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Richard Ríos

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Richard Ríos


— A tequila acabou! — Uma voz ao meu lado me desperta do transe e um sorriso lento escorrega pelos meus lábios.

Apareceu quem eu procurava.

— Bebeu a tequila sozinha, Vitória ? — Estalo a língua, em reprovação, ela por sua vez, estreita os olhos, se divertindo com meu tom de voz. — Que egoísta!

— Quase nem bebi, idiota. Mas dividi com quem gosto.

— E não gosta de mim? — Murcho os lábios, levando a mão ao peito.

Me debruço um pouco sobre a bancada, aproximando os lábios dos seus. Como esperado, ela fixa os olhos na minha boca. Ah, Vitória, você só precisa admitir que quer isso. Só uma vez. Eu sei que me quer.

— Não te odeio — diz, como se fosse um avanço enorme.

— Nem um pouco.

— Também não te amo.

— Não ? — Roço os lábios em sua bochecha, perto da sua boca, até arrastá-los para sua orelha. Escuto seu suspiro e rio baixinho contra seu ouvido. — Divida sua tequila comigo, amor. Me mostre como se diverte.

Desço o olhar para seus ombros, vendo-os arrepiados, e recuo só para
encarar seus olhos. Vitória morde os lábios, possivelmente me xingando por
saber cada um dos efeitos que causo nela. O bartender entrega outra garrafa
e ela a destampa, se aproximando com uma perversidade em seus olhos.
Conheço essa malícia. Senti falta para caralho dela.

— Dez segundos? — pergunta.

— Quinze, se quiser — retruco.

— Duvido.

— Ganho algo em troca se conseguir? — Ela passa a língua por entre os lábios.

— O que quiser. Se aguentar quinze segundos.

Afasto os braços.

— Todo seu, amor.

Permaneço sentado e Vitória pula em cima da bancada, erguendo o meu queixo. Encaro-a, de cima, sabendo que comanda cada pedacinho meu. Por ora.

— Abre a boca, jogador.

Obedeço. Ela sorri e roça o polegar em minha garganta e usa da mão livre para derramar o líquido. Contando. Os segundos se passam e todo o caminho que o álcool toca, queima. Quando ela diz “nove”, eu estou segurando o contato visual na esperança de que isso me distraia o suficiente para suportar. E eu suporto. Vitória ergue minha cabeça mais um pouco, para que eu engula, e eu fecho os olhos, sentindo sua respiração em meu ouvido.

— Surpresa que dure quinze segundos, Ríos.

Sorrio, abaixando a cabeça e pinçando seu queixo.

— Sabe que duro a noite toda, se quiser.

Ela bate de leve no meu queixo. Meu sorriso só cresce.

— O que eu quiser em troca dos quinze segundos, huh? — lembro e ela
permanece sobre a bancada, soltando um suspiro derrotado.

— O que você quiser.

— Verdade ou tequila — proponho. — Se não quiser responder algo, bebe.

— Querendo me deixar bêbada?

— Não, meu amor. Por incrível que pareça, eu quero que beba menos e
fale mais.

Ela estreita os olhos e eu levanto a mão, pedindo dois copinhos. O garçom nos entrega e Vitória preenche os dois, me encarando em seguida.

— Comece — peço.

— Maju está te ajudando a me conquistar? — ela é direta.

Viro um copinho. Ela enche de novo, me xingando baixo. Não é como se eu tivesse aceitado a ajuda da nossa filha, ele praticamente declarou que ajudaria.
Vitória aguarda, seus olhos brilhando em expectativa.

— Assistiu aos meus jogos nos últimos anos?

— Não.

Vitória sustenta o olhar e não vacila, porque não quer ser fraca.

— Quantas garotas fodeu nos últimos anos?

— Não estou contando.

— E não saberia contar.

— Não saberia. — Sou honesto e a vejo projetar o queixo para frente, soltando um riso amargo. — Com ciúmes? Então aqui vai uma… Quantos homens fodeu nos últimos anos?

— Três — ela responde, seca. — Namorei com dois deles.

Minha respiração se entala, queima minha garganta, meu peito… Tudo.

— Com ciúmes? — ela devolve, enchendo os copinhos, e eu estreito os
olhos. — Não esperava que eu reconstruísse minha virgindade esperando por você, certo? — Ela ri, em deboche. — Minha vez: o que sente por
mim?

Meus olhos não soltam os seus. O ciúmes irritante pelos três caras que a foderam no meu lugar vacila só um pouco e eu me aproximo.

— Agora ou no geral?

— Só responde, Richard.

Deixo a minha boca a milímetros da sua, sentindo sua respiração, seu perfume, o calor do seu corpo.

— No geral, Vitória, eu sou louco por você. Apaixonado. Te amo desde
que éramos só nós dois, gargalhando sob as cobertas, tapando sua boca para os seus pais não ouvissem o que eu fazia você gritar. — Ela engole em seco e eu movo uma mexa para atrás da sua orelha. — E agora eu estou num abismo fodido, na beira, implorando por qualquer incentivo para te beijar. Para pular no que só a sua boca tem.

Assisto sua garganta oscilar.

— Está atraída por mim?

Desvio o olhar pro copinho que segura. Se beber, Vitória confirma. E ela não pode responder para negar, pode? Sua boca abre, meu coração dispara, bem no momento em que as luzes da festa simplesmente se apagam. Uma série de resmungos e reclamações disparam por toda a parte.

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