nos meus sonhos, não paramos. Mas ele não precisa saber disso.
Uma pulsação perigosa se concentra entre as minhas pernas, implorando por um toque. Dele, sempre dele. O desejo é desesperador, suplica por alívio, e parte de mim considera deixar que ele relembre seus efeitos sobre mim, descobrindo meu estado sob essa maldita calça. Arfo quando mordisca e puxa meu lábio inferior, tendo um vislumbre do seu sorriso cafajeste quando recuo e me choco contra a porta.
Rompo o beijo por falta de fôlego, me odiando por isso. Meus lábios formigam, inchados, e eu passo a língua por eles, sentindo o gosto de Richard. Abro os olhos devagar e encontro Richard me encarando, tão entorpecido quanto eu. Seus lábios estão vermelhos e inchados, seu cabelo bagunçado e ele ofega tanto quanto eu.
— Me diz que não se arrepende disso.
Acaricio seu rosto de novo, atenta a cada milímetro dele e como cada pedaço dele parece ter um pouco de mim depois de um mero beijo. Parece que me deixei por cada caos que o compõe. Tem sinais do nosso beijo na sua respiração, no seu sorriso, no seu olhar.
— Nunca — sopro.
Richard sorri. Como esperado, meu corpo inteiro se aquece.
— Nunca vai se arrepender ou nunca vai dizer?
— Primeira opção. Com um pouco da segunda.
Ele ri, tombando a testa em direção à minha. Meu coração acelera, implorando por mais. Mais da sua risada. Mais da sua boca.
— Quero te beijar de novo.
A frase reverbera na minha mente e eu fecho os olhos, roçando a boca na sua. Deus, parecemos incapazes de parar.
— Beija.
Ele obedece. E obedece. Até que para. Richard xinga e eu rio baixinho, sentindo algo contra o meu corpo. Bem, não sou a única sofrendo por aqui.
— Olhe nos meus olhos, eu sou seu, Vitória. Eu te amo, pode se acostumar com meus toques, pode se acostumar com meus beijos, você só precisa pedir. Eu não vou deixar nada te ferir. Não vou
deixar nada ferir a Maju. Pode confiar em mim.— É uma promessa perigosa — aviso. — Se prometer nos proteger e descumprir, pode nos perder pra sempre.
Ele assente, roçando o nariz contra o meu, e sua respiração acaricia a minha boca. É tentador. Beijar e confiar nele.
— Prometo da mesma forma. — Ele beija meu nariz. — Vou cuidar de vocês. Vou proteger vocês. Vocês estão seguras comigo.
Aproximo a boca da sua. Ele contorna meu lábio inferior com o polegar.
— Confia em mim?
— Não sei. Mas preciso relaxar, Richard.
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