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Richard Ríos

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Richard Ríos

Sua boca quente e gostosa pra caralho envolve o meu pau sem parar. Seus olhos não largam os meus e eu jamais vou superar a visão de Vitória de
quatro, engatinhando em minha direção, alinhando meu pau em sua boceta antes de … estapear a minha cara?

Uno as sobrancelhas, confuso. Ela dá mais tapinhas. Fecho os olhos. Quando abro de novo, Vitória está enrolada no cobertor, em cima de mim.

— Acorda. Acorda, Richard. Acorda, demônio maldito, porra, caralho,
acorda.

Meu Deus, era um sonho?

Tiro sua mão do meu rosto, confuso com esses tapinhas irritantes. Era um sonho.

— Mas… Que porra?!

— São sete e dez!

Arregalo os olhos.

— Esquecemos do alarme.

— Parabéns, gênio!

Levanto, olhando para baixo, me dando conta de que estou duro. Muito
duro. Vitória olha para meu pau e para mim.

— Impressionante, né? Nem o elogiou ontem, ele ficou triste.

— Primeiro: para de elogiar o seu próprio... "amigo". Segundo: ele não tem
sentimentos. Terceiro: veste alguma coisa!

— Elogia ele primeiro.

— Richard!

— Sério, olha pra ele! — Seus olhos caem no meu "amigo" por um momento, como se não acreditasse que essa conversa está rolando. — Enorme, fala aí.

— Richard. Eu sei que é enorme. Essa porra me engravidou. Dá para
focar?! — Pisco, lisonjeado e feliz em irritá-la só um pouco. — Tem roupas
do Diego em algum lugar — ela diz, abrindo os armários, ainda enrolada
no cobertor.

— Você tem roupas do Diego aqui?

— É o padrinho da minha filha.

— Você tem roupas dele. No seu quarto.

— Para de ciúmes.

— Não dá, porra. — Ela rola os olhos ao se virar, segurando um conjunto de moletom. — Por que você tem roupas dele aqui?

— Porque transamos gostoso nessa cama antes de você vir — ela provoca, impaciente. — Porque ele já dormiu aqui, uma vez, quando Maju estava doente. Na sala. Mas trouxe roupas. E esqueceu duas ou três mudas por aqui. Satisfeito?

Longe de estar satisfeito. Pior ainda quando ela choca as roupas dele no meu peito. Vitória me encara, esperando que eu aceite.

— Ele vai me odiar se me ver vestindo as roupas dele.

— Duvido que reconheça. E você precisa estar pelo menos apresentável pra cair fora, tomar um banho e correr para o CT. Além do mais, é interessante esse enemies to lovers entre vocês dois. Talvez usando as roupas dele, Diego se apaixone de volta mais rápido.

— Hilária.

— Não sou? — Ela pisca algumas vezes. — Agora se veste.

— Mamãe?! Está falando sozinha?

Maria Júlia.

— Veste — Vitória ralha e eu obedeço, o mais rápido que posso.

Ela corre para o banheiro, abrindo o chuveiro.

— Estou prestes a tomar banho, florzinha. Vai escovar os dentes, já cuido de você! — ela grita, retornando e me ajudando a me vestir, enquanto tenta manter o cobertor  debaixo dos braços. Como se eu não tivesse visto esse corpo nu.

Disse que ela estava dormindo na vizinha. — falo.

— Estamos atrasados, ela acordou, acontece.

— Espera, como vou sair?

Ela olha para atrás de mim e eu demoro para entender. Engasgo, apontando com o polegar para trás.

— Você quer que eu pule a janela? — sussurro, me segurando para não
gritar.

— Você tem alguma outra ideia? E não é para pular seu idiota, apenas se esconda na sacada.

— Tomar um banho, vestir minha roupa e explicar a situação como a porra de um adulto?

Ela dá um peteleco na minha testa, arregalando os olhos.

— Para uma criança de quatro anos?

Merda.

Abro a porta de vidro, sem crer que estou fugindo do quarto da minha ex namorada, mãe da minha filha, dessa forma. O problema é que a maçaneta
gira e Vitória me puxa, me agachando e me jogando debaixo da cama o mais
rápido possível. Bato a cabeça na madeira acima de mim e ela bate o pé nos  meus, me mandando rastejar.

— Ei, florzinha!

Meu nariz coça. Maldita hora para a rinite atacar.

— Mami… Tem pés debaixo da sua cama?

— Não.

— Você tá segurando o cobertor porque…?

— Sim. Isso. O cobertor. Eu… D-Dormi sem roupa. Estava calor.

Silêncio. Franzo o nariz. Se eu segurar a respiração eu não espirro, certo?

— São os pés do meu papai ?

— Não.

Espirro.

— Sim — Vitória se corrige.

Saio de debaixo da cama, rastejando como uma cobra, no momento mais
patético da minha vida. Vejo Vitória segurando o cobertor e a ponta do nariz,
mal respirando.

— Bom dia, gatinha.

— Bom dia, papai. Dá bom dia pra ele, mamãe.

— Bom dia, Richard.

Espirro de novo.

O silêncio se prolonga por mais um tempo, com Maria Júlia na frente da porta, me encarando com as roupas do Diego e Vitória enrolada num cobertor.

— Maju. Escovar os dentes. — lembramos, em uníssono.

— Ah, é.

Ela corre e eu apoio a cabeça na cama. Vitória suspira, olhando pro teto. E eu não sei quem gargalha primeiro. Muito menos quanto tempo rimos juntos.

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