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Richard Ríos

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Richard Ríos

Maria Júlia passou a semana inteira dizendo para que eu vestisse algo azul para essa festa. Eu nem tinha certeza se viria. Digo, queria vir. Queria para caralho. Mas eu estava meio recioso de me sentir deslocado, já que nenhum outro jogador tinha sido convidado. Ah, porra, que se foda. Deslocado ou não eu viria, não é mesmo?

Afinal, é Vitória Almeida. É uma chance de ver Vitória, chamá-la pra dançar ou provocá-la até que me dê um daqueles tapas inofensivos ou um sorrisinho prepotente enquanto revira os olhos. Eu perderia mesmo essa chance? Não! Claro que não.

Principalmente depois do puxão de orelha (literal) que o Veiga me deu quando falei que estava totalmente focado em Maju e ele me disse que eu poderia reconquistar os dois, de vez, e que ganhar o coração de um ajudaria a conquistar o outro.

Meu ponto é: ainda assim, eu estava inseguro. E sabe quantas vezes eu me senti inseguro? Poucas. E quase
todas elas se relacionam a essa única mulher. De qualquer modo, depois de uma hora olhando para as minhas roupas para decidir o que vestir, eu olhei para a camisa azul e pensei “é isso”.

Eu tinha que honrar Maju de alguma forma, afinal, ela é meu maior apoio nisso. E acho que funcionou, Vitória estava de costas, seu cabelo castanho se movendo de um lado para o outro, permitindo a visão parcial de uma tatuagem entre as escápulas, pelo
seu top costas nuas. Parecia uma linha de pequenas luas em diferentes fases, mas não tenho certeza. Não fazia ideia de que tinha uma tatuagem.

Muito menos esperava encontrá-la gostosa pra caralho, com calças pretas justas e um top de mesma cor, mexendo a bunda com uma garrafa de tequila,
cantando.

De novo: gostosa. Pra. Caralho.

A mulher descia devagar até o chão, curtindo completamente a vibe da
música, e nada nunca foi mais quente do que isso. Principalmente porque essas calças, cobrindo essa bunda… Deveria ser proibido mexer com o coração dos outros dessa forma. E digo que vestir azul funcionou porque ela parou, devagar, conforme me viu e… Sabe, Vitória Almeida definitivamente não sabe disfarçar quando come alguém com os olhos.

— Papai Demônio! — Karen diz e tenho certeza que ela está bêbada.

Subitamente algumas pessoas da casa me encaram e sinto vontade de
morrer. Vitória, incrédula, me encara quase sem piscar. Deixo que Karen me abrace, ciente de que vou provocá-la quanto a isso amanhã.

— Você está bem ruim em. — Brinco de volta, mas meu olhar escorrega por Vitória e seu olhar se prende em mim de volta. — Oi, mamãe urso!

— Não hoje — Vitória garante, piscando, e eu me aproximo dela, finalmente.

Vim para cá com essa intenção. Não era como se eu fosse ficar um segundo sequer brincando pela festa, sem ir direto ao ponto. Mesmo tendo idealizado e me preparado mentalmente pra estar aqui, hoje, diante dela; meu corpo inteiro, hiperconsciente da sua presença, se torna tenso. Mais baixa, Vi ergue a cabeça para me ver melhor e eu bato
dois dedos na tequila.

— Posso?

Sua garganta oscila. Lembro de todas as vezes que bebemos juntos. Ou fizemos o outro de copo. Bons tempos. Tempos que ela deve recordar, pelo brilho nos seus
olhos.

— Memórias, Vitória ?

— Consegue ficar dois segundos sem flertar, jogador?

— Não perto de você, mi amor.

Me aproximo um pouco mais, batucando a garrafa duas vezes. De novo.

— Posso? Ou prefere me fazer beber?

Ela me dá um meio sorriso. Acabei de chegar e não perdi tempo. Fico feliz em ver que azul ainda é sua cor favorita, porque parece me foder mentalmente entre cada piscar de olhos.

— Essa é minha, jogador. Consiga a sua própria bebida.

Eu rio baixinho, beijando a sua bochecha, perto da sua boca.

— Me interesso apenas pela sua. Mas até o fim da noite consigo o que quero.

Vitória estremece e eu sorrio, me afastando e acenando para o bar com a
cabeça.

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